A jornalista soteropolitana Midiã Noelle Santana anunciou recentemente a produção do seu primeiro livro, uma obra inédita sobre a comunicação antirracista, pela editora Planeta dos Livros. O lançamento está previsto para o primeiro trimestre de 2025.
Com uma trajetória notável na mídia, o trabalho da escritora no campo da comunicação antirracista tem sido amplamente reconhecido, levando-a a ser, por exemplo, incluída na lista Bantumen das 100 pessoas mais influentes dos países lusófonos.
“Nos meus 16 anos como jornalista, aprendi muito sobre como a comunicação é fundamental para garantir dignidade às vidas das pessoas. Foram muitos os caminhos percorridos: jornal impresso, Nações Unidas/ONU, movimento social, sobretudo negro e feminista negro, e governo. Neste que será o meu primeiro de muitos filhos como escritora, irei reunir esses aprendizados, percepções e estratégias de uma forma inédita e amorosa”, destaca Midiã, que assinou o contrato com a Editora Planeta na semana passada.
A comunicadora, que é mestra em Cultura pela Universidade Federal da Bahia e mestranda em Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas, é fundadora do Instituto Commbne, que pauta comunicação, inovação, raça e etnia. Entre seus feitos, recentemente, criou o prêmio Jacira da Silva, para premiar mídias negras, em parceria com o Instituto Afrolatinas.
Criada em bairros periféricos de Salvador, Midiã foi uma das criadoras da editoria Correio Afro no Jornal Correio, na Bahia, onde ainda apresentou o programa “Conexões Negras” entre 2020 e 2022. Atualmente, ela é consultora da UNESCO e está à frente da elaboração do Plano Nacional de Comunicação Antirracista na administração pública, para o governo federal.
Com passagens por diversas agências das Nações Unidas, como UNFPA e PNUD, ela realiza formações especializadas em comunicação antirracista desde 2019, atendendo empresas públicas, privadas, o terceiro setor e a sociedade civil.
No último domingo, 01, Will Smith foi anunciado como uma das atrações internacionais que irão se apresentar no palco Sunset do Rock in Rio, no Rio de Janeiro, dia 19 de setembro. O anúncio surpreendeu uma parte do público, principalmente os mais jovens que não acompanharam a trajetória musical do artista, que começou a carreira como rapper vencendo inúmeras premiações no mundo da música.
A carreira de Will Smith começa com a dupla de hip-hop DJ Jazzy Jeff & The Fresh Prince, composta por Will, no pseudônimo de Fresh Prince, e por seu amigo de infância DJ Jazzy Jeff(Jeffrey Townes) que em 1987 lançou seu primeiro álbum Rock the House. Eles seguiram com o álbum He’s the DJ, I’m the Rapper (1988), que se tornou um dos primeiros de hip-hop a alcançar a certificação de platina múltiplas vezes. Este álbum inclui o hit “Parents Just Don’t Understand”, que lhes rendeu um Grammy, sendo o primeiro Grammy concedido na categoria de Melhor Performance de Rap em 1989.
Outro grande sucesso foi “Summertime”, lançado em 1991 no álbum Homebase, e que garantiu mais um Grammy para a dupla. Nos anos 1990, Will Smith também iniciou sua carreira solo, paralelamente à sua ascensão como ator na série de TV “The Fresh Prince of Bel-Air”, que durou seis temporadas e também teve o amigo Jeffrey Townes no elenco. Em 1997, o artista lançou seu primeiro álbum solo, Big Willie Style, que incluiu hits como “Gettin’ Jiggy wit It”, “Miami”, a faixa tema do filme Men in Black, que venceu a categoria de Melhor Performance Solo de Rap em 1998. Em 1998, ele ganhou mais um Grammy na mesma categoria com a música “Gettin’ Jiggy wit It”.
Além dos prêmios Grammy, Will Smith também acumula premiações no MTV Video Music Awards, NAACP Image Awards, World Music Awards e Billboard Music Awards. No American Music Awards (AMAs), ao lado do DJ Jazzy Jeff, venceu como ‘Melhor Artista Rap/Hip-Hop, em 199. Em 1992, a dupla levou o prêmio de Melhor Álbum Rap/Hip-Hop por Homebase. Já em 98, ele foi reconhecido como Melhor Artista de Rap/Hip-Hop. Em 1999, foi um dos grandes premiados da cerimônia, vencendo nas categorias Álbum de Pop/Rock Favorito, Artista Masculino e Álbum Favorito na seção Soul/Rhythm and Blues.
