Quem se esforça para compreender o sentido da vida, com certeza não menospreza o conhecimento vindo das crianças. Sim elas são ingênuas e inocentes, mas a pureza do olhar infantil é capaz de desconstruir com mais facilidade o que para os adultos parece não ter conserto. Quando falamos do denso assunto chamado racismo, enquanto criança não temos a noção de quão perverso ele é, pelo menos a princípio. É como diz Mandela , a gente não nasce odiando o outro.
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Carolina Monteiro e Kauan Alvarenga são crianças fortes e inteligentes que não se intimidaram quando seus cabelos crespíssimos foram alvo de piadas e comentários maldosos e eles usaram a Internet para colocar os racistas em seu devido lugar.
Duro é a ignorância
“Meu cabelo não é duro, duro é ter que escutar gente ignorante falando que o meu cabelo é duro”. Com essa frase lapidar dita em seu terceiro vídeo no Youtube, Carolina Monteiro, de Divinópolis, Minas Gerais, conquistou o país, não só pelo conteúdo das suas postagens, mas principalmente pela postura segura e confiante de quem sempre amou ser negra. Um exemplo para todas as idades.
“Somos de uma família bastante consciente em relação à negritude, então desde sempre sabemos que somos negras e o que significa isso. Não só aceitamos como amamos a nossa cor. Carolina ama ser negra. Nunca quis ser branca, mesmo com todo racismo”, explica Patrícia Santos, mãe de Caroline que a cria (muito bem) sozinha.
A garota de 8 anos que ama seu cabelo “para cima e volumoso”, está na 3ª série e além de estudar teatro, pratica capoeira. O canal da Carolina do YouTube dá espaço para outras crianças falarem sobre seus cabelos e o que é ser negro para elas. Ela ainda dá dicas de penteados, brincadeiras e até dicas literárias.
Veja abaixo ela dando dicas de como as crianças devem responder quando amiguinhos dizem que seu cabelo é duro ou feio.
YouTube contra o bullying
Reclamar na escola ou recorrer as autoridades não funcionou. Então Kauan Alveranga, modelo e ator de São Paulo, de 11 anos, usou Youtube para dar voz, a dor que sofreu ao ser vítima de racismo em sala de aula por conta do cabelo. Não era apenas uma pessoa, mas um grupo que o perseguia com xingamentos e até agressões físicas. “Acontece todo dia e a professora não faz nada”, desabafou o ator mirim em seu vídeo na época. O caso aconteceu na escola João Vieira de Almeida, na Vila Maria, em São Paulo
https://www.youtube.com/watch?v=P1cALMmGHTw
Dezenas mensagens de apoio e solidariedade vieram de todo o Brasil. Ele saiu da escola e hoje, cursa a 6ª série, onde, de acordo com o próprio Kauan, é um lugar melhor e os meninos “não mexem tanto” com o seu cabelo. Mas ele não deixou para traz o que aconteceu e tem um advogado tratando do caso na sua escola anterior.
O apoio da família e a solidariedade nas redes sociais empoderaram Kauan que agora quer ter seu próprio canal de vídeos no Youtube. “Seria ‘dahora’ (sic) ter meus próprios vídeos porque adoro muito ser negro”, finaliza o ator mirim que adora andar de patins e escutar Nick Minaj.
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