A tarde de terça-feira (25) começou com um bate-papo poderoso, no Faceboook do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), entre Xan Ravelli, Jonathan Azevedo, Brisa Flow e Luana Génot sobre os caminhos para criar, desenvolver e empoderar crianças negras e indígenas. Levando em conta o tema “O Mundo que Sonhamos”, do Prêmio Sim à Igualdade Racial 2021, o encontro virtual foi espaço para compartilhar visões e experiências de empoderamento das três mães e um pai, que concordam sobre a atual realidade ainda não ser a desejável para as crianças e adolescentes de nosso país.
Na mediação do papo, a apresentadora do Trace Trends, Xan Ravelli, numa condução descontraída de um tema bem sério, dialogando sobre os enormes desafios de educar, inspirar e formar, numa conversa que rendeu bastante sobre o futuro das novas gerações. Xan ressaltou que as crianças e adolescentes negras são maioria no Brasil, segundo dados do Unicef, totalizando 54,5% dessa população no país, mas que ainda assim têm menos acesso e oportunidades, convivem com discriminação e falta de falta de representatividade histórica na escola, na mídia e em todos os espaços.
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“As nossas crianças não vivem ainda em um mundo ideal”. Essa frase poderia ter sido dita por qualquer uma das pessoas participantes da Live, que faz parte da programação de esquenta para o Prêmio Sim, uma realização do Instituto Identidades do Brasil, que acontece no sábado (29), às 16h30, com transmissão no canal Multishow e na plataforma Todes Play. E como cada um dos participantes desse encontro age para reverter essa realidade, formar seus filhos e filhas para lidar com o preconceito, atos discriminatórios, fortalecer autoestima?
Brisa Flow, artista, pesquisadora, arte-educadora, é descendente da etnia Mapuche (Chile) e mãe de um menino, falou de como é importante “criar crianças e indígenas negras mais autoconfiantes, com senso de pertencimento, que sintam suas culturas valorizadas”, algo necessário, pois a “estrutura é muito violenta com as crianças.” Brisa também ressaltou a relevância de diálogos como o da Live pois – na visão dela – pessoas negras em diáspora, africanas e indígenas são também povos originários e, somente em união, será possível criar “rachaduras no sistema”. “Naturalizar a família, que a alegria seja naturalizada. Essa é a luta das mães indígenas”, ressaltando que mesmo o mundo sendo hostil com mães, mulheres, crianças negras e indígenas, essa é a meta.
Compartilhar a leitura, a vivência artística, é uma das ações mais importantes, no olhar e experiência de Jonathan Azevedo, pai, ator e cantor. Gostava de ler, quando criança, por influência paterna. E quer dividir a leitura com suas crianças, mas também com as de sua comunidade, e que tem planos de levar mais livros, incentivar o acesso à literatura, teatro, apresentar seu espetáculo. E que é preciso explorar, “se permitir conhecer e se autoconhecer, a pergunta não é ignorância, ela é enriquecedora”, acredita ele. Como dica de leitura, o artista indica “O príncipe preto”, do escritor e dramaturgo Rodrigo França.
A publicitária e empresária Luana Génot, mãe de uma menina, ressaltou a necessidade de tratar de racismo, orientar, oferecer informações e incentivar o diálogo, desde que a criança é pequena, um trabalho de formação que contribui para proteger da discriminação. Luana acredita que é preciso “ter papos difíceis dentro de casa” e deu exemplo de uma atividade “que a escola chamou de dia do Índio” e que é preciso ser a “mãe chata” e dizer “Filha, fala povos indígenas. Ela consegue falar!”. Adaptar o linguajar, mas não esperar até a vida adulta, “o que a gente pode fazer é acelerar conversas e, consequentemente (espero), as soluções também”.
Finalmente, Luana Génot explica que assistir ao Prêmio Sim à Igualdade Racial é uma oportunidade para questionamento da realidade, dá a dica para as crianças assistirem e, juntas, todas as gerações pensarem no mundo ideal e questionar a realidade.
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