Elyfer Torres será protagonista de telenovela exibida no SBT
Elyfer Torres será protagonista de telenovela exibida no SBT
Em quase 40 anos, o SBT nunca exibiu uma telenovela com uma protagonista negra em sua grade, e até mesmo em papéis secundários, era raríssimo ver pretos na grade do SBT. Mas, com a aquisição da telenovela Betty em Nova Yorque, outra releitura de Betty, a Feia, isso finalmente acontecerá em breve.
Elyfer Torres, mexicana de 22 anos, vive a clássica personagem na releitura do original colombiano, Betty, a Feia. A jovem atriz também é primeira negra a protagonizar um folhetim da Telemundo, emissora americana de conteúdo espanhol.
É um avanço, mas a pergunta que fica é quando teremos uma produção nacional do SBT com protagonistas pretos e conosco nos papéis de destaque? Lembrando que não somos minoria como nos Estados Unidos (14%), somos 54% da população.
A autora de Juntos a Magia Acontece, Cleissa Regina Martins, entre os atores Milton Gonçalves e Zeze Motta
A autora de Juntos a Magia Acontece, Cleissa Regina Martins, entre os atores Milton Gonçalves e Zeze Motta
Revelação da primeira turma do Laboratório de Narrativas Negras para o Audiovisual, parceria entre a Globo e a Flup iniciada em 2017, Cleissa Regina Martins, de 24 anos, fez sua estreia como autora no especial de Natal ‘Juntos a Magia Acontece’. Em 2020, ela será uma das colaboradoras da próxima temporada de ‘Malhação’. Nascida no bairro carioca de Magalhães Bastos, formada em Ciências Sociais, com experiências de intercâmbio nos Estados Unidos e no Canadá, pesquisava com frequência as desigualdades de gênero e raça no audiovisual brasileiro. Assinou a direção de arte do premiado curta-metragem ‘Eu, Minha Mãe e Walace’, dos irmãos Marcos Carvalho e Eduardo Carvalho.
Qual a sua inspiração para fazer esse especial de Natal?
Essa ideia surgiu quando eu conheci o Milton Gonçalves em 2016. A gente se encontrou em um evento e ele foi superlegal comigo, me deu o cartão dele e disse que eu poderia escrever algo e convidá-lo. Fiquei pensando na hora em que história eu poderia desenvolver para o Milton e acabei pensando nele como Papai Noel. E aí, durante a Flup, em 2017, eu precisei apresentar um argumento e nasceu essa história e essa família.
Qual a principal mensagem do especial?
A de que Natal é um momento de encontro, para estar junto de verdade, de olhar para o lado e entender o que o outro está querendo, esperando, e como a gente se completa e como se cria esse censo de comunidade.
Como foi ver o especial ganhando corpo, saindo do papel durante as gravações?
Foi ótimo! Cada ator criou um pouco para o seu próprio personagem, achei isso legal e mostrou o quanto os atores estavam envolvidos com o texto, o quanto eles se viram ali de alguma forma.
Deixe o pacote de lenço do lado do sofá aos assistir “Junto a Magia Acontece”, especial de final de ano que a Globo exibirá na noite do Natal. Ah e chame a família para se emocionar com você. E não é sobre drama é sobre representatividade.
O elenco em si, já emociona.
Milton Gonçalves, Zezé Motta, Camila Pitanga, Fabrício Boliveira, Luciano Quirino e a talentosa estreante Gabriely Mota formam uma família negra, mas sem um milímetro de estereótipos que vemos na TV e no Cinema.
Há uma pequena tensão racial em alguns momentos, mas já é de se esperar, afinal Papai Noel Negro, um dos temas do programa, em um país como Brasil nunca seria uma unanimidade.
No entanto, o fato do núcleo familiar ser 100% negro, algo raríssimo de se ver na TV aberta, faz a narrativa nos deixar com a impressão que somos parentes daquelas pessoas.
O texto de Cleissa Regina Martins não decepciona. A trama flui por conter nuances de dramas familiares que intercalam a relação de todos eles, como pais, filhos, irmãos. Parece tolo, mas são textos assim que mostram que famílias negras são como as outras. Nós amamos, somos solidários, temos empatia e gostamos de união, de alegria e de uma mesa farta no Natal.
Cleissa Regina Martins – revelada pelo Laboratório de Narrativas Negras para o Audiovisual, uma parceria da Globo com a FLUP (Festa Literária das Periferias) Foto: Estevam Avellar/Globo
A relação de Vera (Camila Pitanga) e o irmão André (Fabrício Boliveira) é complexa, e é interessante ver como a questão de gênero aparece de maneira sutil, mas certeira, na maneira como os dois filhos foram criados.
