Se no “Homem-Aranha no Aranhaverso” vimos que Miles Morales, assim como os outros, é um legítimo spider, em “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” vemos que na realidade ele pode ser mais que apenas mais um da linhagem aranha, o único da sua própria história.
Após o grande sucesso de “Homem-Aranha no Aranhaverso”, a Sony consegue provar que é possível se superar e tornar Miles Morales um dos maiores homem-aranha de todos os tempos, seja no cinema ou em qualquer outro lugar.
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Para entender melhor, temos que voltar do início (assim como fazem sempre quando tem a oportunidade de apresentar mais uma versão das pessoas-aranhas). Miles Morales, um jovem negro, latino e morador do Brooklyn se torna o primeiro homem-aranha negro e o único aranha do seu universo quando uma aranha radioativa morde nosso heroí, enquanto Peter Paker morre na mão do Rei do Crime. Até então, é isso que o primeiro filme nos mostra e a sequência vem mostrar que há muito mais por trás disso.
Após os acontecimentos de “Homem-Aranha no Aranhaverso” e “Homem-Aranha Sem Volta Pra Casa” – sim, aqui no Aranhaverso os dois episódios tiveram o mesmo efeito no multiverso – os amigos da vizinhança acabaram deixando uma “ruptura” entre os universos e dão vida ao Mancha, o nosso vilão. Sem uma ambição complexa e profunda, mas com importância para a história de Miles.
Mesmo sendo um vilão de grande impacto para o drama, o filme está mais focado nos dilemas e conflitos de Miles Morales como homem-aranha. Se você é um grande apreciador dos filmes do aranha sabe que isso é algo comum entre eles, mas com Miles é diferente.
Neste filme temos uma narrativa mais sombria do que é ser uma pessoa-aranha e até onde “ser você mesmo” pode ser conflituoso quando a sua história é entrelaçada com a de outros. Nosso herói descobre da pior forma que não pode salvar todo mundo e muito menos mudar sua narrativa sem consequências.
Quando se fala de narrativa de uma pessoa-aranha – porque neste ponto “homem” não contempla mais todas as versões – existem certos momentos “canônicos” que não mudam. Seja a picada por uma aranha radioativa, a morte de um ente-querido seguido dos “grandes poderes vem com grandes responsabilidades”, ou até mesmo o conflito interno que todos eles passam para se tornar um super-herói melhor. Mas o que acontece quando você se nega a viver o que a história escreveu para você? Esta é a grande chave que torna Miles Morales diferente de todos e que faz a narrativa do filme mais atraente.
Quando falamos de narrativas, não há como não relacionar com representatividade. Um peso que não está mais nas costas só do Miles. No Aranhaverso somos apresentados a novas aranhas e novas identificações.
Temos Pavitr Prabhakar, o homem-aranha da Índia, Hobie Brown, o Spider-Punk (interpretado por Daniel Kaluuya), Jessica Drew, a Mulher-Aranha (interpretada por Issa Rae) e Miguel O’Hara, o Homem-Aranha 2099. Todos eles têm um papel importante dentro da trama – o que particularmente me agradou bastante – principalmente Miguel, o antagonista disso tudo.
O Homem-Aranha 2099, um dos meus preferidos desse filme, veio exatamente para bater de frente com o nosso protagonista e ao mesmo tempo levantar o questionamento de até onde uma pessoa-aranha pode ir.
Também temos sim grandes momentos que todos os heróis passam que são preservados neste filme, como sua relação com sua mãe. Que mesmo não tendo super-poderes consegue mostrar que o poder de mãe é forte o suficiente para guiar seu filho.
Além da representatividade nos personagens, a música segue sendo um dos grandes acertos. Além de músicas do Rakim e Bob Brown, temos uma trilha sonora impecável feita pelo produtor executivo Metro Boomin, conhecido no Rap por suas grandes produções. Ele traz um time de peso que conta com A$ap Rocky, 21 Savage, Future, Nas e muitos outros nomes.
É possível perceber que houve um certo cuidado em trazer detalhes que fariam toda diferença para quem está assistindo. Muitos deles nem sendo importante para a narrativa, mas o importante o suficiente para suprir os consumidores dos amigos da vizinhança.
Outro acerto do longa é a animação, que desde os primeiros minutos é possível perceber que houve muita dedicação de transmitir mais do que uma boa narrativa e entregar uma bela fotografia. Além do mais, a animação não segue um padrão, chegando em muitos momentos sendo algo mais experimental, meio psicodélico. Um bom exemplo de modelo que o filme segue é o filme Entergalactic, do Kid Cudi, que segue o mesmo conceito de animação.
Por ser pessoas-aranhas de diferentes épocas e mídias diferentes, alguns até inusitados, essa animação mais fora do padrão, fugindo do básico mundo real e desenho, garante mais identidade para cada estilo de pessoa-aranha que surge.
Por fim, para não contar demais, todo o hype em cima do filme é mais que válido e a direção não só deu conta como entregou mais que o esperado. Bom demais ser fã do Homem-Aranha!
Se o primeiro levantava a questão se era o melhor filme do Homem-Aranha já feito, este bate o martelo. Até o momento, “Homem-Aranha Através do Aranhaverso” é o melhor filme do Spider.
Se você é uma pessoa, que assim como eu, se apaixonou por Miles Morales, seja no primeiro Aranhaverso ou nos jogos, ou é apaixonado por outros diversos amigos e amigas da vizinhança, “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” traz de forma bastante satisfatória a consolidação de um Miles Morales, que deixa de ser mais um homem-aranha para ser único, com sua própria narrativa.
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