Elian Almeida fala sobre resistência da cultura afro-brasileira na exposição “Pessoas que eram coisas que eram pessoas”, em São Paulo

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Elian Almeida fala sobre resistência da cultura afro-brasileira na exposição “Pessoas que eram coisas que eram pessoas”, em São Paulo
Foto: Divulgação

Inaugura neste sábado (13) a primeira exposição solo em São Paulo do artista carioca Elian Almeida, na galeria Nara Roesler. A exposição “Pessoas que eram coisas que eram pessoas”  traz o resultado de suas pesquisas sobre a cultura e memória afro-brasileira em busca de reverenciar a luta e resistência dos antepassados.

A mostra traz pinturas inéditas de Elian Almeida que apresentam o resultado das pesquisas do artista sobre a resistência dos negros escravizados em manter suas tradições vivas. Ele reúne símbolos e imagens, em busca de trazer uma nova narrativa das manifestações culturais que foram importantes para a continuidade das tradições afro-brasileiras.

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Almeida fundem diferentes tempos e narrativas junto com sua própria biografia, sendo o tempo e espaço pontos importantes das suas pinturas. A exposição é baseada nas diásporas no território brasileiro, mais especificamente a migração do povo baiano para o Rio de Janeiro. Para ele, essa união das culturas foi importante para as expressões de resistência da cultura afro-diaspórica, em especial no território conhecido como Pequena África, no Rio de Janeiro.

“Nasci duas vezes no mesmo lugar”, diz o artista, que se refere a região do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, que foi um dos principais pontos de chegada e comercialização de negros no século XIX e também onde nasceu. Ele considera que a chegada dos seus ancestrais no porto em condição de “coisas” e não “pessoas” foi determinante para seu nascimento em 1994 na mesma região.

O fio condutor da exposição é a religiosidade manifestada em práticas sincréticas. Em Recôncavo baiano, localizado na região da Baía de Todos os Santos, na Bahia, surgiu irmandades secretas na época da escravidão, como Irmandade da Boa Morte e a Irmandade dos Homens Pretos, que lutaram contra o apagamento de tradições e culturas africanas que se encontram presentem até nos dias atuais. Para ele, essas manifestações foram importantes para impedir o apagamento das raízes africanas.

Quem for apreciar a exposição, encontrará obras que representam rituais afro-brasileiros, como a lavagem da escadaria do Bonfim e cultos aos orixás, e também representações da vida cotidiana dos tempos passados e atuais. Um dos destaques, é a pintura que faz menção a lei do ventre livre, de 1871, que considerada livres os filhos de mulheres escravas. A pintura é representada por uma mulher negra, prestes a dar à luz, deitada sobre o chão de um sobrado colonial, acompanhada por uma rezadeira.

A exposição Pessoas que eram coisas que eram pessoas abre no dia 13 de maio e fica disponível para o público até o dia 29 de julho na galeria Nara Roesler, no centro de São Paulo.

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