Neste ano, a CasaCor chega a sua 37ª edição com o tema “De Presente, O Agora”, que convida os participantes a refletir sobre como as decisões que tomamos atualmente impactam às futuras gerações. O evento, considerado a maior mostra de arquitetura, design de interiores e paisagismo das Américas, acontece de 21 de maio a 28 de julho em São Paulo, no Conjunto Nacional, localizado na Avenida Paulista, e trará para o centro do debate jovens profissionais, como o arquiteto Gabriel Rosa, de apenas 22 anos, que estreia como o arquiteto negro mais jovem da história da mostra no Brasil.
Desde 2022, Rosa é dono de um escritório de arquitetura em Itapevi, cidade localizada na região metropolitana de São Paulo, além disso, até meados de 2024, ele deve abrir uma nova unidade em Alphaville. Com um trabalho ativo no setor, o arquiteto tem grandes planos, como o ‘Núcleo Amandla’, um projeto arquitetônico desenhado por ele que visa impulsionar o empreendedorismo e promover o desenvolvimento da comunidade negra no Brasil. Um centro dinâmico estruturado em cinco pavimentos dedicados a exposições, salas de estudo, palestras, apresentações e biblioteca. A ideia é conseguir investimento para que o projeto saia do papel.
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Em entrevista para a jornalista, Silvia Nascimento, Gabriel Rosa afirmou: “Ser o arquiteto negro mais novo da ‘Historia’ do CasaCor é uma responsabilidade que eu assumo com orgulho e determinação. Vejo essa oportunidade como um farol de representatividade, uma chance de romper barreiras e inspirar outros”, disse. Na CasaCor, o escritório de Rosa, sob sua gestão, assinará um dos 69 ambientes exibidos por diferentes profissionais: “Minha presença na CasaCor não é apenas sobre mim. É sobre abrir portas, demolir estereótipos e demonstrar que a excelência na arquitetura não conhece limites demográficos. Espero que minha participação não seja apenas uma singularidade, mas um catalisador para uma mudança duradoura na indústria.”.
Confira a entrevista completa:
Mundo Negro – Como é para você ser o participante negro mais jovem da CasaCor no Brasil? Você vê isso como uma oportunidade de representatividade e de que forma espera impactar a indústria da arquitetura e do design?
Gabriel Rosa: Ser o arquiteto negro mais novo da “Historia” do CasaCor é uma responsabilidade que eu assumo com orgulho e determinação. Vejo essa oportunidade como um farol de representatividade, uma chance de romper barreiras e inspirar outros a seguir seus sonhos, independentemente de sua origem ou idade. Minha presença na CasaCor não é apenas sobre mim; é sobre abrir portas, demolir estereótipos e demonstrar que a excelência na arquitetura não conhece limites demográficos. Espero que minha participação não seja apenas uma singularidade, mas um catalisador para uma mudança duradoura na indústria.
MN – Como sua identidade racial influencia o seu trabalho como arquiteto? Existem elementos da sua cultura ou experiências pessoais que você busca incorporar nos seus projetos?
GR: Em cada projeto, busco incorporar elementos da minha cultura, experiências pessoais e identidade racial. Não se trata apenas de design estético, mas de contar histórias, celebrar tradições e desafiar estereótipos. Minha arquitetura é uma expressão vívida da multiplicidade da cultura negra, uma tapeçaria de influências que vai além do visual, atingindo o emocional e o espiritual.
MN – A diversidade é um tema importante na arquitetura contemporânea. Como você enxerga o papel da inclusão e da representatividade na construção de espaços mais acolhedores e acessíveis para todas as pessoas?
GR: A representatividade é a chave para a criação de espaços que contam histórias universais, que refletem as várias nuances da experiência humana. Cada elemento, desde a escolha de materiais até a disposição do espaço, pode ser uma expressão consciente de inclusão. Estou comprometido em ser um agente de mudança nesse processo, utilizando meu ambiente para desafiar normas antiquadas e criar ambientes que ressoem com a autenticidade e a diversidade.
MN – Quais são os maiores desafios que você enfrenta como arquiteto negro no Brasil? Você já sentiu alguma forma de discriminação ou falta de oportunidades devido à sua raça? Como você supera esses obstáculos?
GR: Ao longo da minha jornada, deparei-me com situações em que a cor da minha pele parecia ser mais notada do que meu talento ou habilidades. Isso, por vezes, se traduziu em discriminação velada ou na falta de acesso a oportunidades que poderiam impulsionar minha carreira. Minha esperança é que, ao superar esses desafios, eu possa abrir portas para as gerações futuras de arquitetos negros. Quero ser uma fonte de inspiração, mostrando que a excelência na arquitetura não tem cor, e que todos merecem ter suas vozes e talentos reconhecidos e valorizados.
MN – Como você imagina o futuro da arquitetura e do design no contexto da diversidade e da inclusão? Quais mudanças você gostaria de ver na indústria para garantir mais oportunidades e visibilidade para profissionais negros?
GR: Imagino um futuro para a arquitetura e design onde a diversidade não seja apenas uma ideia, mas uma realidade intrínseca. Quero ver uma indústria onde profissionais negros não se destaquem apenas pela sua origem étnica, mas pela excelência de seus projetos e contribuições significativas. A visibilidade é um aspecto fundamental. Promover profissionais negros em eventos, publicações e prêmios não apenas reconhece seu talento, mas também serve como inspiração para outros jovens que buscam ingressar nesse campo.
“Você precisa continuar aparecendo até que ele lhe dê todos os elogios que merece. Até que eles te chamem de gênio, até que eles te considerem o maior de todos os tempos. (Jay-Z)”
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