As crianças do programa são um show a parte. Todas negras, crespas e muito empoderadas.
Como fazer as crianças sentirem o espírito de natal competindo com smartphones e tablets? Sim, esse tema inclui todas as crianças, incluindo as negras. Agora o que as crianças negras querem de Natal? Aí há algumas diferenças e o momento que elas falam sobre seus desejos de Natal é um dos mais bonitos do especial.
A trilha sonora também é quase um personagem à parte. Há trechos sem diálogos onde a música vai fazer seus olhos encherem de lágrimas.
O responsável é Plínio Profeta. “Quando Maria me contou da história, a questão da representatividade veio muito forte à mente. Por isso, convidei a Agnes Nunes, cantora paraibana, de 17 anos, para gravar ‘Rua Enfeitada’, e a Luedji Luna, que interpreta ‘Asas’, composição dela”, explica Plínio.
Kenia Maria: o detalhe que não aparece na tela, mas fez toda diferença
Kenia Maria, porta voz da ONU Mulheres e consultora da Globo, foi responsável pelas pesquisas que envolveram o desenvolvimento de “Juntos a Magia Acontece”.
Kenia Maria, consultora da Globo (Foto: Reprodução Instagram)
“A Monica Albuquerque , Diretora de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico (DAA) da Globo, me convidou para participar desse projeto. Todas as vezes que conversamos eu falei para ela que a Globo tem que ter um compromisso com a comunidade negra que é a maioria da população, que estamos na Década do Afro Descendentes” detalha Kenia que ficou envolvida no especial de julho à dezembro.
“Eu estava presente quando a Cleissa, autora que surge da Flup, teve seu texto escolhido pela Globo para o projeto e nós trocamos aquele olhar que temos quando somos únicos. Troquei muito com ela. Participei da leitura de textos. O cuidado desde o tamanho da árvore de Natal, sou uma mulher negra que nasceu no subúrbio e lá as árvores são grandes, mostram que a gente consome, e eu falei muito de Black Money, de ter comerciantes negros, de ser em Madureira. Era preciso apontar as questões sociais, mas é importante mostrar que a gente consome” ressalta a pesquisadora.
O projeto tem patrocínio da Coca-cola . “A série emociona, fala de amor entre homens pretos, família preta e dinheiro. A Coca Cola entendeu que nos consumimos e isso não é sobre amor, afro-brasileiros movimentam por ano 1,8 trilhão”, finaliza Kenia.
O especial vai ao ar no dia 25 de dezembro, depois de ‘Amor de Mãe’.
(Maju Coutinho é uma das personalidades cadastradas no site. Foto: Divulgação)
Em resposta a invisibilização de personalidades pretas na mídia, os coletivos Publicitários Negros e Gana se reuniram para publicar uma lista com personalidades afro-brasileiras. Separadas em categorias que vão desde política até empreendedores e influenciadores, o site é um manifesto que dá voz a essa população preta. A plataforma foi ao ar hoje, 23 de dezembro, e está sendo divulgada em primeira mão pelo Site Mundo Negro.
Nomes como Monique Evelle, Erica Malunguinho, Aurea Carolina, João Diamante e Rene Silva fazem parte da lista, que demonstra que pretos não são referência apenas em pautas raciais. “Somos mais do que os negros que são capazes de falar sobre racismo, os LGBTQIA+ experts no debate sobre homofobia e os PCDs que são convidados para debates que falem sobre a falta de acessibilidade. Somos comunicadores, teóricos e detentores de um conhecimento para além de nossa representação social”, aponta o manifesto.
Segundo a organização, a plataforma se faz necessária neste momento, para que não deixemos cair no esquecimento a existência e resistência de pessoas como nós, que atuam em diversas frentes e que demonstram o mesmo ou até maior potencial do que os escolhidos por veículos compostos majoritariamente por pessoas dentro do “padrão”.
Segundo a organização, outras categorias e outras personalidades serão contempladas em 2020, mas a urgência deste posicionamento só os permitiu chegar a esta primeira lista, que promete ser ainda mais ampla em 2020. Para saber quem são as personalidades e conhecer mais sobre o projeto, acesse: https://www.negrosbrasileiros.com.br.
