Pessoas brancas, nos últimos dias, começaram questionar de que forma elas podem contribuir com a luta antirracista.
Pensando um pouco sobre isso, montei essa mini-lista e dicas iniciais que podem direcionar os interessados.
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Lembrando que essas são apenas algumas das dicas, existem outras formas de ajudar e vocês descobrirão elas no meio do caminho.
Dica 1: Todo branco é racista.
Vocês são racistas. Ponto. E eu não estou falando isso pra te atacar. Se reconhecer como racista e dono de poderes estruturais e cotidianos é o primeiro passo. Se envergonhe do racismo e combata ele desde suas atitudes, falas e situações, as dos seus amigos ao redor. Como diz a escritora Grada Kilomba, “Ao invés de ficar se questionando “Eu sou racista?” e esperar uma resposta confortável, vocês devem se questionar “Como eu faço pra desmantelar o meu próprio racismo?”” e essa mudança de perspectiva já é um passo GIGANTE na luta antirracista. Não se vitimize, não entre na defensiva. Reconheça isso e lute contra isso.
Eu costumava achar radical colocar todos dentro do mesmo saco até entender do que se trata a desconstrução. Quando a violência se torna o normal de uma sociedade todos os nascidos em seu seio cooperam com ela em algum grau e é parte dessa desconstrução reconhecer isso.
Dica 2: Pesquise
Pesquise, aprenda e não espere que os negros lhes sirvam todas as informações necessárias para que você seja antirracista. O racismo não é uma luta dos negros, mas sim de toda uma sociedade. Uma sociedade racista só tem a perder então saiam da zona de conforto.
Parem de achar que a obrigação de todo negro militante é te desconstruir como um professor a serviço seu. Claro que muitos de nós fazemos isso, mas muitos de nós já fizeram isso com livros excelentes que estão disponíveis por aí. A base de toda a discussão já foi documentada.
Não somos detentores únicos de todas as informações sobre o racismo, o Google não tem uma aba apenas para negros acessarem. Tudo que eu aprendi foi pesquisando, conversando, lendo livros. Eu não tive uma aula especial na escola pública sobre o racismo. Então faça isso e ajude seus amigos brancos a fazerem o mesmo.
Dica 3: Escute e dê vazão a voz negra
Nos dê espaço, nos escute e de vazão a nossa voz. Parte da militância é sobre falar e ser ouvido. Algumas informações vocês só irão obter através da nossa vivência então é nessa hora que vocês precisam da gente pra entender. Após seguir a dica 2 e ter uma boa base de leitura e conhecimento você irá precisar nos ouvir e compreender algumas coisas que podem parecer subjetivas pra você em leitura por não sentir na pele o que aconteceu.
É nessa hora que você deve ficar quieto, nos ouvir e compartilhar o que estamos falando com outras pessoas. Sobre a vivência esse é o nosso Lugar de Fala.
Dica 4: Não julgue nossa raiva
Não julgue discursos inflamados da militância. Eu acho isso muito importante. Nós vivemos em uma sociedade racista 24/7. Para você branco muitas coisas passam despercebidas e vocês tem contato somente com os casos mais extremos. São revoltantes, não são?
Agora imagine viver isso TODOS os dias. Desde coisas pequenas como olhares, até se sentir isolado em ambientes brancos ou ter sua capacidade questionada o tempo todo. Imagina você viver uma vida de racismo intenso. Isso nos deixa com raiva e muitas vezes amargurados.
Não julgue a raiva de um preto. Tente se colocar no nosso lugar. Uma mulher preta que foi rejeitada a vida toda tendo que ler que ela é extremista por sentir raiva. Um homem negro que não consegue trabalho a vida toda por ser negro tendo que ouvir que é extremista por ter um discurso inflamado sobre isso.
As vezes vocês precisam entender que o que é uma militância pontual pra vocês é a NOSSA vida o tempo todo e nem todo mundo consegue lidar com isso com calma e amor no coração.
Dica 5: Racialize as questões.
Racializar tem a ver com pensar a raça em todos os aspectos das discussões raciais. Por exemplo, mesmo um homem negro, diante de uma mulher branca, possui um abismo de diferença e desvantagens sociais. Desde a receber os menores salários até ser os que mais morrem.
Não coloquem homens negros como responsáveis pelo patriarcado, por exemplo, enquanto os brancos criavam essa dinâmica, nós não estávamos lá.
Entenda que raça vem primeiro em quase toda situação. Se o seu feminismo não for racializado, ele é apenas supremacia branca.
Se a sua luta LGBT não for racializada, ela não serve à todos.
A pele negra muda as nossas vida em todas as questões. Então pense de forma a racializar todas as questões e com isso você irá entender cada vez mais a dinâmica social em que vivemos.
Dica 6: Use seus privilégios para ajudar os negros.
Está em posição de poder em uma empresa? Contrate negros! Precisa de alguém para uma palestra? Chame negros. Está em privilégio e não vê negros? Fale sobre isso, tente mudar o seu ambiente.
Faça como Joaquin Phoenix, no BAFTA 2020, onde não havia nenhum negro concorrendo à premiação e ele usou seu espaço de discurso para criticar isso.
Você tem privilégios nessa sociedade, use deles para que negros comecem a ocupar esses espaços de privilégio.
Não adianta criticar o racismo do alto de seu pedestal com um post ou hashtag. É necessário que algo de fato seja feito para que isso mude. Seja a mudança você!
Se você fizer pelo menos essas 6 coisas, um bom caminho andado já terá feito. E só de você pesquisar, nos ouvir e reconhecer, você saberá quais os próximos passos a seguir.
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