“Faz um ano que vivo esse inferno. Descobriram o telefone da minha casa e até o nome da minha esposa”, relata Thiago Ribeiro, o tradutor paulistano que virou alvo de um linchamento virtual ao dizer que denunciaria a Band e o comediante Danilo Gentilli ao Ministério Público por incitação ao racismo em TV aberta, crime previsto no artigo 20º da Lei Federal nº 7.716/1989. .
Por Silvia Nascimento – No final do mês de Outubro de 2012, o tradutor Thiago Ribeiro resolveu se manifestar contra as piadas racistas feitas por Gentili em seu programa “Agora é tarde”, veiculado pela Band. Uma piada que associava jogadores de futebol à macacos fez com que o tradutor entrasse em contato com a emissora para obter os dados necessários para a formalização de um denúncia de racismo junto ao Ministério Público. Ao saber das intenções de Thiago, o comediante usou seu Twitter para dar a resposta perguntando “Quantas bananas você quer para deixar essa história para lá”. Gentili rapidamente apagou a mensagem, mas Thiago já tinha tudo gravado, inclusive a enxurrada de ataques racistas que se seguiram e que o fez passar noite acordado para “printar” tudo o que estava acontecendo.
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O advogado de Gentilli tentou um acordo com Thiago, mas o tradutor seguiu com as denúncias e as encaminhou a vários órgãos de combate ao racismo.
Morosidade da justiça e descaso do movimento negro
Delegacia de combate a crimes raciais e de intolerância (Decradi), SOS RACISMO, SEPPIR, Conselho da Comunidade negra, OAB SP, Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e Ministério Público foram os órgãos onde Thiago, formalizou a denúncia contra Gentilli. “Tive apenas a ajuda Secretaria de Justiça para fazer o boletim de ocorrência e foi isso. Até agora não tive nenhum retorno sobre a minha denúncia ”, detalha Ribeiro.
Nenhuma entidade do movimento negro ofereceu assessoria jurídica a Thiago, mesmo com toda a repercussão pela Internet e as indiretas que o comediante continuou a fazer em seu programa. “Ele chegou a citar meu nome uma vez, mas logo após minha denúncia, ele fazia várias indiretas que eram sobre mim”, relata o tradutor.
O maior desgosto de Thiago, além da demora em uma resposta por parte dos órgãos competentes, foi a falta de mobilização por parte das entidades do movimento negro.
“Essa semana mesmo, voltei a encaminhar e-mails para entidades com vários links mostrando os ataques que sofri, e não tive nenhuma retorno”, desabafa. Ele agora considera levar o caso a órgãos internacionais por não ter tido uma resposta do governo brasileiro.
Ataques pelo Twitter ainda persistem
Em função da repercussão de uma reportagem antiga referente ao caso republicada há poucos dias pela Internet, os ataques contra Thiago pelas redes sociais, que na verdade nunca cessaram, se intensificaram.
“Há pessoas dizem que quero aparecer ou tirar dinheiro do Gentilli”, explica Ribeiro que ainda relata que sente mais solidariedade por parte dos brancos que os seguem no Twitter do que pelos negros, que o acusam de estar sendo “racista e exagerado”, por não terem se sentido ofendidos com as piadas.
Mesmo com o descaso da justiça brasileira e o desamparo das entidades negra, Thiago não desiste. Ele ainda espera resposta dos órgãos onde ele encaminhou a denúncia e as provas e estuda agora mover uma ação também por danos morais contra o comediante. “Danilo Gentili incitou o ódios dos seus fãs que vieram me atacar e eu tive minha vida invadida. Mesmo que eu tenha que procurar ajuda lá fora, eu não vou desistir”, finaliza Ribeiro.
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