Inspirada pela trajetória do MC, Rincon Sapiência lança colab com Kanui. Foto: Gustavo Ipolito
Inspirada pela trajetória do MC, Rincon Sapiência lança colab com Kanui. Foto: Gustavo Ipolito
O recém-lançado albúm “Mundo Manicongo”, de Rincon Sapiência dá nome e inspiração a collab do rapper com a Kanui, lançado na última quarta-feira, 18. Com muitas referências, a coleção trás camisetas, camisas, bermudas, calça, jaqueta corta-vento, bonés e óculos trazem uma rica mistura de cores vivas, como o amarelo, verde, vermelho, rosa millennial, contrapostos com preto e branco.
Segundo Rincon, a coleção surgiu por conta de uma identificação com a marca: “A parceria com a Kanui surgiu por conta da nossa ligação mútua com a moda, momento em que nossos mundos se encontram: o meu por conta da música que é muito pautada pelo visual, e o da Kanui por ser uma fomentadora de moda. Toda a coleção está muito em linha com o que eu tenho usado ultimamente: estampas coloridas, peças esportivas e colagens, que está inclusive na capa do meu disco. A paleta está combinando muito com as minhas músicas e todo o mood teve uma inspiração tropical, assim como no meu novo álbum”, salienta Rincon Sapiência.
A Cohab I, onde Rincon foi criado, foi referência direta as criações que estão a venda no site da Kanui, através de logos com elementos fotografados lá, que inspiraram a criação de adereços afro-tropicais, inspirados no Congo. “Desde o início, o processo foi feito de forma muito colaborativa – o Rincon participou de todas as etapas de criação, dando o seu toque pessoal para traduzirmos nas peças sua origem e arte. Criamos estampas que respeitassem elementos de diferentes culturas e misturas de etnias, norteadas pelos elementos de vida do rapper. Além disso, os tecidos foram projetados para serem os mais confortáveis possível e todos os itens dessa coleção tem proposta genderless”, comenta Thais Tejo, Gerente de Estilo da Kanui.
A coleção “Mundo Manicongo” possui itens a partir de R$59,90 e já está disponível no site (https://www.kanui.com.br) e app da Kanui.
Época de festas. Natal, amigo secreto, lembrancinhas. Você tem praticado o Black Money nas suas compras?
Se somos a maior parte da população, imagine quantos empresários negros ajudaríamos a prosperar se praticássemos o Black Money.
Alan Soares do Movimento Black Money, fala sobre como temos que refletir sobre ao usar nosso dinheiro e que é urgente a necessidade de apoiar nossos pares por meio da forma que adquirimos produtos e serviços.
Imagem de Destaque : Movimento Black Money e Diáspora Black (Instagram)
Iniciando pela reflexão sobre não confiarmos em pessoas pretas como empresárias é importante a seguinte ponderação:
O auto ódio: Crescer ouvindo e lidando com o racismo estrutural, que produz a ideia de que devemos odiar nossa própria imagem tem ligação direta em como iremos lidar com aqueles que se parecem conosco, pois se possuímos problemas de aceitação.
Se nos deparamos com a ideia de que precisamos provar o tempo todo que somos capazes de algo; se, ao aparecermos nos noticiário, estamos majoritariamente nas páginas policiais, e não vemos empresários pretos como exemplos de sucesso, como irei julgar positivamente alguém parecido comigo?
Ao conseguirmos achar a principal razão do problema (a estratégia do ódio implementada pela branquitude), podemos procurar a cura .
O Rodrigo França dirigiu há pouco tempo a peça “O Amor como Revolução”; adaptação do livro de mesmo nome do Pastor Henrique Vieira. A mensagem central da peça é a afirmação do poder renovador do amor, que se traduz em atitudes generosas com o próximo e que pode ser uma força poderosa na construção de uma sociedade mais justa e livre.
Talvez você possa estar em dúvida sobre a relação de amor e black money. Vou responder através de uma pergunta: O que King , Garvey , Malcoml X, Dandara , Assanti, Nina Simone , Biko tinham em comum? Amor. Um amor colossal pelo seu povo. Um amor que os faria dar o que preciso fosse.
Black Money, em síntese, é praticar esse amor – é manifestar paciência com o irmão que produz de forma lenta ou com menor qualidade que uma grande indústria.
É, por acaso, ter que pagar mais caro, auxiliar o produtor a encontrar o ponto ótimo; da mesma forma que iriamos auxiliar nossa mãe, irmã , tio e tias … pois pertencemos à mesma família Africana. Precisamos desenvolver o hábito de nos amar, e praticar black money é uma dessas manifestações.
Camila Pitanga estará na sala de muitos brasileiros na noite de Natal, como a professora Vera, sua personagem no especial ‘Juntos a Magia Acontece’.
A atriz, que também é apresentadora do Superbonita da GNT teve experiências distintas em relação ao Natal ao longo de sua vida.
