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Da esquerda à direita, uso do termo “identitarismo” produz  reducionismo grosseiro da questão racial 

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Foto: Freepik

Entendo que o uso do termo “identitarismo” por parte de pessoas brancas, e, por vezes,  também por pessoas negras, de ambos os espectros políticos, refere-se não só ao debate sobre racismo, mas também aos debates sobre gênero e orientação sexual. Mas aqui, irei me ater a crítica ao “identitarismo racial”.

Por parte da direita e da extrema direita, a “crítica” ao “identitarismo racial” surge amparada pelo discurso da democracia racial e do foco no esforço individual. Ou seja, todos têm as mesmas oportunidades, basta apenas trabalhar mais e deixar de “mimimi”. Este discurso por parte dos direitistas produz uma ideologia  desracializada das relações sociais, como se eles, ao produzirem este discurso, não estivessem defendendo a si próprios e seus privilégios raciais. É flagrante que o discurso produzido pela extrema direita faz apologia aos valores ocidentais, ao cristianismo, à estética branca e à visão de mundo dos brancos. Neste discurso, eles escondem seus privilégios raciais numa suposta “meritocracia” e uma “superioridade natural” da cultura ocidental.

Foto: Freepik

Os brancos possuem identidade racial e militam por ela o tempo todo. Mas como o usual é dizer que o problema do racismo é o problema do negro, o branco se invisibiliza racialmente fazendo com que qualquer reinvindicação básica para população negra seja vista como apelo ao discursos divisivo de raça. No caso dos muitos brancos da esquerda brasileira, a crítica ao “identitarismo” está ancorada na premissa de que esta discussão tira o foco dos verdadeiros problemas da classe trabalhadora: emprego, renda e o enfrentamento ao capitalismo. Aproveito para dizer que não existe classe trabalhadora sem negros.

Como nos lembra Cida Bento, o trabalho lança raízes no Brasil com a chegada de africanos escravizados. Portanto, a raça atravessa todas as discussões importantes do país, seja  econômica, seja  saúde ou educação. O trabalhador e trabalhadora precarizados tem cor, os dependentes do SUS tem cor, os analfabetos têm cor, a pobreza e a riqueza possuem colorações distintas. Em suma, um discurso político que não leve em conta a cor e as implicações desta para a maior parte da população sequer deveria merecer crédito, pois do contrário ele continuará produzindo precarização para os mesmos de sempre.

Paulo André conquista vaga para as Olimpíadas de Paris: “Consegui com muita dedicação e muito esforço, é árduo, não é fácil”

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Foto: Wagner Carmo

O atleta Paulo André Camilo, que participou do Big Brother Brasil 22, vai representar o Brasil nas Olimpíadas de Paris 2024. O velocista confirmou a classificação na prova dos 100m rasos. 

A vaga olímpica foi confirmada nesta terça-feira, quando a World Athletics finalizou o ranking olímpico, considerando as pontuações dos atletas no ranking mundial. Com isso, mais 22 vagas foram asseguradas para os atletas brasileiros, incluindo Paulo André, somando-se aos 15 que já haviam atingido o índice para os Jogos Olímpicos de Paris-2024.

“Na última Olimpíada, fui pelo índice, mas nessa eu não consegui. Eu tava depositando minha confiança no Troféu Brasil, mas tive a lesão. Mas consegui a vaga pelo ranking, consegui competir nas competições-chave pra pontuar e consegui essa vaga. Consegui com muita dedicação e muito esforço. É árduo, não é fácil”, declarou Paulo André. “Todo mundo pensa que é só botar o tênis e sair correndo e não é. Essa é uma vaga muito disputada. Tô muito feliz, confiante e motivado pra estar em Paris”.

Os Jogos Olímpicos terão início em 26 de julho de 2024 e se estenderão até 11 de agosto de 2024. Esta edição marcará a terceira vez que Paris sedia as Olimpíadas, tendo anteriormente acolhido o evento em 1900 e 1924.

