Com direção de Jeferson De, o longa-metragem “Doutor Gama” , inspirado na vida do advogado e jornalista abolicionista Luiz Gama, estreia dia 5 de agosto nos cinemas, dando luz à uma personalidade que tem ganhado cada vez mais notoriedade (de forma merecida). Vendido por seu pai para mercadores de pessoas escravizadas e mandado para São Paulo. Conquista sua própria liberdade aos 18 anos e aprende a ler com a ajuda de um estudante de Direito.
O longa traz no elenco três atores interpretando Luiz Gama: Pedro Guilherme (criança), Angelo Fernandes Luiz (jovem) e César Mello (adulto). “Eu nunca tinha dirigido três atores fazendo o mesmo personagem. Foi um desafio muito grande, mas eu me coçava pois adoro essa coisa de novos desafios”, diz Jeferson De.
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O elenco da cinebiografia traz diversos rostos de pele escura em posições de importância e protagonismo bem-vindos para o cinema nacional, seguindo proposta já conhecida dentro da filmografia de Jeferson De, responsável por filmes como ‘Correndo Atrás’ e ‘M8 – Quando a Morte Socorre a Vida’. “Tem uma diferença bem interessante após barateamento de tecnologia para fazer seus filmes. Há uma geração crescendo atrás das câmeras, aprendendo como escrever roteiro, como dirigir um filme. Tem muita gente madura, principalmente no streaming. Não foram os atores e atrizes que apareceram nos filmes que modificaram a indústria americana. Foi importante, mas foi um start para que diretores e produtores fizessem seus filmes. Falo da Ava Duvernay, do Barry Jenkins, do Spike Lee”, exemplifica De sobre a importância de amadurecer a produção cinematográfica negra no Brasil. Para o diretor, a quantidade de diretores e produtores atrás das câmeras potencializa as oportunidades de crescimento da diversidade, já que as decisões criativas e de investimento ficam nas mãos de indivíduos com visão mais racializada.
A atriz Mariana Nunes, que vive Claudina, esposa de Gama, tem linha de raciocínio parecida com a do diretor. “As pessoas confundem diversidade com cota. Acham que diversidade é colocar um preto ali na sala de roteiro, mas não pensam nos lugares de direção, de chefia. Não pensam para além de diversidade, de inclusão. A inclusão e trazer o diverso e criar condições para que esse universo exista plenamente e existir plenamente é ele falar do seu ponto de vista, do seu lugar de fala e falar com pessoas que tenham outro ponto de vista”, diz a atriz.
Retratando a figura de um abolicionista ferrenho em tempos de Brasil governado pelo conservadorismo feroz, o ator César Mello aponta que a produção de ‘Doutor Gama’ “ faz parte da construção de resistência” e reflete “Esses dias ouvi uma frase muito bonita. A gente ouve muito falar que estamos doentes (…) Eu ouvi a frase ‘não é tempo de parar, não é tempo de ficar quietos, de lamber feridas. É tempo de resistir, tempo de falar, tempo de lutar”, diz.
Recentemente Luiz Gama recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de São Paulo (USP), corrigindo uma injustiça histórica e seu retrato cinematográfico chega num momento em que se anseia por saber mais sobre sua vida. A linguagem acessível do cinema trará luz a um público que não pode se familiarizar com o abolicionista pelos meios acadêmicos. “Acho um pouco burro a gente não realizar que existe um público sedento dessas obras. E pessoas pretas e brancas. Muitos brancos vem agradecer por essas obras existirem porque começam a ter uma dimensão diferente da questã racial no Brasil e muitos negros se sentindo contemplados por essa história estar sendo contada”, Conclui Mariana Nunes
“Doutor Gama” estreia dia 5 de agosto nos cinemas.
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