“Eu tenho hoje uma realidade muito alegre com o Natal. Mas nem sempre foi assim. Quando meus pais se separaram, eu tive Natais em que a gente soube ser feliz, ainda que fôssemos só três pessoas: eu, meu pai e meu irmão, Rocco Pitanga, ou que a gente estivesse dentro do Natal de outra família. Tinha alguma coisa que era um buraco, uma dor, mas tinha um fortalecimento desse elo familiar”, detalha Camila.
Com o passar dos anos os momentos festivos ganharam novas cores, sobretudo depois que seu pai, Antonio Pitanga, se casou de novo.
“Com o advento de o meu pai, Antonio Pitanga, ter se casado com a Bené (Benedita da Silva), eu comecei a ter Natal com um monte de criança. E, com o passar do tempo, a minha mãe, Vera Manhães, começou a passar o Natal com a gente e a Bené, e eu tenho muito orgulho disso. Para mim, passar o Natal em família é com todo mundo que você se sente bem. Afinal, existem tantos tipos de famílias… Às vezes, a família pode ser a dos amigos, pode ser o avô com suas netas, a da dona de um orfanato com as crianças”, reflete a atriz.
Ainda sobre Natal, Camila celebra representatividade do especial de Natal da Globo, onde Milton Gonçalves será um Papai Noel Negro.
“Quando eu vi o Milton vestido pela primeira vez os meus olhos encheram d’água. Porque é algo que diz muito sem ser panfletário. Quem disse que Papai Noel não pode ser negro? Fazer um especial de Natal que fale sobre a história de uma família negra é motivo de muito orgulho”, finaliza Camila.
O primeiro trailer do próximo filme biográfico de Aretha Franklin, RESPECT, foi lançado. O filme é estrelado por Jennifer Hudson, que foi escolhida para interpretar Franklin pela própria Franklin. No clipe, Hudson canta a música tema. O filme será lançado em outubro de 2020. Assista ao trailer abaixo.
O elenco de estrelas do filme inclui Forest Whitaker, Marlon Wayans Mary J. Blige.
O filme será dirigido por Liesl Tommy e escrito por Tracey Scott Wilson.
Whitaker será o Reverendo C.L. Franklin, conhecido como o homem da “Voz do Milhão de Dólares”. Franklin serviu como pastor da Igreja Batista de New Bethel em Detroit, Michigan.
Franklin também foi pai da cantora e compositora americana Aretha Franklin e seu gerente no início de sua carreira.
Wayans estrela como Ted White, o primeiro marido de Aretha.
Mirella Archangelo tem 13 anos, acabou de entrar para o 8º ano e sempre usou suas redes sociais para celebrar a representatividade negra no meio artístico e já entrevistou muita gente famosa como a jornalista Glória Maria, a cantora Iza e o ator Lázaro Ramos. Nesse texto ela faz uma reflexão sobre racismo na infância e como os nossos, desde pequenos, são intimidados quando reclamam de atitudes racistas. Não é sempre que temos adolescentes falando em primeira pessoa sobre racismo. Confira:
Uma menina branca de 7 anos xinga uma colega de classe de preta fedida de cabelo duro. Um menino branco de 5 anos cospe nos cabelos black de uma garota em um hotel.
Um garoto de 13 anos diz que não existe racismo, que os negros são “mimizentos” e folgados e que eles próprios têm preconceito com as pessoas, pois afinal diz eles que somos todos iguais.
Será que as crianças nascem racistas ou aprendem com o dia a dia?
Penso quer ninguém nasce racista ou preconceituoso, mas hoje em dia está muito fácil ter atitudes racistas e não ser punidos. Uma criança que com 7 anos, tem atitudes preconceituosas com outra criança, ou deixa de brincar com ela por ela ser negra, faz piada, está escutando isso de um adulto. Pois ela ainda não tem maldade para saber o quanto isso pode machucar. Ou tem?
As pessoas têm mania de dizer: “ Ah mas ele é pequeno, não entende”, ou, “ela acha lindo seus cabelos, não sei porque disse isso, ela tem o sonho de usar tranças, deixa ela tocar, não foi por maldade”.
E quanto a criança negra que foi ofendida? Ela tem que esquecer e seguir? O pedido de desculpas já foi feito mesmo.
Pais que não conversam sobre racismo e preconceito em casa, tem uma chance maior de ter um filho racista. Uma vez, ouvi de uma criança que ela não sabia que pessoas negras também poderiam ser chefes, empresários. Na sua cabeça, os negros seria somente empregados, pois ela só vê negros empregados no seu círculo social. Não culpo ela por isso, mas os pais desta criança têm que informar e mostrar a ela que existe negros também muito bem sucedidos.