Benedita da Silva diz que medidas judiciais estão sendo tomadas contra Carla Zambelli, que a chamou de “Chica da Silva”

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Fotos: Divulgação e Michel Jesus/Câmara dos Deputados

A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) afirmou que medidas judiciais já estão sendo tomadas contra a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), que a chamou de “Chica da Silva” durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais, na terça-feira, 2 de julho.

“Estava ali como coordenadora geral do encontro, preocupada com o encontro. Quando eu soube, já tinham tomado providências na Câmara, o PT já tinha se manifestado com uma nota de repúdio, e as mulheres (do evento) já estavam também se posicionando nos seus núcleos. Eu acredito que ela terá a correção necessária, se jurídica, se política, mas já tomaram providência. Eu acho que isso ela vai ter que responder, porque já tem gente entrando com ações”, disse Benedita em entrevista ao O Globo.

Obrigada a todo mundo que prestou solidariedade e mandou lindas mensagens. Estou nessa vida política há mais tempo do que essa deputada tem de vida. E cheguei até aqui com respeito, trabalho e muita luta”, completou.

Nas redes sociais, Zambelli reclamou que não poderia falar na Reunião de Mulheres Parlamentares do P20, que ocorreu em Maceió (AL), quando citou a Benedita. “Eu não vou ter poder de fala, né? Eu não vou falar porque provavelmente… não sei porque que eu não vou falar. Parece que já foi montada pela secretaria da Mulher, que é a Chica da Silva”, disse em referência a ex-escravizada brasileira.

A fala com cunho racial foi duramente criticada pelo Partido dos Trabalhadores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ministros e entidades. “Ao fazer esta comparação com a personagem histórica, uma mulher negra escravizada e alforriada, Zambelli se utiliza do racismo para tentar constranger e humilhar a deputada Benedita. A trajetória de Benedita da Silva, a nossa Bené, é orgulho para as mulheres, para o povo negro e os trabalhadores de nosso país”, disse a legenda do PT. 

O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, destacou a trajetória da parlamentar e prestou apoio neste momento. “A deputada Benedita da Silva é uma das maiores referências da política nacional. Uma inspiração para homens e mulheres que lutam por um país democrático, desenvolvido e sem racismo”, disse.

Em nota enviada ao jornal Correio, a assessoria de Carla Zambelli afirma que houve um equívoco e confundiu o nome da deputada. “Imediatamente quando percebeu o ocorrido, Zambelli apagou a publicação de suas redes e se desculpou com a deputada Benedita. A conversa foi amigável e houve compreensão da situação”, afirma.

Michelle Obama é a única com chances de vencer Trump na eleição, aponta pesquisa

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Foto: Andrew Harnik/AP

Apenas a ex-primeira-dama Michelle Obama teria chances de vencer a presidência na eleição dos Estados Unidos contra Donald Trump, aponta o levantamento da agência de notícias Reuters e do instituto de pesquisas Ipsos divulgado nesta terça-feira (2).

Segundo a pesquisa, em um cenário hipotético, a vice-presidente Kamala Harris aparece em empate técnico com Trump, resultado similar ao de Joe Biden. Se o governador da Califórnia, Gavin Newsom, se candidatasse teria 39%; e Trump, 42%. Enquanto a Michelle Obama venceria com 50%.

Os dados também apontam que um em cada três eleitores democratas acha que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deveria desistir da corrida eleitoral.

Embora Michelle Obama já tenha dito que não tem intenção de concorrer à presidência, seu nome foi um dos levantados por membros do Partido Democrata para substituir Biden. Eles têm pressionado para que Biden desistisse da reeleição, desde o desempenho ruim do presidente no primeiro debate das eleições de 2024, realizado na semana passada, contra o republicano Donald Trump.

No domingo (30), apesar da pressão dos colegas do partido e após discutir o assunto com sua família, Joe Biden decidiu permanecer na disputa. Tanto Biden, como Trump, mantêm o apoio de 40% dos eleitores registados.

