Kelly Baptista é a nova presidente da Fundação 1Bi: “Quero transformar a vida de pessoas no nosso país”

“Quero transformar a vida de pessoas no nosso país, seja pela educação, tecnologia, equidade, erradicação da fome, e isso me impulsiona a levantar todos os dias”, afirma Kelly Silva Baptista, a nova presidente da Fundação 1Bi, ao celebrar sua nova conquista profissional, em entrevista ao Mundo Negro, nesta segunda-feira (18).

Com mais de 20 anos de experiência no terceiro setor, a executiva se juntou à instituição que fomenta projetos de tecnologia visando ao impacto social em 2020, como Coordenadora Geral, foi promovida à Diretora Executiva em 2022, e agora assume um novo desafio. 

“Hoje, como líder da Fundação 1Bi, tenho a honra de poder transformar essa realidade e garantir que milhões de usuários tenham acesso a uma educação de qualidade. Minha trajetória pessoal me impulsiona a criar soluções inovadoras e inclusivas, que realmente façam a diferença na vida dessas pessoas”, conta. 

Kelly foi uma das responsáveis pelo impacto da Fundação 1Bi na sociedade e acompanhou de perto o crescimento da entidade. “Nosso time tinha 2 pessoas e atendíamos cerca de 130 mil usuários. Hoje somos 15 colaboradores e em breve vamos alcançar a marca de 5 milhões de alunos e professores usuários, com sonhos maiores de também atender gestores e secretários, com um objetivo único de implementar uma cultura tecnológica básica, para melhoria do desempenho escolar”.

Gestora Pública pela UNIFESP, Kelly Baptista também é colunista no site Mundo Negro, membro da rede de líderes Fundação Lemann, VP da Cruzando histórias, Conselheira da Rede Brasil do Pacto Global da ONU, e Linkedin Top Voice.

Leia a entrevista completa abaixo:

  1. Kelly, com uma trajetória notável no terceiro setor, você lidera iniciativas que impactam milhares de jovens. Como suas experiências pessoais e profissionais moldaram seu compromisso com a educação e a tecnologia inclusiva?

Cresci na periferia, onde a educação era um sonho distante para muitos. Essa experiência me mostrou a importância de oferecer oportunidades iguais a todos. Hoje, como líder da Fundação 1Bi, tenho a honra de poder transformar essa realidade e garantir que milhões de usuários tenham acesso a uma educação de qualidade. Minha trajetória pessoal me impulsiona a criar soluções inovadoras e inclusivas, que realmente façam a diferença na vida dessas pessoas.

Eu também sou aluna de Universidade pública e na minha época no início dos anos 2000, não haviam programas sociais, então uma pessoa negra, periférica estar em uma universidade pública de tecnologia era um marco.

São muitas Kellys, que tem experiências e bagagem de uma mulher de 80 anos e de 40 anos e isso me faz transitar com tranquilidade e confiança, que tenho muito a contribuir com a educação pública brasileira.

  1. Você se descreve como uma pessoa inquieta. Como essa característica influenciou sua carreira até agora, e de que forma ela te impulsiona na presidência da Fundação 1Bi?

Eu iniciei em movimentos estudantis de base nos anos 90, fazendo arrecadações, dando aula em cursinhos públicos, pós faculdade fui dar aula, e na sequência atuei 11 anos em responsabilidade social empresarial, com metodologias de geração de renda, para mulheres em situação de vulnerabilidade social, Brasil à fora.

Dentre outras experiências chego na Fundação em setembro de 2020, para pensar projetos e parcerias que levassem a tecnologia para todos os jovens brasileiros.

Nosso time tinha 2 pessoas e atendíamos cerca de 130 mil usuários. Hoje somos 15 colaboradores e em breve vamos alcançar a marca de 5 milhões de alunos e professores usuários, com sonhos maiores de também atender gestores e secretários, com um objetivo único de implementar uma cultura tecnológica básica, para melhoria do desempenho escolar.

Eu sou inquieta e tenho claro há mais de dez anos que quero transformar a vida de pessoas no nosso país, seja pela educação, tecnologia, equidade, erradicação da fome, e isso me impulsiona a levantar todos os dias, e renovar esse compromisso pensando em estratégias novas.

  1. Além da liderança na Fundação 1Bi, você também participa de outros movimentos e iniciativas. Como equilibra esses compromissos profissionais intensos com sua vida pessoal?

Hoje eu sou VP da Cruzando histórias uma Organização sem fins lucrativos, que promove o acolhimento, a valorização profissional e empregabilidade entre mulheres e também sou conselheira do EDUCA2030 – Pacto Global da ONU, que atua com aumento do nível de escolaridade dos funcionários; inclusão dos mais jovens no mercado de trabalho e ampliação do número de mulheres nas áreas de ciência e tecnologia, engenharia e matemática. Além de membra da Rede de líderes da Fundação Lemann que reúne um grupo de pessoas extraordinárias, que exercem liderança, com grande potencial de mudar o Brasil e que já estão agindo para transformá-lo em um país mais justo e avançado.

Eu tenho uma vida muito organizada, e uma rede de apoio liderada pelo meu marido, que permite com que eu possa ir e vir e acompanhar a educação dos meus filhos e uma saúde em dia, hoje com mais experiência me dou ao luxo de dizer não para algumas agendas que vão me sobrecarregar, ou me tirar do foco.

  1. Ser uma mulher negra em uma posição de destaque no terceiro setor traz responsabilidades e desafios únicos. Quais foram os maiores aprendizados que te ajudaram a construir sua visão de liderança?

O terceiro setor não se diferencia dos outros, é um setor também embranquecido em especial no alto escalão, cruzo com muitos projetos sendo desenvolvidos sem o usuário como centro da conversa.

Eu percebo que o fato de eu ser de origem periférica e transitar na periferia faz com que meu olhar agregue valor ao meu trabalho. 

Tiro algumas lições disso tudo: 

  • eu não sou uma ilha, preciso de rede de apoio e me permitir ser cuidada;
  • eu não vou salvar, primeiro preciso me salvar para depois salvar os outros;
  • as mudanças vão continuar acontecendo em uma velocidade absurda, então, eu não posso parar, tenho que seguir me capacitando, dialogando e projetando para acompanhar o futuro.
  1. Ao assumir a presidência da Fundação 1Bi, você tem o desafio de expandir o impacto da instituição no campo da educação e tecnologia para jovens em situação de vulnerabilidade. Quais são os principais projetos e metas estratégicas que você pretende implementar para alcançar essa transformação social e como espera que a Fundação 1Bi contribua para o futuro da educação no Brasil?

Primeiro gostaria de contar que nunca me imaginei presidente de nada, então  isso por si só já é uma construção a ser feita.

Mas voltando a 1Bi como eu disse no começo, tivemos um crescimento exponencial desde que cheguei, e já temos algumas metas para os próximos 5 anos.

  • ser referência em desenvolvimento de tecnologias sociais para a educação pública;
  • desenvolver uma trilha de equidade racial, com base na Lei nº 10.639 e na Lei nº 11.645, que tratam dos estudos da cultura afro-brasileira e indígena, de forma simples e que cheguem de verdade aos professores e professoras e os façam entender que isso precisa fazer parte da rotina escolar deles;
  • atender a educação com tecnologia de ponta a ponta alunos, professores, gestores e secretarias educacionais, contribuindo para um futuro mais justo e equitativo.
  • e o sonho grande é tornar o AprendiZAP nosso carro chefe em uma política pública efetiva.

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