4 anos após George Floyd, as empresas reduziram drasticamente os investimentos em entretenimento negro, diz Cori Murray

Cori Murray, jornalista norte-americana reconhecida por seu trabalho na promoção de narrativas negras, compartilhou suas experiências e perspectivas durante a 22ª edição da Feira Preta em São Paulo. “Fiquei honrada quando Adriana me convidou para participar do festival, onde pude falar sobre meu trabalho de elevar narrativas negras globalmente,” disse Murray, destacando a importância de eventos como a Feira Preta para conectar histórias e culturas da diáspora africana.

Durante nossa entrevista, Cori refletiu sobre a interação entre a mídia negra e o mercado publicitário nos Estados Unidos, uma relação que tem visto progressos significativos, mas que ainda enfrenta desafios. “Marcas como Coca-Cola e Walmart têm reconhecido o valor dos eventos culturais negros, apoiando-os ativamente. No entanto, ainda há um trabalho contínuo para convencer outras marcas da importância de investir na mídia negra,” explicou ela.

Após o assassinato de George Floyd, houve uma onda de promessas corporativas de apoio às comunidades negras, com empresas prometendo coletivamente $49.5 bilhões. Contudo, Murray aponta uma discrepância entre as promessas e a realidade: “Até 2021, apenas cerca de $1.7 bilhão foi realmente desembolsado. Isso mostra uma diminuição dos investimentos em projetos negros no campo audiovisual e outras áreas.”

Apesar dos desafios, Cori ressalta a resiliência dos criativos negros que buscam alternativas de financiamento. Ela citou o exemplo de Ava DuVernay, que encontrou apoio fora do sistema tradicional de Hollywood para financiar seu filme “Origin”, colaborando com filantropos e a Fundação Ford. “Essa é uma prova de que, apesar dos obstáculos, ainda há caminhos viáveis para a realização de projetos significativos,” afirmou Murray.

Murray também abordou a importância da continuidade dos esforços para promover a mídia negra, enfatizando que a redução de eventos e festivais, muitas vezes por falta de patrocínio, impacta negativamente a visibilidade de histórias negras. “Se não tivermos apoio, eventos que promovem essas narrativas sofrem, limitando nossa capacidade de contar nossas histórias.”

Por fim, Cori Murray reafirmou seu compromisso com a promoção da alegria negra como um ato revolucionário. “Continuar transmitindo a mensagem de que a alegria negra está em toda parte é essencial. Isso não apenas enriquece nossa cultura, mas também fortalece nossa comunidade globalmente,” concluiu ela, ecoando o tema da Feira Preta de que “a felicidade é uma revolução”.

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