Ele seguiu com o álbum Willennium (1999), que também teve sucesso comercial, destacando-se com faixas como “Wild Wild West” e “Will 2K”. Ao longo dos anos 2000, Will Smith continuou a lançar músicas, embora tenha se concentrado mais em sua carreira de ator.
Confira os prêmios acumulados por Will Smith na música
Grammy Awards
1989: Melhor Performance de Rap por “Parents Just Don’t Understand” (com DJ Jazzy Jeff) – Este prêmio foi o primeiro Grammy concedido na categoria de rap.
1992: Melhor Performance de Rap em Dupla ou Grupo por “Summertime” (com DJ Jazzy Jeff).
1998: Melhor Performance Solo de Rap por “Men in Black” (da trilha sonora do filme MIB).
1999: Melhor Performance Solo de Rap por “Gettin’ Jiggy wit It”.
American Music Awards (AMAs)
1989: Favorite Rap/Hip-Hop Artist (com DJ Jazzy Jeff).
1992: Favorite Rap/Hip-Hop Album por Homebase (com DJ Jazzy Jeff).
1998: Favorite Rap/Hip-Hop Artist.
1999: Favorite Pop/Rock Male Artist.
1999: Favorite Rap/Hip-Hop Album por Big Willie Style.
MTV Video Music Awards (VMAs)
1989: Best Rap Video por “Parents Just Don’t Understand” (com DJ Jazzy Jeff).
1998: Best Male Video por “Just the Two of Us”.
1998: Best Video from a Film por “Men in Black”.
NAACP Image Awards
2000: Outstanding Music Video por “Wild Wild West”.
O maior que temos! O nadador Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, conquistou sua terceira medalha de ouro nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, nesta segunda-feira, 2. Ele venceu a prova dos 200m livre de S2 (para atletas com deficiência física severa) e subiu no pódio mais uma vez.
Em julho deste ano, o atleta multicampeão já estava decidido sobre sua vitória quando prometeu: “Vou ganhar três medalhas de ouro nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024”.
Com uma habilidade extraordinária, Gabrielzinho disparou na final e terminou com o tempo 3min58s92, o novo recorde das Américas, à frente do russo Vladimir Danilenko com 4min14s16, e do chileno Alberto Diaz, com 4min22s18.
Um dos principais destaques da delegação brasileira nos Jogos Paralímpicos, Gabrielzinho iniciou sua participação na competição conquistando o título dos 100m costas na classe S2, estabelecendo um novo recorde das Américas com o tempo de 1min53s67. Em seguida, ainda no estilo costas, ele garantiu a medalha de ouro nos 50m, quebrando mais uma vez o recorde continental.
Além disso, o atleta mineiro fez história ao competir nos 150m medley contra adversários de uma categoria superior, estabelecendo o recorde mundial da classe S2 duas vezes no mesmo dia.
A cantora e compositora Liniker revelou que sua nova turnê, baseada no álbum “CAJU”, será lançada no dia 8 de novembro, no Espaço Unimed, em São Paulo. A venda de ingressos começará no dia 5 de setembro, quinta-feira, e estará disponível no site da Ticket360.
O álbum “CAJU” chegou ao público com grande sucesso, acumulando mais de 30 milhões de streams em apenas 10 dias e esgotando rapidamente o estoque de bonés com o título do disco. Liniker, que frequentemente destacou que criou o álbum para se divertir, agora se prepara para levar essa diversão para o palco.
“Eu fiquei emocionada pela maneira que o público recepcionou CAJU. É um disco longo e que não obedece às regras do mercado, com músicas e instrumentais extensos. Já estou na fase de concepção do show e acho que os fãs também serão surpreendidos pela experiência de CAJU ao vivo. Não vejo a hora desse encontro”, afirmou Liniker. Ela também destacou que o entusiasmo dos fãs, que já conheciam a letra da faixa-título durante uma apresentação anterior, contribui para a expectativa em torno da turnê.
A turnê do álbum acontece em colaboração com o Coala Music. Victor Senedesi, diretor das áreas de Management e de Turnês do Coala Music, falou sobre o entusiasmo pela parceria: “Estamos muito animados com essa parceria e a possibilidade de produzir a turnê de uma das maiores artistas do Brasil na atualidade. O Coala Music sempre teve um olhar humano e de longo prazo na relação com o público e com os artistas, e a confiança da Liniker em nosso trabalho mostra que estamos no caminho certo.”
Liniker também confirmou que mais datas da turnê serão anunciadas em breve, prometendo uma série de shows que irão expandir a presença de “CAJU” em todo o Brasil.
