Na última quarta-feira (4), ao participar da programação da 14ª edição do Fronteiras do Pensamento Porto Alegre, o autor franco-congolonês Alain Mabanckou, expressou sua opinião acerca da democracia racial no Brasil. Ele que é um dos mais renomados nomes da literatura francesa contemporânea, traz em sua obra ‘O Soluço do Homem Negro’ experiências pessoais sobre suas vivências no Congo, Estados Unidos e França, e traz temas polêmicos como a responsabilidade dos negros do processo de escravidão.
Com mediação do jornalista e crítico literário Manuel da Costa Pinto, Alain explica sobre sua concepção prévia sobre o que viria ser a posição dos negros no Brasil, a partir de imagens disseminadas afora como a do ‘Rei Pelé’. “O Brasil não mudou minha definição do problema negro no Brasil. Ele existe porque mesmo, quando a gente faz a promoção do país em geral, se faz mais a promoção daquilo que é mais branco e menos preto. Mas eu penso que a nova geração de brasileiros está mudando a situação, por conta da literatura, da pintura, dos encontros, e também por intermédio da busca de sua identidade. O que falta no Brasil, o que o Brasil deveria fazer, é permitir aos seus negros poder compreender sua história. Que a história de todos esses negros seja uma história obrigatória na escola, que o brasileiro que é mais branco não fique espantado que seu irmão e sua irmã é negro”, explicita Mabanckou.
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O escritor acredita que assim como afirma Frantz Fanon, em sua obra ‘Pele Negra, Máscaras brancas’, os negros brasileiros caíram neste lugar de dominação, hipocrisia ou cegueira política. Em ‘O Soluço do Homem Negro’, o autor retrata a tendência dos negros de definirem suas existências apenas a partir da dominação européia e da importância de serem autores da própria história. “O existencialismo negro que eu convoco e defini aqui, ele se empenha em lutar contra essa constatação. Assim como o existencialismo negro nega aquilo que querem nos apresentar como a superioridade do homem branco. Eu não devo viver com um complexo de inferioridade e dar a homens brancos mais do que eles já têm”, declarou o autor.
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