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A atriz Camila Pitanga, que estreou na segunda-feira (27) em Beleza Fatal, primeira novela original da Max no Brasil, interpreta Lola, uma personagem multifacetada que personifica a ambição desmedida e os dilemas éticos do mundo da beleza e das redes sociais. Em entrevista para o Mundo Negro, a atriz falou sobre o desafio de retornar às novelas em uma plataforma de streaming, a construção da personagem e as reflexões que a trama traz sobre estética, poder e representatividade.
Na trama, Lola é uma empresária ambiciosa que constrói um império de estética, o Lolaland, às custas de escolhas moralmente questionáveis. Camila Pitanga explica que a personagem não se encaixa no estereótipo de vilã maniqueísta. “Ela é excêntrica, despudorada e perigosa, mas também tem nuances que mostram sua humanidade. Trabalhei com a diretora Maria de Médici e o autor Rafael Mondi para esculpir essas camadas”, contou. A personagem tem ganhado elogios nas redes sociais e a interpretação rendeu uma nota 10 para a atriz na avaliação da coluna Play, do jornal O Globo: “Ela mostra mais uma vez que é uma atriz de muitos recursos”. dizia o texto da publicação.
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A artista conta que apesar de suas ações cruéis, Lola tem um lado quase cômico. “Ela é tão exagerada e absurda que acaba sendo engraçada. É uma personagem que faz coisas terríveis, mas também consegue despertar empatia e risos”, explicou. A relação de Lola com Sofia (Camila Queiroz) e Elvira (Giovanna Antonelli) é central na trama, que aborda temas como vingança, injustiça e os custos da ambição.
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Pitanga destaca a importância de Beleza Fatal não apenas como um marco por ser a primeira novela original da plataforma de streaming, mas também como um passo significativo para a expansão do mercado audiovisual brasileiro. “Sentia saudade de estar em novelas, e o público também me cobrava isso”, afirmou a atriz que ficou mais de dez anos sem gravar novelas. “Quando a Mônica Albuquerque me chamou eu sabia que havia uma missão, que esse projeto tinha um sentido maior de uma expansão de mercado, não só no mercado interno, mas de ter o streaming abraçando algo da nossa tradição, que são as novelas brasileiras, para estar em outras janelas no mundo”, afirmou.
A atriz também ressaltou que a aposta do streaming em produções nacionais fortalece o mercado interno e gera oportunidades para talentos brasileiros. “Isso cria solidez para o audiovisual brasileiro, gera emprego e movimenta a economia. É um orgulho estar à frente desse processo”, celebrou.
Beleza, estética e representatividade
A novela também levanta questões sobre o culto à beleza e a influência das redes sociais. Camila Pitanga refletiu sobre como a busca por padrões estéticos pode ser uma forma de ascensão social, mas também uma armadilha. “Muitas pessoas gastam o que não têm em procedimentos estéticos porque isso é visto como um status, um passaporte para a cidadania. A Lola representa essa obsessão, mas também a fragilidade por trás da fachada de poder”, disse.
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A atriz também abordou a questão racial, destacando como os padrões de beleza hegemônicos podem invisibilizar a ancestralidade negra. “Na nossa história, há um processo de eugenia que tenta transformar pessoas negras em brancas. A Lola não se reconhece racialmente, e suas escolhas estéticas refletem isso”, observou.
No entanto, Camila ressaltou que, na contramão desse padrão, há um movimento de resistência na comunidade negra que exalta a naturalidade e a diversidade de beleza. “Cada um tem que ter liberdade para ser quem é, sem ser refém de um único padrão. A pluralidade é o que nos enriquece”, afirmou.
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