Modelo, dançarina, ativista do Movimento Negro, militante, atriz… Poderíamos usar várias linhas para falar sobre os talentos da baiana Moara Sacchi, que foi descoberta nacionalmente no clipe da Iza, lançado no dia 4 de junho, mas que tem uma trajetória na arte muito anterior a ele.

Natural de Belmonte, ela cresceu na vila de Santo André, em Santa Cruz Cabrália, começou a dançar nos palcos em 2011 e em 2015 iniciou como modelo depois de participar do concurso de beleza negra, em 2019 foi para São Paulo e passou atuar no eixo SP-RJ, em busca da conquista de sua visibilidade no cenário nacional. Por isso, participar do clipe Gueto da Iza venho depois de muito trabalho para Moara e serviu para escancarar portas que já estavam sendo abertas pela mesma.

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“Comecei na dança desde pequena com o Ballet clássico, dança contemporânea e expressão corporal no Centro de Convivência e Cultura de Santo André, estudei lá por seis anos e participei como bailarina em três espetáculos promovidos pela companhia. Em 2015 iniciei o curso de dança afro, com uma professora norte-americana, fundadora do grupo de dança afro no qual fui integrante por mais três anos, o grupo AFEFE, e cursei em paralelo alguns cursos livres de capoeira, dança do ventre, jazz, dança de salão, danças do oeste africano (coupé-decalé)”.

Moara acredita que foi preparada desde pequena para sua arte, ela acompanhava várias referências que as destinaram a interpretar suas facetas e história. Filha de uma casal composto por uma mulher negra, líder comunitária e um pai branco, italiano e escritor, a menina cresceu tendo raízes na luta e na arte, usando esses dois alicerces para se expressar:

“Com minha mãe aprendi a importância do ativismo político, a ir às ruas, a me impor quando necessário e a necessidade do aquilombamento, das trocas e do fazer para e com a comunidade. Com meu pai o amor e a paixão pela arte, aprendi a me enxergar como arte, faço e crio porque eu sou, são impulsos que vem de dentro pra fora. Com ele aprendi a escrever, a questionar, e muitos dos meus valores e ideologia vem de nossas trocas e de referências que me foram apresentadas pelo meu pai.”

Reprodução/Clipe Iza

Sobre sua participação do clipe Iza, Moara falou com a gente um pouco mais:

Como foi o convite para participar do clipe Gueto?

Acho que o convite da Iza tenha  vindo da minha performance no clipe do Caio “Só” foi o meu primeiro trabalho com o Felipe Sassi, pelo casting da Amanda Hayar, ali eles conheceram meu trabalho e criamos uma relação de amizade, até por que eu sou toda dada rsrs cheguei falando pra caramba e fazendo graça rsrs adoro trabalhar com eles, o clima é sempre leve, além do profissionalismo impecável! Então, o convite veio assim, como já tínhamos trabalhado juntos eles já conheciam o meu perfil, a Amanda me apresentou o trabalho e perguntou se eu estaria disponível, respondi que sim na hora, mesmo se eu não estivesse, para trabalhar com a Iza eh daria um jeito! Ela me disse então que teria uma fala e se eu conseguiria fazer o sotaque de carioca, eu, brincalhona do jeito que sou respondi rapidinho com um áudio no WhatsApp “iiiih eu hein garota, me rexpeeita que eh sou cria do RJ… e continuei com o sotaque” era uma brincadeira, porque criamos essa relação de amizade também.

Ela sorriu obviamente e respondeu “já passou no teste” pouco tempo depois me manda uma outra mensagem “você foi aprovada pelo diretor” e aí eu quase nem acreditei.

E sobre a fala icônica do clipe, como surgiu?

A minha fala já veio no briefing, acredito que tenha sido sugestão da Iza, mas não posso afirmar.

Fiquei muito surpresa, eu não esperava abrir o clipe! E também não esperava tanto sucesso, tem centenas de solicitações de mensagens no meu Instagram que ainda não consegui responder, pessoas falando que a frase não sai da cabeça, várias piadas rolando com o tema. Tá sendo incrível pra mim, já me pediram pra regravar um vídeo que fiz falando outros nomes, não sei se vou fazer, mas achei legal a ideia.

https://www.instagram.com/p/CPtaxEWgOEB/?utm_source=ig_web_copy_link

Moara sabe a importância da letra e de sua participação como artista, além da admiração pela cantora Iza, ela serve de inspiração para milhares de jovens negros que não conseguem enxergar seus talentos.

“De onde eu venho tem muito ouro! Potenciais artistas que se desconectam da arte por não terem oportunidades de ascensão fazendo aquilo que amam fazer! Eu tive que vir pra cá, mas não quero que eles precisem se mudar para se autoafirmarem artistas.”

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