Qual Youtuber negro para criança você conhece? Qual programa de TV infantil os apresentadores são negros?
https://www.instagram.com/p/BvUtbswALKx/
A falta de representatividade faz as crianças brancas enxergarem as negras como excluídas. A cor de pele negra não está nós seus programas, filmes e séries favoritas, então aquela cor não é bem vista, bem querida.
A boneca branca é mais bonita, o herói branco é mais poderoso, a princesa branca é mais linda. Os negros são criados, empregados, sujos e burros.
Isso tem que mudar, nós crianças negras estamos cansadas de ser excluídas, xingadas, deixadas de lado. Estamos cansados de ter nossa inteligência questionada, somos tão capazes, somos inteligentes e merecemos respeito.
Finalmente férias! As crianças estão empolgadas, as malas estão prontas e o destino está escolhido, porém há algo que não nos dá folga, nem nas férias… Os episódios de racismo.
O período de férias nem iniciou pra valer, mas já estamos protagonizando os primeiros episódios de racismo da temporada de férias 2019/2020. Esse é o período que muitos casos acontecem, já que depois de um ano inteiro de trabalho, muitas famílias negras poderão desfrutar dos espaços que, em boa parte do ano, foi frequentada, muitas vezes, só por pessoas brancas.
Para que o racismo não acabe com a diversão, temos que ficar com o radar ligado! Os episódios são sutis, sofisticados, e nossa atenção deve se voltar para que crianças não tenham aquela sensação de “tem algo errado comigo” ou “estou no lugar errado”.
Para combater o racismo, principalmente o estrutural, é preciso agir. E fica tranquila(o) não estamos falando para arrumarmos um barraco em cada esquina (apesar de as vezes dar vontade rsrsrsrs). O ato de falar, de alertar as pessoas, muitas vezes é educativo, por meio da nossa atitude, da nossa voz, as pessoas começarão a refletir sobre o assunto e se policiarão para não repetirem o erro.
Precisamos falar para conscientizar as pessoas e as empresas sobre o racismo, só assim, só conscientizando as pessoas é que acreditamos que algo pode mudar. Abaixo vão algumas dicas de como perceber e de como se posicionar se algum episódio acontecer:
Se as abordagens e comentários partirem dos funcionários do espaço (hotel, restaurante, parques, aeroportos, avião, etc), chame a gerência e informe o ocorrido. Explique que os funcionários estão reproduzindo o racismo estrutural. Nesses espaços, o episódio pode ser aquela conferida no seu ticket de acesso, quando a conferência não ocorre com mais nenhum outro frequentador, o típico, você não deveria estar aqui…
Algumas pessoas vão querer negar, mas NINGUÉM PODE OPINAR SOBRE O QUE VOCÊ OU A CRIANÇA ESTÃO SENTINDO. Se sentiu que está sofrendo descriminação, sendo tratado de forma diferente das outras pessoas, ou está sendo vítima de racismo, informe prontamente.
Se o episódio partiu dos hospedes ou das crianças, converse com os adultos, explique o ocorrido e fale como se sentiu, como a criança se sentiu e como o episódio te incomodou. Não guarde a chateação com você, distribua para os envolvidos!
Vamos ficar atentas (os) às queixas das crianças, se elas estão informando que algo está acontecendo, sim, algo está acontecendo. Quando a gente age em defesa da criança ela sente que foi feita justiça e se fortalece para não se sentir inferior ou sentir que está tudo bem passar por isso. Outro ponto importante, quando você se posiciona a criança começa a perceber e entender o que é racismo.
Fique de olho também nos espaços de recreação, dar uma espiadinha, sem tirar a privacidade dos pequenos, acalma o nosso coração. Todos nós ficamos apreensivos, com medo das outras crianças estarem se desfazendo das nossas. Podemos espiar, mas só devemos interferir se observamos que a criança não está conseguindo se defender sozinha. Elas precisam ter autonomia para resolverem as questões, mas se ela vier ser queixar, volte ao tópico anterior!
A principal regra é curtir as férias sem que ninguém ou estrutura racista nenhuma interrompa a sua curtição! Infelizmente o racismo está aí… ficar atento é uma boa estratégia para se proteger. Quando ficamos distraídos, os episódios nos pegam de surpresa e os efeitos podem ser traumáticos! Nosso desejo mesmo, é que nada aconteça e vocês possam desfrutar de muita paz e tranquilidade! Boas férias 😊