Os democratas devem confirmar Biden como candidato à reeleição durante a convenção do partido, entre 19 e 22 de agosto. As eleições ocorrem no dia 5 de novembro.

Michelle Obama ainda não se pronunciou sobre a pesquisa. Já Barack Obama, seu marido e ex-presidente dos EUA, defendeu a permanência de Biden após o debate. 

“Um Tira da Pesada 4”: Após 30 anos, Eddie Murphy retorna ao papel icônico com muita energia e nostalgia 

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Foto: Courtesy of Netflix © 2024

O icônico detetive está de volta! Após 30 anos desde que foi lançado ‘Um Tira da Pesada 3’, Eddie Murphy retorna no papel principal em ‘Um Tira da Pesada 4: Axel Foley’, para novas aventuras eletrizantes em Beverly Hills. A comédia policial estreia na Netflix nesta quarta-feira, 3 de julho.

Embora tenha passado quatro décadas desde que Eddie Murphy lançou o primeiro longa da franquia, com 22 anos à época, o ator ainda revigora a energia de um policial rebelde que não segue as regras da corporação, mantendo a mesma essência empolgante, apesar de ter menos cenas saltando e correndo em perseguições. 

Eddie Murphy como Axel Foley e Taylour Paige como Jane Saunders (Foto: Melinda Sue Gordon/Netflix © 2024)

Neste quarto filme, Axel Foley descobre que a sua filha Jane (Taylour Paige), uma advogada criminal, está em apuros por se envolver em um caso perigoso. Os dois não se falam há anos e o pai só fica sabendo do que está acontecendo ao ser procurado por Billy Rosewood (Judge Reinhold). O personagem também retorna no quarto filme, junto com o John Taggart (John Ashton), seus dois companheiros de longa data. 

Assim como nos filmes anteriores, ambos serão cruciais para ajudar Foley, mas desta vez, a cidade vai ficar pequena com mais um detetive que deixará as regras de lado, o Bobby Abbott (Joseph Gordon-Levitt). Ele está tão interessado em proteger a Jane quanto o pai. 

John Ashton como John Taggart, Eddie Murphy como Axel Foley e Judge Reinhold como Billy Rosewood. (Foto: Melinda Sue Gordon/Netflix ©2024)

Conforme foi sendo lançado cada filme, Eddie Murphy foi acrescentando mais piadas relacionadas à questão racial, mesmo que de forma indireta. Já em Um Tira da Pesada 4: Axel Foley, logo no início, o detetive surge contando piadas sobre a diferença entre homens negros e brancos, e o elenco ainda conta com mais atores e figurantes negros. 

Além disso, desde o terceiro filme, as mulheres também são destacadas de uma forma mais representativa. No novo filme, pela primeira vez, policiais femininas ganham espaço na comédia, e a própria Jane, filha de Foley, é uma advogada respeitada. Diferente dos dois primeiros filmes, que focam em boates de strip tease com mulheres nuas. 

Eddie Murphy como Axel Foley e Paul Reiser como Jeffrey Friedman (Foto: Cortesia da Netflix © 2024)

Com muita ação, aventura e humor, quem é fã de ‘Um Tira da Pesada’, não pode perder esse retorno espetacular que traz muita nostalgia com cenas referências da franquia e a música tema Axel F. 

‘Não! Não Olhe’, filme de Jordan Peele, chega ao streaming em julho; saiba como assistir

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Fptp: Universal Pictures.

O aclamado e bem sucedido filme “Não! Não Olhe” finalmente ganhou data para estrear no Brasil em formato de streaming. A obra de Jordan Peele será lançada no próximo dia 8 de julho, disponível para assinantes, na plataforma Prime Video.

Conhecido por seus trabalhos anteriores, como “Corra!” e “Nós”, Peele mais uma vez explora temas sociais profundos através do prisma do horror, proporcionando uma experiência cinematográfica única e provocante.

