O meio digital e as suas diversas possibilidades de empreender, foi tema principal de um encontro que aconteceu na terça-feira, 21, durante o último dia do Festival Afrofuturismo, em Salvador. O painel, voltado para área de tecnologia e inovação teve como tema: “Criadores de conteúdo e Afroempreendedorismo” e foi apresentado por Flávia Paixão, Rafa Xavier e Samyra Priscila, três empreendedoras pretas que movem os seus negócios dentro e fora de plataformas digitais. Mediado pela gerente de parcerias do YouTube Brasil, Luana Nazaré, o encontro, que aconteceu no Museu da Energia no Pelourinho.
O diálogo foi iniciado com uma breve apresentação das palestrantes que falaram dos seus currículos, negócios, e vivências no meio digital. Flávia Paixão é administradora, especialista em gestão de negócios em marketing digital e criadora do canal “Empreender com Paixão” no YouTube, onde ensina para mais de 100 mil inscritos, sobre gestão de negócios de forma leve e objetiva. “Transformo paixões em negócios de sucesso”, diz Flávia com entusiasmo.
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Historiadora por formação, Rafa Xavier é trancista, dona de empreendimentos em Belo Horizonte, de onde é natural, e tem um canal onde trata sobre empreendedorismo negro para profissionais que são da área da estética afro capilar. A Rafa é responsável por um salão de beleza especializado em tranças e cursos de tranças, e um SPA, especializado em noivas negras. “Estamos fazendo um movimento de potencializar outras mulheres, que também estão trabalhando com o empreendedorismo negro”, ressalta ela ao falar sobre as suas contribuições para o afroempreendedorismo.
Samyra Priscila também é criadora de conteúdo e atualmente é dona de uma loja online onde comercializa cabelos orgânicos. “Eu sou da época que não existiam produtos nacionais para mulheres negras, então eu tinha que fazer gambiarras. Sempre que eu achava algum produto que dava certo nosso tom de pele, eu ia e fazia vídeo no canal, gravava resenha. Então o meu conteúdo é voltado para esse universo da beleza”, esclarece Samyra, que ainda cita sobre o curso que ministra sobre maquiagem, onde repassa técnicas e conteúdos que vão do básico ao avançado.
Um ponto alto do diálogo foi quando as palestrantes citaram as motivações de cada uma em seguir no meio digital. Em todas as falas foi possível perceber a importância do repasse do conhecimento para outras pessoas, e as plataformas digitais como facilitadoras de todo o processo. Elas trouxeram falas sobre habilidades transferíveis e sobre como funciona a procura pelo tipo de conteúdo veiculado por elas, que quase sempre ocorre pela necessidade real das pessoas. “Compartilhar a nossa história sempre é muito importante, principalmente quando a gente vê, no caso desta plateia, o brilho em cada olhar. É sobre inspirar e orientar, não é só olhar o que fizemos, mas também, olhar o que a gente consegue fazer quando a gente se movimenta, quando a gente está junto.”, reforça Flávia Paixão.
A roda de conversa foi se encaminhando para o final, após algumas reflexões sobre como o meio digital está intrinsecamente ligado ao empreendedorismo. Em outro momento, foram feitas algumas perguntas à plateia que respondeu sobre quem estava empreendendo e quem seguia também utilizando o meio digital. A fala foi aberta para alguns participantes da plateia que tiraram dúvidas e agradeceram pela troca de experiências.
“E essa troca, esse movimento, o evento em si, é para dar essa energizada, né? O que eu estou fazendo aqui no Museu da Energia é para a gente. Para que a gente entre e continue nesse movimento, para realizar os nossos sonhos, para se conectar com a nossa comunidade e mostrar que a gente precisa, sim, chegar mais longe”, comenta Flávia Paixão sobre a sua participação no painel.
Segundo Rafa Xavier, poder falar com pessoas negras que também estão procurando por estratégias de negócios é super importante. “Tudo isso se torna uma base de fortalecimento para as potências que a gente já tem”, reforça ela.
“Querer ter algo diferente, diferente do que a minha família pôde, sabe? Eu pude criar oportunidades para mim, para minha família, acho que essa foi uma das minhas maiores motivações”, diz Samyra Priscila, sobre as suas motivações no meio digital como afroempreendedora. Segundo ela, eventos como esse são importantes, pois há uma identificação nas histórias relatadas. “Às vezes a gente está passando por processos que a gente não sabe como superar, mas tem outras pessoas que já passaram também. Então, acho que esse evento é muito importante por isso, devido à troca de conhecimento e da identificação”, conclui.
O Festival é realizado pelo Vale do Dendê como parte da programação do Salvador Capital Afro.
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