
O South by Southwest (SXSW), maior festival de inovação do mundo que acontece nos Estados Unidos, nos lembra que o futuro não é um destino único, mas um campo de possibilidades. Enquanto o mainstream da tecnologia segue centrado no Norte Global, a África já está escrevendo um novo capítulo, um capítulo decolonial, sustentável e cheio de lições para o Brasil.
O afrofuturismo nos ensina que inovação e ancestralidade caminham juntas. Quando olhamos para a África como um polo de novas economias e tecnologias, rompemos com a ideia estereotipada atribuída a este continente e boa parte do Sul Global:
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Bioenergia e saberes ancestrais
No Camarões, comunidades estão reinventando o passado para gerar energia limpa. Usando processos biológicos inspirados no conhecimento tradicional, desenvolveram sistemas que transformam plantas e resíduos em eletricidade. Essa tecnologia, adaptável ao cerrado ou ao semiárido, desafia a lógica de grandes usinas e oferece energia a baixo custo para populações locais.
Cidades inteligentes para quem não é visto no mapa
No Quênia, uma plataforma usa mapeamento colaborativo para que comunidades identifiquem problemas urbanos, como falta de saneamento ou segurança, e pressionem o poder público. No Brasil, onde favelas muitas vezes são invisibilizadas no planejamento urbano, essa ferramenta poderia redefinir políticas públicas. A lição africana é clara: a tecnologia não precisa ser elitista para ser revolucionária.
Moedas próprias: rompendo com o colonialismo
Burkina Faso, Níger e Mali estão criando sua própria moeda, rompendo com o franco CFA (herança colonial da França ainda presente em antigas colônias africanas). Para o Brasil, que já experimenta bancos comunitários e créditos locais, essa onda de descolonização monetária inspira novas formas de autonomia financeira em territórios periféricos. Ruanda, por sua vez, transformou Kigali em um hub tecnológico, sendo pioneiro com drones entregando medicamentos e bolsas de sangue em áreas remotas, modelo que poderia ser replicado em regiões brasileiras isoladas.
Como lembra o escritor Amadou Hampâté Bâ, “quando um ancião africano morre, uma biblioteca inteira queima”. Hoje, essa biblioteca está viva, digitalizada, conectada e pronta para nos ensinar a imaginar futuros mais sustentáveis. A África não é o futuro. A África é o presente e o Brasil precisa se conectar com essa revolução ancestralmente futurista.
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