A trama de “Não! Não Olhe” segue a história de OJ Haywood (Daniel Kaluuya) e sua irmã Emerald (Keke Palmer), que administram um rancho de cavalos em uma área rural da Califórnia. Após a misteriosa morte de seu pai, eles começam a testemunhar fenômenos inexplicáveis nos céus ao redor do rancho. Com a ajuda de Angel Torres (Brandon Perea) e do cineasta Antlers Holst (Michael Wincott), os irmãos tentam capturar evidências desses eventos sobrenaturais.

Assim como em seus filmes anteriores, Jordan Peele utiliza “Não! Não Olhe” para abordar questões sociais e culturais. A história toca em temas como a exploração da natureza, a busca incessante pela fama e a forma como os humanos lidam com o desconhecido. Através de metáforas e simbolismos, Peele desafia o público a refletir sobre a maneira como interagimos com o mundo ao nosso redor e as consequências de nossas ações.

Serena Williams virá ao Brasil para palestrar sobre liderança, empreendedorismo e inovação

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Foto: Getty Images / Vanity Fair

A empresária e lenda do tênis Serena Williams já tem data para retornar ao Brasil. A estrela foi confirmada como palestrante do iFood Move, maior encontro para restaurantes da América Latina, nos dias 25 e 26 de setembro no São Paulo Expo.

Com 23 títulos de Grand Slam e quatro medalhas de ouro olímpicas, Williams estabeleceu novos padrões de excelência e ampliou a visibilidade e o apelo do tênis feminino mundialmente. No iFood Move, a estrela fará uma palestra inspiradora sobre liderança, empreendedorismo, inovação e resiliência, alinhando sua experiência esportiva e empresarial com as necessidades do setor de restaurantes.

“A presença de Serena Williams no Move é uma fonte de inspiração para o setor de restaurantes. A trajetória de determinação espelha valores fundamentais para a prosperidade de negócios em geral. Serena não é só uma atleta fenomenal, ela é uma líder que demonstrou como enfrentar adversidades com coragem e integridade. Sua palestra no Move vai além do esporte, oferecendo lições sobre liderança, resiliência e a busca incansável pela excelência”, diz Arnaldo Bertolaccini, Vice-Presidente de Restaurantes do iFood.

Foto: GettyImages

Com ingressos já disponíveis para compra (CLIQUE AQUI), a expectativa é reunir no iFood Move 2024 cerca de 10 mil empreendedores e pessoas interessadas na troca de experiências e novidades do universo das entregas por aplicativo. Com mais de 60 horas de conteúdo distribuídas em seis palcos simultâneos, o evento abordará temas como empreendedorismo, liderança, inovação, tendência e experiência do consumidor, crescimento e  os principais caminhos para o futuro do setor, incluindo o uso da Inteligência Artificial nos negócios.

Além de Serena Williams, o iFood Move contará com uma série de palestras e painéis de discussão com figuras proeminentes como os chefs Rodrigo Oliveira (Restaurante Mocotó) e Janaina Torres (eleita melhor chef do mundo em 2024), Jay livingston, CMO do Shake Shack e especialistas como Nathalia Arcuri (Canal Me Poupe) e Luís Justo (CEO do Rock in Rio), entre muitos outros, nacionais e internacionais.

Serviço:

  • Data: 25 e 26 de setembro
  • Local: São Paulo Expo – Rodovia dos Imigrantes, 1,5 km – Vila Água Funda, São Paulo
  • Ingressos: À venda a partir de 1º de abril

Mais informações: https://www.ifoodmove.com.br/

Nossa Senhora do Rosário dos Pretos celebra 125 anos de elevação da Irmandade dos Homens Pretos à Venerável Ordem Terceira

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Foto: Reprodução

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho, Salvador, celebrou na manhã desta terça-feira, 2, os 125 anos da elevação da Irmandade dos Homens Pretos à categoria de Venerável Ordem Terceira. A cerimônia, que começou às 6h com o Repique dos Sinos e queima de fogos, contou com uma missa em Ação de Graças às 7h, presidida pelo capelão, Cônego Lázaro Muniz.

