Em nota, o professor e ativista defendeu o fortalecimento da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva como contraponto a Bolsonaro.
Após 16 anos e quatro eleições como candidato a diversos cargos, Douglas Belchior, historiador e integrante do movimento negro, anuncia sua desfiliação do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Em nota divulgada nesta quinta (30), o professor destaca que
a decisão foi tomada após as conclusões do 7º Congresso Nacional do partido, mas que tem sido amadurecida há tempos.
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Nos últimos anos, sobretudo a partir de 2016, Belchior vem questionando – em documentos, diálogos internos e na esfera pública -, as condutas das quais discorda. Como consequência, sofreu diversas represálias. “É evidente que pesa também na decisão pela saída do partido, toda a violência política, a prática do boicote, do apagamento, do silenciamento, da desqualificação e do racismo institucional que sofri nesses anos”, diz a nota. O documento ainda destaca que “embora o discurso [do partido]
carregue elementos de mudanças, a estrutura não muda”.
“Este 7º. Congresso também evidencia dificuldade em lidar com experiências que não aquelas acorrentadas à dinâmica das tendências internas, explicitado na necessidade de regulação (controle e limitação) de candidaturas coletivas, na proibição de
candidaturas apoiadas por iniciativas da sociedade civil e na limitação da possibilidade de busca de recursos fora dos “padrões partidários”. E avança pouco na produção de mecanismos de efetivação do fortalecimento de lideranças negras organicamente
ligadas aos movimentos negros” diz Belchior na nota.
Quanto ao debate eleitoral, Douglas é categórico: “Acredito e defendo a necessidade de fortalecer desde já a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva como contraponto a Bolsonaro. Titubear à esta altura é um erro. Mais um tema tergiversado neste
Congresso.”
“Este último congresso não deu sinais de renovações e mudanças. Titubear em assuntos cruciais para a sociedade, deixando debates importantes para o futuro, é um erro. Principalmente, por não avançar em produzir mecanismos reais de efetivação de
uma política de fortalecimento de candidaturas negras, organicamente aliadas aos movimentos negros, entre outros modelos. A forma de fazer política vem mudando nos últimos anos e o partido precisa se abrir às demandas organizativas dos movimentos
de periferia e do movimento negro”, destaca Belchior em alguns trechos da nota.
O ativista dirige a critica às direções estadual de São Paulo e Nacional, e elogia militantes de base e parlamentares: “Registro meu respeito a essas lideranças e reconheço a importância de diversos mandatos legislativos, alguns deles comprometidos com a agenda do movimento negro.”
Apesar da saída e sem ainda definições sobre se deverá se filiar ou promover uma nova candidatura em 2022, o historiador acredita na necessidade de uma unidade possível, nos marcos da defesa dos direitos humanos, cuja missão seja o fortalecimento de agendas fundamentais: a defesa da vida de pessoas negras, mulheres, quilombolas e indígenas, comunidade LGBTQIA+, atenção às questões climáticas, enfrentamento à fome e às violências do Estado.
Leia a íntegra da nota:
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