Agência fundada pelo publicitário Ricardo Silvestre provocou mudança significativa no mercado de influência ao priorizar o agenciamento de influenciadores e creators negros
Principal agência brasileira de influenciadores e creators negros, a Black Influence, está completando três anos de fundação. Criada pelo publicitário Ricardo Silvestre, a agência foi uma das primeiras no mercado publicitário a dar mais espaço e visibilidades às pessoas negras que trabalham com produção de conteúdo na internet.
Nívea, Renner, Netflix e Devassa, são alguns dos clientes da agência com o maior casting negro do Brasil. Seu trabalho vai além de agenciar esses talentos. Silvestre roda o Brasil falando sobre diversidade no meio publicitário. “O brasileiro costuma ter uma síndrome de querer ser como o norte-americano, mas isso não acontece quando o foco é diversidade. Quando pensamos na área da publicidade, nos EUA existem muitos profissionais pretos em agências criativas e de publicidade, o que, naturalmente, se traduz em comerciais e propagandas de qualquer produto – seja um refrigerante, bebida alcoólica, alimentos, seguro de vida e de saúde – com uma proporção significativa de pessoas pretas sendo protagonistas. Por outro lado, no Brasil, é possível notar que muitas campanhas costumam ser tocadas de forma assistencialista ou até mesmo negativa, o que não deveria ser o intuito”, diz o empresário em sua coluna no Meio e Mensagem.
Em um mercado embranquecido, Ricardo Silvestre conseguiu conquistar um espaço importante como empresário ao perceber que havia um nicho a ser explorado, considerando o crescimento que o mercado de influência vem obtendo nos últimos anos, dá para entender que os criadores negros não poderiam ficar de fora. Uma pesquisa divulgada pelo Business Insider no início de 2022 mostrava que até o final do ano o setor deve movimentar cerca de R$ 79 bilhões no mundo.
Mas o caminho até completar 3 anos não foi fácil para o CEO da Black Influence. Pouco antes de iniciar o próprio negócio, Ricardo Silvestre trabalhava em uma agência de publicidade na cidade de São Paulo, num ambiente bastante hostil. E em 2019, o publicitário foi diagnosticado com a síndrome de burnout. Foi então que percebeu que, além dos cuidados com sua saúde mental, existia a necessidade de mudar o mercado e fazer diferente.
“O burnout me expôs ao momento mais delicado da minha vida profissional, onde de forma compulsória eu precisei me reinventar. Isto trouxe, também, a oportunidade e o sucesso, já que pela primeira vez eu poderia propor alternativas do meu modo, criar soluções e me valorizar, sem qualquer julgamento, como não acontecia antes”, afirma Silvestre.
Ao criar a Black Influence, o CEO contribuía não só com mudanças positivas em sua própria carreira, mas também traria para o mercado novas informações, fundamentais para analisar as diferentes realidades entre creators negros e brancos. Em setembro de 2020, a agência lançou a pesquisa “Black Influence: um retrato dos criadores pretos do Brasil”, que mostra que o cachê pago para pessoas brancas é 51% maior do que o valor pago às pessoas negras por um trabalho no mercado de influência.
Com mais de 10 anos de carreira, a falta de um mercado mais plural e a experiência em ambientes de trabalho insalubres foram fatores que levaram Ricardo a criar uma agência que pudesse gerar mais oportunidades para quem tem talento, mas que por questões estruturais acabam sendo preteridos.
“Não podemos relativizar ou normalizar os momentos de crises provocadas pelo excesso de trabalho, ou pela exposição a situações e ambientes insalubres. Pelo contrário, precisamos entender o momento de buscar ajuda profissional e, principalmente, o momento de mudar, de buscar novos ares e oportunidades de transformação pessoal, profissional e até social”, finaliza.