A cantora Luísa Sonza, acusada de racismo após “confundir” uma hóspede negra de uma pousada em Fernando de Noronha com uma servidora do local, publicou um comunicado, nesta segunda-feira (19), em que diz que vai acatar o valor pedido pela autora do processo, iniciado em 2020.
O comunicado de Luísa, no entanto, não apresenta um pedido de desculpas à vítima e nem cita a palavra “racismo”, que aparece camuflada como “questões sociais”, no texto divulgado no Twitter da cantora. “Me dei conta de que todos, até pessoas como eu, que se reconhecem como aliadas às questões sociais, precisam sempre estudar mais e buscar por mais conhecimento e ainda mais empatia”, disse ela.
Notícias Relacionadas
Do Black Power ao ajoelhar: a história repetida da luta antirracista no esporte
Até quando a vitória será do racismo? A injustiça cometida contra Vini Jr.
Acontece, no entanto, que não existe “ser aliada” no combate ao racismo sem nem reconhecer que foi racista, dando o verdadeiro nome e o tom que a situação merece. E que são exatamente “pessoas como” Luísa que perpetuam o racismo neste país diariamente. Negam o fato quando são pegas no flagra, quando não existe mais a possibilidade de negar, se colocam como vítimas de um sistema racista e dizem que querem “aprender”. Será que 520 anos de “aprendizado” às custas do sofrimento e do constrangimento de pessoas negras não foram suficientes?
Quando o processo movido contra Luísa veio à tona, em 2020, ela foi enfática em negar, com todas as palavras, que o fato tenha ocorrido. “Eu jamais ofenderia outra pessoa por conta da cor de sua pele”, disse ela na ocasião, que afirmou, em letras garrafais, que a mulher que moveu o processo contra ela estava mentindo. “Gente, tudo isso é MENTIRA! Não acreditem nisso!”, disse Luísa em setembro de 2020.
A falta de um pedido de desculpas foi percebida pela internet. A cantora Jup do Bairro se posicionou no post de Luísa, relembrando que “se aliar é para além”. “Contudo se coloca como a principal vítima da situação onde ao menos pede desculpa a verdadeira lesada do caso e seu público preto que se sentiu diretamente ofendido quando negou a acusação publicamente. se aliar é pra além, Luísa. afeto e efeito precisam andar lado a lado”, disse Jup.
Estando bem claro que essa situação não vai trazer nenhum aprendizado para a cantora, pelo menos vai trazer reparação financeira à vítima pelo racismo operado – embora não admitido – por Luísa Sonza.
Notícias Recentes
“Razões Africanas”: documentário sobre influências da diáspora africana no jongo, blues e rumba estreia em novembro
Canal Brasil celebra Mês da Consciência Negra com estreia de longas, documentários e entrevistas exclusivas