A data marca um acontecimento significativo na história da Irmandade dos Homens Pretos, fundada em 1685. Desde a elevação à categoria de Venerável Ordem Terceira, em 1899, a confraria dos irmãos pretos tem se destacado como uma das primeiras a integrar oficialmente a estrutura da Igreja Católica no Brasil, consolidando-se como uma instituição de resistência e preservação da cultura e fé afro-brasileira.

Fundada há 338 anos, a Irmandade dos Homens Pretos foi uma resposta às restrições impostas aos negros, tanto escravizados quanto libertos, no período colonial. Em 1704, com a construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, na então Rua das Portas do Carmo, os membros da irmandade buscavam não apenas um espaço para celebrações religiosas, mas também um local de encontro e organização social. Essa igreja, agora popularmente conhecida como Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, tornou-se um símbolo da resistência negra.

O conjunto arquitetônico da igreja, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938, reflete a riqueza da arte sacra dos séculos XVIII e XIX. A fachada azul, evocando o manto de Nossa Senhora do Rosário, é apenas o início de um percurso que inclui azulejos portugueses narrando histórias da devoção a Nossa Senhora e a São Domingos.

Os fiéis que compareceram à celebração também participaram da homenagem aos heróis da Independência da Bahia ou Independência do Brasil na Bahia, celebrada também no dia 2 de julho de 1822, simbolizada pela passagem dos Caboclo e Cabocla, reforçando a ligação da igreja com a história de resistência e liberdade da Bahia.

Estudo inédito revela que 6 em cada 10 crianças e adolescentes vítimas de estupro no Brasil são negras

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Foto: Reprodução

Um estudo inédito do Núcleo de Estudos Raciais do Insper revela que crianças e adolescentes negras representam cerca de 40% dos casos registrados de estupro no Brasil, o dobro da incidência entre meninas brancas, que são 20% das vítimas. Esses números são especialmente alarmantes, considerando que as meninas negras correspondem a apenas 13% da população, segundo o Censo de 2022.

A análise, baseada em dados do Sistema Nacional de Atendimento Médico (SINAM) do Ministério da Saúde, aponta que 6 em cada 10 registros de estupro no país envolvem vítimas com menos de 18 anos. Além disso, a proporção de mulheres pretas e pardas vítimas de estupro tem aumentado nos últimos anos. Em 2010, 3 em cada 10 vítimas eram crianças e adolescentes negras, enquanto em 2022 essa proporção subiu para 4 em cada 10.

Os resultados mostram que as mulheres negras são a maioria das vítimas de estupro em todas as faixas etárias, numa proporção de aproximadamente 2 para 1 em comparação com as mulheres brancas. Entre as crianças e adolescentes, a diferença é ainda mais marcante: as vítimas negras eram 50,6% em 2010 e passaram a ser 61,9% em 2022. No mesmo período, as vítimas brancas caíram de 34,6% para 30,8%.

Em termos gerais, o número de registros de estupro no Brasil aumentou de 7.617 em 2010 para 39.661 em 2022. Neste contexto, a porcentagem de vítimas negras cresceu de 48,4% para 60%, enquanto a de vítimas brancas caiu de 38,1% para 33,3%.

O pesquisador Alisson Santos, um dos autores do estudo, aponta a maior vulnerabilidade social das mulheres negras como uma das causas dessa desproporção. Ele ressalta que a subnotificação do crime é um grande desafio, especialmente quando se trata de crianças e adolescentes, cujas denúncias dependem muitas vezes de um adulto para avançar. “A notificação é mais difícil porque depende da decisão de um adulto de dar crédito à vítima e levar o caso adiante”, afirma Santos.

