Inspirado no livro “12 anos de escravidão”, de Solomon Northup, o espetáculo “12 Anos ou Memória da Queda” protagonizado por Dani Ornellas, David Júnior e Carmo Dalla Vecchia, estreia no Teatro do CCBB – RJ, no dia 16 de novembro, às 19h30.
Retornando ao teatro, onde começou a carreira que já soma 27 anos, Dani Ornellas vê na montagem um encontro sincrônico com profissionais com os quais sempre teve desejo de trabalhar, dentro e fora de cena.
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“A vibração de cada um que compõe essa equipe me faz sentir voltando para casa. Estar em cena nesta peça é muito profundo, porque traz histórias muito próximas a situações que eu vivencio como mulher preta artista brasileira. Como minha personagem diz em cena, ‘Sou eu, mesmo quando eu não estou lá. É você, mesmo quando você não está lá. É o seu ancestral’. Este espetáculo é um convite pra que as pessoas pensem sobre isso”, percebe a atriz.
O atual momento do país foi determinante para a montagem contar com David Júnior no elenco. “Estamos tocando numa ferida social, econômica, estrutural do nosso país que precisa ser falada. Me sinto muito realizado como artista pelo tema e pela equipe técnica incrível que conseguimos reunir neste trabalho. Enquanto tivermos pessoas sendo descartadas da sociedade apenas por representar o seu lugar de negro, com todo este discurso de ódio, invisibilidade e descaso com os corpos negros precisaremos colocar estes assuntos em voga. É importante estar em cena no momento em que estamos vivendo, falando dessas mazelas antigas e, ao mesmo tempo, tão atuais na nossa sociedade”, pontua.
A peça apresenta uma releitura da história através da ótica feminina negra, presente na direção de Onisajé e Tatiana Tiburcio.
“Reconstruímos essa história a partir da compreensão atual de quem é esse sujeito negro e o que significa essa liberdade pra ele hoje a partir dessa trajetória. Porque não é interessante trazer algo datado, mas enxergar dentro dessa narrativa o que a gente conseguiu de vitórias e avanços e o que ainda precisamos romper enquanto imaginário sobre este sujeito, enquanto discurso deste mesmo sujeito, enquanto existência e perspectiva de futuro. O quanto ainda precisamos avançar a partir desta base constituída e apresentada lá trás”, observa Tatiana Tiburcio.
É perpassando a figura de três elementos do mar profundo, a calunga grande dos povos africanos, que é contada a história da peça inédita criada pela dramaturga Maria Shu.
Onisajé acredita que, mesmo os espectadores que não leram o livro e nem viram o filme, dirigido por Steve McQueen em 2013 e levou 3 estatuetas do Oscar, encontrarão uma argumentação cênica que aponta o quanto ainda são criados discursos de inferiorização para justificar a neo-escravização. “A questão racial é a pauta mais urgente a ser enfrentada no Brasil. Um país que concebe e ainda alimenta argumentações e posicionamentos racistas não poderá avançar como nação”, defende.
SERVIÇO:
Teatro I – CCBB RJ
Temporada: 16 de novembro a 16 de dezembro
Quarta a sábado às 19h30 | Domingo às 18h*
*Não haverá espetáculo nos dias 24/11 e 02/12
As sessões estão sujeitas a alterações de elenco.
Na sessão do dia 20 de novembro haverá acessibilidade com intérprete de libras e audiodescrição
Inteira: R$ 30 | Meia: R$ 15 , disponíveis na bilheteria física ou no site do CCBB (bb.com.br/cultura)
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