Susane Paula Muratoni Geremia, de 64 anos, uma das mulheres que vivem há sete meses no McDonald’s do Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, foi liberada provisoriamente após audiência de custódia realizada na tarde o último sábado, 31. Geremia havia sido presa em flagrante na tarde de sexta-feira, 30, após ser acusada de injúria racial contra um grupo de adolescentes na unidade do McDonald’s onde ela vive com a filha.
A decisão foi emitida pela juíza Ariadne Villela Lopes, que afirmou reconhecer a gravidade do casou, mas que levou em consideração o fato de a mulher ser ré é primária e idosa, impondo apenas medidas cautelares em vez de prisão preventiva. De acordo com a sentença, Susane está proibida de frequentar o McDonald’s do Leblon por dois anos e deve comparecer mensalmente à Justiça para informar e justificar suas atividades. Além disso, a ré foi proibida de manter contato com a vítima por qualquer meio e deverá manter uma distância mínima de 500 metros.
Susane havia sido transferida para o presídio feminino de Benfica, na Zona Norte do Rio, após alegar mal-estar ao ser encaminhada à carceragem da 14ª Delegacia de Polícia (Leblon) na sexta-feira. Sua filha, Bruna, foi liberada após a diligência na delegacia, mas acompanhou a mãe no sábado.
O crime que levou à prisão de Susane ocorreu na sexta-feira, quando ela e sua filha foram fotografadas por uma cliente do McDonald’s. De acordo com testemunhas, Susane e Bruna teriam reagido de maneira hostil e proferido palavras de cunho racista, chamando uma adolescente de “Preta nojenta”, o que levou as vítimas a chamar a polícia.
Injúria Racial foi equiparada ao crime de racismo
Em janeiro de 2023, a Lei 14.532, que equipara injúria racial ao crime de racismo foi sancionada. De acordo com a nova legislação, injúria racial se torna um crime inafiançável e sem prazo para que os autores sejam punidos pela Justiça. A pena passa de 1 a 3 anos de prisão para 2 a 5 anos e multa.
Na noite do último domingo, 1, em entrevista ao Fantástico com a jornalista Maju Coutinho, Magic Johnson falou sobre o diagnóstico de HIV que recebeu no início dos anos 90. O ex-jogador de basquete lembrou que, na época, existia apenas um medicamento disponível e afirmou: “Posso dizer que sou um sobrevivente”, após observar o alto número de mortes causadas pela doença. Johnson também celebrou os avanços significativos realizados pela ciência ao longo dos anos.
“Era para [o diagnóstico] ser uma sentença de morte. E foi um período muito difícil porque eu não sabia o que poderia acontecer. A prioridade era minha mulher, Cookie, que estava grávida do nosso filho, E-Jay. Eu precisava ter certeza de que eles estavam bem. Só depois fui cuidar de mim. Na época, só existia um remédio: o AZT. Então hoje eu posso dizer que fui abençoado. Eu olho para trás e vejo quantas pessoas morreram desde que eu assumi que estava com a doença. São quase trinta e três anos. Mas os médicos e os cientistas vêm fazendo um ótimo trabalho. Posso dizer que sou um sobrevivente”, afirmou o empresário, que lembrou da luta contra o preconceito direcionado às pessoas com HIV.
Magic Johnson também falou sobre seu apoio ao filho EJ Jonhson, que faz parte da comunidade LGBTQIA+, lembrando como precisou mudar para aceitar o filho e hoje luta contra a homofobia: “Eu acho que se você tratar as pessoas com respeito, vai ser respeitado de volta. Então eu nunca mudaria se alguém me discriminasse. A lição que eu aprendi é nunca deixar ninguém definir quem você pode ser, quem você é, ou deixar que alguém te mude”, contou.
Em março deste ano, Johnson compartilhou nas redes sociais, uma mensagem de aniversário carinhosa para EJ: “Feliz aniversário para meu filho, EJ! EJ é incrível e inteligente e ajudou muitas outras pessoas a viver a vida como elas mesmas, confortáveis em sua própria pele”, destacou. “Nunca se esqueça que sempre estarei aqui para apoiar, orientar e amar você porque sou seu maior fã!”.
A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) aprovou a criação da Licenciatura em Educação Escolar Quilombola, uma iniciativa que homenageia o intelectual e ativista Nêgo Bispo, falecido em dezembro de 2023. Nascido no Povoado de Papagaio, no Piauí, Bispo foi uma figura central no movimento quilombola brasileiro, e sua trajetória inspirou a criação do curso, que visa formar docentes quilombolas no estado.
