Helder Dias dia é um pioneiro. Antes da galera do tombamento e lacração, antes do Instagram, Lupita e Conka ele já investia pesado na beleza negra com sua empresa HDA Model. Seu sucesso foi pauta de várias matérias. Uma delas no Estadão, um dos maiores jornais do Brasil, com o título “Ascensão social aquece consumo étnico”, publicada em 2014.
Para incrementar a reportagem, Helder fez uma foto de destaque e mal sabia ele, que muitos anos depois essa sessão de fotos seria uma grande fonte estresse.
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Tendo a imagem de Helder e seus modelos no arquivo, o Estadão decidiu usá-las para ilustrar reportagens que nada tinham a ver com o empresário ou sua área de atuação, como por exemplo, reportagens sobre violência policial em 2016.
Helder entrou com processo contra do Estadão por danos morais e agora aguarda o resultado final em segunda instância.
“Fiquei constrangido em ter a minha imagem vinculada a matérias que não condizem com a minha verdade, ideologia que defendo na empresa. Como empresário não foi legal ver a minha empresa ser ligada a estes fatos, pois pode passar uma imagem equivocada dos profissionais que trabalham aqui.Confio na justiça e iremos esperar a decisão da Segunda Instância”, afirma Dias.
“Isso é reflexo do quanto os negros continuam sendo percebidos sob a camuflagem dos estereótipos dentro das redações de maioria branca”, explica Helaine Martins, jornalista e criadora do projeto Entreviste um Negro.
Para ela o preconceito sempre determinou qual espaço os negros deveriam aparecer nos noticiários. “Desde sempre estivemos nos espaços pré determinados, em editorias como
esporte e, principalmente, polícia. Tanto que não houve o menor pudor em se utilizar a foto de negros produzida para uma matéria sobre empreendedorismo para ilustrar uma pauta de violência policial. Não importa onde os negros estejam, se estão bem vestidos, se ocupam cargos de poder, eles sempre terão sua imagem associada à marginalidade, à violência, à miséria”, reflete a jornalista.
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