A pesquisa indica que políticas públicas específicas e a coleta de dados com recorte racial são fundamentais para enfrentar essas desigualdades. “O aumento no número de casos notificados entre as vítimas negras de 2010 a 2022 é significativo, e ignorar a discriminação racial só agrava a situação”, alerta Juliana Brandão, pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Em entrevista recente para o site Mundo Negro, a a advogada especialista em crimes de gênero, direito antidiscriminatório e feminicídios, Fayda Belo, explicou porque meninas negras podem ser as maiores vítimas caso o PL 1940/24, que equipara aborto depois de 22 semanas a homicídio, seja aprovado: “Mais da metade dessas meninas vítimas de estupro de vulnerável são meninas negras, o que demonstra que esse projeto de lei é claramente misógino, mas também tem cunho racista, já que visivelmente duplamente penalizará em sua maioria meninas negras violentadas sexualmente. É preciso lembrar que as violências mais graves, segundos os dados, são praticados contra mulheres e meninas negras, que é claramente o grupo mais vitimizado”.

Julho das Pretas: 4ª Seminário das Pretas Acadêmicas na UFPR destaca produção intelectual de pesquisadoras negras

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Estão abertas até 5 de julho as inscrições para a 4ª edição do Seminário Pretas Acadêmicas – Trajetórias, promovido pela Superintendência de Inclusão, Políticas Afirmativas e Diversidade (Sipad) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O evento, que ocorre nos dias 26 e 27 de julho, tem como objetivo dar visibilidade às pesquisas de mulheres negras no meio acadêmico e será realizado de forma híbrida, com atividades presenciais no campus Rebouças da UFPR, além de ter transmissões online para participantes de fora de Curitiba.

A iniciativa busca reunir pesquisadoras negras para compartilhar suas investigações e experiências, contrapor a invisibilidade acadêmica e celebrar as conquistas de mulheres negras na ciência e nas humanidades. Para participar, é necessário enviar um resumo da pesquisa em andamento ou concluída em qualquer nível de formação superior. “Nosso objetivo é promover o encontro de estudantes e pesquisadoras pretas e fomentar a produção intelectual, acadêmica e ativista de mulheres negras. Queremos prestigiar o trabalho acadêmico de mulheres pretas tanto do Paraná quanto de outros estados”, afirma Silvia Maria Lima, coordenadora do evento e doutora em Educação pela UFPR.

Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) indicam um crescimento significativo da presença de mulheres negras nas universidades brasileiras. Em 2006, elas representavam 28% dos estudantes bolsistas do Prouni nos dez cursos mais procurados do ensino superior. Em 2020, esse percentual aumentou para 38%. Segundo Silvia, “queremos mostrar que o movimento de mulheres negras na universidade é relevante e vem ganhando espaço. Sabemos que estamos longe do ideal, mas hoje temos muitas mulheres ganhando destaque na pesquisa”.

A programação do Seminário inclui 15 Grupos de Trabalho (GTs), cobrindo uma ampla gama de temas como educação, literatura, comunicação, design e relações de trabalho, entre outros. Além de debates e apresentação de pesquisas, o evento emitirá certificados de extensão às participantes e planeja publicar um material compilado das discussões. “Pesquisadoras poderão inscrever trabalhos que estão em fase inicial ou em andamento, pois será um excelente momento de troca de ideias, e aquelas que já concluíram também são muito bem-vindas. Queremos ouvi-las, dar protagonismo às pesquisas”, destacou Silvia.

O Seminário contará com mesas de abertura que trarão figuras proeminentes do ativismo negro. Entre elas, a deputada federal Carol Dartora, que apoia o evento via emenda parlamentar; Joana Célia Passos, vice-reitora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); e Letícia Leobet Florentino, socióloga do Instituto da Mulher Negra Geledés.

O evento faz parte do Julho das Pretas, um movimento estadual que desde 2019 busca destacar o protagonismo das mulheres negras no Paraná. “Convidamos às pesquisadoras negras a inscreverem seus trabalhos, e à comunidade em geral a participar, ouvir e assistir aos debates propostos. Queremos dialogar com a sociedade a partir da perspectiva das mulheres negras. Temos muito a contribuir”, conclui Silvia.

Serviço:

IV Seminário das Pretas Acadêmicas

Data: 26 e 27 de julho de 2024

Inscrições de trabalhos: até 05 de julho

Para acessar os GTs e mais orientações: https://sipad.ufpr.br/pretasacademicas2024/

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