O curso foi desenvolvido em parceria com o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Pernambuco/Campus Garanhuns (IFPE) e o Instituto Federal de Educação do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE), com apoio da Coordenação Estadual de Articulação das Comunidades Quilombolas de Pernambuco. A licenciatura atenderá tanto a formação inicial de professores quanto a segunda graduação de docentes que já atuam em escolas quilombolas, mas que ainda não possuem a formação exigida pela Resolução nº 8/2012 do Conselho Nacional de Educação (CNE) e da Câmara de Educação Básica (CEB) do Ministério da Educação (MEC).
Os formados poderão atuar em diversas modalidades da educação básica, com destaque para os anos iniciais do ensino fundamental, nas áreas de Pedagogia, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Sociais. Além da docência, os egressos estarão capacitados para trabalhar em gestão escolar, práticas educativas em ambientes escolares e não escolares, além de contribuir para o desenvolvimento das comunidades quilombolas.
Com duração de oito semestres, o curso será presencial e adotará a metodologia de alternância pedagógica, combinando períodos de formação nos campi da UFPE, IFPE Garanhuns e IFSertãoPE com atividades nas próprias comunidades quilombolas. Serão oferecidas 100 vagas, distribuídas entre Pedagogia (50 vagas), Matemática e Ciências da Natureza (25 vagas) e Ciências Sociais (25 vagas).
O processo seletivo será voltado exclusivamente para quilombolas, tanto estudantes egressos do ensino médio quanto professores que já atuam em escolas públicas do estado. As aulas estão previstas para começar no primeiro semestre de 2025.
A difusão é a porta de entrada principal para os diferentes públicos ocuparem estes lugares e transmitir conhecimento através da arte. A Pinacoteca de São Paulo tem feito isso com a exposição: “Entre a cabeça e a terra: arte têxtil tradicional africana”.
Por anos os tecidos africanos ficaram longe das exposições. Existe um conjunto de obras lindas, realizadas por vários artistas de diferentes países do continente africano.
São sete salas que disponibilizam uma viagem a cultura têxtil, neste cenário tem 129 peças, cada qual carrega sua característica. A exposição é uma imersão, uma verdadeira viagem ao mundo de cores e detalhes.
Os curadores Renato Menezes e Danilo Lovisi, articularam com diversas lideranças em várias regiões, trabalho fundamental para essa precisão de saberes, detalhes e a prática das produções.
A exposição tem parceria com a Fondation Jean-Félicien Gacha, sediada em Bangoulap, no Camarões. Não dá para ficar de fora.
Temos falado continuamente sobre a importância de reverberar práticas de inclusão para que profissionais negros tenham acesso a uma vida laboral mais humana e produtiva, uma vez que a cor da pele ainda seja pauta para este tema. Vemos também que tem aumentado à admissão de pessoas negras nos cargos de alta gestão. No entanto, os números ainda não correspondem à sociedade brasileira.
Com isso, temos o que podemos chamar de ‘preto único’ que coincide ao que enxergamos na estrutura social do nosso país, já que apenas 4,7% das lideranças femininas negras (recorte para este artigo) segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) condizem com a realidade das 500 maiores empresas do Brasil.
Flávia Martins faz parte dessa força histórica que tem um significado ancestral na luta contra a segregação do povo negro. Ela também é da geração em que o acesso ao ensino superior, plano de carreira e bens de consumo não eram assuntos para pessoas pretas. Graduada em comunicação social pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) em 1999, pós-graduada em marketing pela Escola Superior de Propaganda & Marketing (ESPM) em 2006 e com especialização em Marketing Analytics em Harvard em 2024. Flávia é o retrato do percurso exaustivo e de resiliência de uma profissional negra que acredita que o conhecimento, aliado ao acesso, relacionamento e compromisso de toda uma sociedade, pode mudar o sistema que hoje ainda é regido por marcadores, que são exemplificadas na carreira e no sentimento de pessoas negras que chegaram lá.
“Meu maior desejo é que eu seja a última primeira, porque isso vai ser a certeza de que muitas outras já chegaram. Meu maior desejo é que essa dor que preenche a alma no lugar do orgulho resultante da conquista, não seja repassado ao DNA de minha descendência. O acolhimento de ver várias pessoas iguais na sala, ocupando essas cadeiras é a melhor sensação que pode existir. Que esse sentimento reverbere, enquanto formos poucas, formando um manto de proteção e força para que persistam nessa jornada ainda tão solitária.”
