Por Ivair Augusto Alves dos Santos
As crianças negras se espelham nas imagens e no comportamento dos artistas, cantores, músicos, atores e atrizes que invadem nossas casas, muitas vezes sem serem convidados, de maneira intrometida passam a moldar o comportamento de nossos filhos. No elenco da novela ‘Vai na Fé’, há uma menina que é uma atriz magnifica, segura e que transmite muita verdade.
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Testemunha das dores, problemas e luta a família, muito ligada ao pai, praticante de boxe. Ela passa uma rebeldia e inquietação das crianças inteligentes. Maria Eduarda, a Duda (Manu Estevão) é a filha caçula de Sol (Sheron Menezzes) e Carlão (Che Moais). Duda é uma revelação. O que dignifica o seu personagem é a forma como a mãe, avó e irmã se relacionam. Não podemos deixar de notar o cabelo, ao natural, belo e como uma coroa de uma princesa.
O diálogo em que Duda participa é sempre com perguntas bem colocadas, certeiras sobre o quotidiano da família. Ela participa das decisões, dos dramas e incertezas da vida. A companhia de um cachorro, em uma casa, é o sonho de toda criança, mas agora com a vida em apartamentos, torna-se muito mais difícil. Duda mora em uma casa e pode compartilhar e acolher o seu cãozinho, que foi presente de seu pai.
Uma criança negra tem pouca , ou quase nenhuma possibilidade de se ver na TV. Normalmente é uma entre muitas crianças. Uma menina negra ajuda na formação do imaginário de milhares de crianças. Pode não parecer, mas elas estão olhando e vão procurar imitá-la no seu jeito de falar, comportar-se, vestir-se, cuidar do seu cabelo, sua frequência na escola e sua religiosidade.
A religiosidade na novela ‘Vai na Fé’ tem um traço admirável e louvável: a leveza. Não há espaço para exageros, campanhas de dízimo, condenações de comportamentos, teologia da prosperidade, nem discursos de ódio. As religiões se respeitam. Parece o óbvio, mas em tempos de polarização, acompanhar o testemunho cristão pela solidariedade, sobriedade e esperança, nos anima a assistir a TV sem preconceitos e sonhar com existência de uma sociedade plural, em que as crianças são atores respeitados na sua vontade, integridade e na sua capacidade de sonhar.
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