Desigualdades e preconceitos afetam o acesso ao mercado de trabalho de jovens das periferias de São Paulo, revela pesquisa

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<strong>Desigualdades e preconceitos afetam o acesso ao mercado de trabalho de jovens das periferias de São Paulo, revela pesquisa</strong>
Foto: Freepik

Preconceito, localização e qualidade de vida impactam o acesso ao mercado de trabalho de jovens das periferias de São Paulo. Uma pesquisa do Juventudes Potentes, aliança que promove a inclusão produtiva de jovens-potência da periferia da cidade de São Paulo e faz parte do movimento internacional Global Opportunity Youth Network (GOYN), publicou o estudo “Injustiças estruturais entre jovens na cidade de São Paulo”, para descobrir quais sãos as dificuldades dos jovens.

Em parceria com Rede Conhecimento Social, a pesquisa contou com a participação de 600 jovens das regiões Sul e Leste de São Paulo, entre 15 e 29 anos, que colaboraram como respondentes e pesquisadores. No geral, 71% se declararam negros, 24% pretos e 47% pardos. Nove em cada 10 entrevistados acreditam que “existe um processo de desigualdades sociais históricas que atinge algumas pessoas e grupos e as mantém em condições menos favoráveis que outras”.

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Para quem mora nas periferias, se manter ativo no mercado de trabalho ou conquistar o tão sonhado emprego precisa enfrentar o preconceito nas entrevistas. De uma forma geral, 45% afirmaram que “preconceito e a discriminação” dificultam a conquistar as vagas, muitas vezes sendo avaliado apenas por suas caracteristicas pessoais e sociais em vez do currículo e potencial. 38% de jovens já se sentiram prejudicados por conta da cor da pele.

Para 50% dos participantes, a baixa qualificação profissional e a concorrência injusta também é um empecilho para conquistar boas vagas de trabalho. Além disso, 39% já se sentiram subestimados por conta do lugar onde estudaram.

Para muitos, a inserção no mercado de trabalho começou cedo, 42% disseram ter começado antes dos 16 anos e 64% dos jovens estão economicamente ativos no momento. Mas para 54% há poucas vagas perto de casa, o que dificulta a conseguir um emprego muitos (24%) até precisam mentir sobre onde moram. Há também uma dificuldade de conseguir se locomover para o emprego: 42% levam mais de uma hora para chegar ao centro, 60% já se sentiram prejudicados por passar muito tempo no transporte e 68% já ficou sem dinheiro para a condução.

Saúde e segurança também foram citados como dois fatores preocupantes, principalmente entre as mulheres e pessoas LGBTQIAPN+. Cinco em cada 10 mulheres não se sentem seguras em chegar tarde em casa e 3 a cada 10 jovens LGBTQIAPN+ não se sentem seguros no bairro em que moram.

Conciliar trabalho, educação e outras responsabilidades também foi citada como um desafio. 21% dos jovens abandonaram os estudos por não conseguirem dar conta de tudo. Já outros 44% disseram que pensaram em parar também. Um dos motivos principais é a maternidade e paternidade: 38% dos jovens são mães ou pais, sendo 37% deles antes dos 17 anos, e 39% disseram assumir sozinhos a responsabilidade pelo cuidado do(s) filho(s).

“A pesquisa mostra que as principais injustiças são vivenciadas por jovens com baixa rendadomiciliar, mulheres, negros, LGBTQIAPN+ e com filhos. Com isso, é importante que a sociedade se conscientize dessa realidade e proponha planos de ação articulados. É imprescindível criar políticas intersetoriais e entre diferentes atores do ecossistema do mundo do trabalho para construir, de forma conjunta, mecanismos de superação das desigualdades sociais e promoção de qualidade de vida a esses jovens, com direito à projeção de futuro, escolhas e dignidade”, comenta Nayara Bazzoli, Diretora de Projetos da Rede Conhecimento Social.

A pesquisa apontou 10 “soluções” para os problemas dos jovens periféricos de São Paulo. São elas: 

1. Ofertar reforço escolar para diminuir desigualdades educacionais;

2. Promover maior aproximação da escola às suas demandas de jovens periféricos: trabalho, condições de vida, habilidades existentes e a serem desenvolvidas, projetos de vida, saúde mental, etc.;

3. Promover inserção mais qualificada ao mundo do trabalho;

4. Promover o uso qualificado da Internet.

5. Criar meios de garantir inclusão e permanência do jovem no trabalho, com olhar também para o estudante trabalhador e/ou mãe;

6. Desenvolver políticas públicas de incentivo e fiscalização de direitos trabalhistas e de inclusão produtiva;

7. Incentivar as empresas a se instalarem nas periferias;

8. Construir capacitação dialogada entre Governo, OSCs e Empresas, visando os desejos

dos jovens, tendências, profissões de futuro e oportunidades de desenvolvimento do próprio território;

9. Mudar a cultura internadas empresas para que acolham o jovem trabalhador desde o processo seletivo e garanta condições favoráveis ao seu desenvolvimento;

10. Incentivar novas dinâmicas de trabalho pensadas em jovens periféricos.

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