Sua trajetória exemplifica o que resulta do acesso à educação e empregabilidade, algo que ainda não é a realidade de todos. Atualmente ocupando o cargo de CMO – Chief Marketing Officer e Diretora de Engajamento do Pacto Global da ONU – Rede Brasi, responsável pelas áreas de marketing, comunicação, eventos, CRM e UX – User Experience, e com quase 30 anos de experiência em gestão de marketing e comunicação, ela é considerada – para os padrões da sociedade – como uma profissional de sucesso; o que a coloca em lugar de destaque quando comparada a outras.
A pesquisa apresentada pelo ranking Étnico-Racial do GPTW de 2023 expõe dados que evidenciam o sentimento de Flávia e de muitos outros profissionais, como a advogada Juliana Souza — autora do artigo publicado em 2023, intitulado A última primeira: cabem quantas de nós na arena do protagonismo? — nós concordamos que as empresas precisam estar engajadas em uma mudança efetiva e que a liderança de diversidade entenda, de fato, sobre as questões raciais, de modo que o fomento à educação de qualidade e ao conhecimento chegue à totalidade da população, considerando a equidade como ponto-chave para essa inclusão.
Voltando para a pesquisa, GPTW, que disponibiliza para as empresas um selo de acordo com suas práticas de diversidade desde 2017, só em 2018 contemplou o ranking Étnico-Racial, com a participação de 110 empresas. Neste ano foram apresentados os dados de 2023 que já contabilizam 331 empresas participantes. Percebam: um aumento de mais de 300%. Tenho falado insistentemente que é importante verbalizarmos sobre as mudanças que queremos para que as ações sejam concretizadas, e os resultados mostram que estamos no caminho certo.
Tenho em comum com a Flávia, assim como com tantas outras colegas, a esperança, que vem repleta de condutas para abrir portas para as novas gerações. Nossos saberes são multiplicados quando compartilhados, e é nisso que nos empenhamos – propiciar oportunidades para que o acesso ao protagonismo tenha novas faces.
O antropólogo baiano Ari Lima lança no próximo dia 17 de setembro o livro Cadernos de Paris – Ensaios sobre a condição negra na cidade luz. O evento ocorrerá no Centro de Estudos Afro-Orientais, em Salvador, às 18h, com entrada gratuita. A obra oferece uma análise detalhada das nuances que diferenciam e assemelham a experiência dos descendentes de africanos e migrantes na capital francesa com aqueles que residem em outras partes do mundo.
Ari Lima, conhecido por sua pesquisa sobre música e cultura negra, utiliza sua experiência acadêmica para explorar a realidade racial em Paris, uma cidade que, apesar de seu papel na formação dos estudos sobre relações raciais e cultura negra, frequentemente reluta em reconhecer suas próprias desigualdades sociais. “Achei interessante pensar sobre o contexto francês, porque os pesquisadores franceses foram importantes na formação desse campo de estudos sobre relações raciais e cultura negra no Brasil. E também descobri que, de modo geral, eles se recusam a reconhecer que existe desigualdade social, que existe exclusão, que existem mecanismos distintos do sujeito se constituir como cidadão”, conta.
No livro, publicado pela editora Cajuína, Lima descreve três grupos principais identificados em sua pesquisa: imigrantes africanos, filhos de imigrantes que já se naturalizaram franceses, e descendentes de africanos escravizados nas Antilhas. Durante sua estadia de um ano em Paris, entre 2018 e 2019, Lima investigou como a questão racial e a desigualdade se manifestam na cidade. Ele observa que, embora a França tenha iniciado um processo de acolhimento de imigrantes negros no século XX, esse acolhimento se deu principalmente como resposta à escassez de mão de obra pós-guerras mundiais. Nas décadas seguintes, a ascensão da extrema-direita e a retórica de “recompor a França para os franceses” geraram tensões raciais, exacerbadas por políticas que frequentemente questionam a identidade dos descendentes de imigrantes.
Além das questões políticas, Lima destaca uma rejeição cultural por parte de alguns segmentos da população francesa, que vêem os costumes e tradições dos descendentes de africanos e imigrantes com desdém. Ele compara as vivências nas áreas suburbanas de Paris a bairros populares em Salvador, ressaltando semelhanças no modo de vida, como o comércio informal e o estilo de comunicação.
“O livro busca entender como as questões raciais e a desigualdade racial se constituem no contexto parisiense, que é simultaneamente globalmente relevante e paradoxalmente relutante em enfrentar suas próprias contradições,” explica Lima.