Texto: Rachel Maia
A escassez, a falta de acesso à informação, a bens de consumo, a segurança alimentar, e a estigmatização de pessoas negras – que precisam enfrentar o racismo já na infância tem relevância significativa nos dados que apontam o atual cenário de saúde mental no Brasil, onde pretos e pardos são maioria.
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Conforme conteúdo publicado no site do Instituto Cactus, na série, Saúde Mental é Todo Dia, há um trecho que diz: “Mesmo que o sofrimento psíquico seja comum a todas as pessoas, os impactos são diferentes porque quando falamos em saúde mental precisamos considerar os determinantes sociais que atravessam o tema”.
Em novembro de 2023 o Ministério da Saúde realizou um evento com foco na saúde mental da população negra, quilombola e indígena. Tendo como um dos temas a obrigatoriedade do quesito raça/cor, – dentro dos padrões do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – e o conceito de interseccionalidade para o avanço e estratégias de combate ao racismo que é fator determinante para a saúde mental da população negra.
Quando ouço o relato de pessoas que se depararam com questões de raça porque foram apresentadas a elas de maneira excludente, me vem à mente o quanto poderíamos ter avançado se ao invés de problematizar nossas diferenças as potencializássemos. Sigo compartilhando com vocês a minha trajetória de diversas maneiras, em palestras, artigos, e em meu livro, Meu Caminho Até a Cadeira Número 1, e tenham certeza, nada me deixa mais feliz do que ter a oportunidade de relatar a vocês que nossas dores não nos definem.
Mas, hoje, quero ressaltar o quanto é importante nos mantermos saudável físico, emocionalmente e mentalmente, para que as adversidades (que para pessoas negras ainda têm um peso significativo) não nos impeçam de seguir, pois não se trata apenas das nossas práticas. Fatores biológicos, psicológicos e sociais, interferem no resultado da nossa saúde mental, e por isso, precisamos ficar atentos, e discutir sobre o tema.
Conforme pesquisa realizada pela, Associação Médica Brasileira (AMB) um a cada seis pessoas fazem uso de medicamentos para tratar algum tipo de condição mental e apenas 5,1% têm acesso à psicoterapia – que é realizado como tratamento inicial as questões de adoecimento mental. O tratamento humanizado, tal qual, o acesso a profissionais especializados é algo distante da realidade financeira, e de conhecimento da população, principalmente das pessoas negras.
É importante ressaltar que ainda existem tabus ao que está relacionado à saúde mental na sociedade e que este fator também colabora para o não diagnóstico precoce, o que dificulta a compreensão e tratamento adequado. Outro fator relevante é o fato de não haver dados precisos, pois os tabus distanciam a sociedade do tema, e a saúde pública ainda não atende a demanda para promover a prevenção com foco em tratamentos terapêuticos.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) quase 10% da população brasileira está lidando com transtorno de ansiedade que é considerado um dos principais vilões, e porta de acesso para outros transtornos. Estamos finalizando o mês de setembro que desde 2015 foi intitulado de Setembro Amarelo, que corresponde à campanha brasileira de prevenção ao suicídio. E, quero ressaltar aqui, que você não está sozinho. Ligando 188, que é gratuito, e funciona 24 horas, durante todo o ano, você pode conversar com um voluntário e receber ajuda.
Priorizar a saúde e equilibrar as emoções são ferramentas necessárias para alcançar os objetivos profissionais e de vida. Faz parte do processo para as escaladas da vida e nos tornam mais fortes e preparados. O autoconhecimento é algo fundamental para o bom convívio tanto no meio social como no ambiente de trabalho e, de igual relevância para que possamos seguir saudáveis e com foco no que realmente importa. Cuidem-se!
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