Aos 34 anos, Robson Jesus já viajou por 92 países e deve se tornar o primeiro homem negro a visitar todos os países do mundo. No Instagram, o viajante compartilha os registros das experiências que tem vivido nos últimos 15 meses.
Um dos desafios vividos por Robson em sua viagem, a entrada no Congo pela floresta está entre algumas das dificuldades enfrentadas na viagem. E, por incrível que possa parecer, ele conta que passou por uma situação de preconceito racial no Quênia, quando deixou de ser atendido em um restaurante por causa da cor de sua pele.
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Para o Mundo Negro, ele contou que a ideia de viver essa experiência única começou quando ele viajou para os Estados Unidos para fazer um intercâmbio. “Em 2018, eu viajei para os Estados Unidos com o propósito de estudar inglês por um ano, mas eu ainda não tinha compreendido com tanta clareza que a minha paixão estava em explorar lugares novos. Eu já me sentia inquieto antes mesmo da pandemia de COVID-19 se iniciar, e notei que estava procurando saber cada vez mais sobre viagens.”, contou ele.
Nascido em Osasco, Robson começou sua aventura pela Tailândia, em fevereiro de 2022, mas antes da partida ele fez uma investigação para entender porque apenas 150 pessoas atingiram o feito e nenhuma delas era negra. “Comecei pesquisando sobre locais, preços e países, mas a minha maior surpresa ainda estaria por vir. Em um determinado momento me peguei pensando em quantas pessoas teriam visitado todos os países, e foi quando me deparei com a informação de que estima-se que somente 150 pessoas fizeram isso. Neste momento eu já estava espantado, mas para reforçar ainda mais este meu sentimento, eu descobri que nenhum desses viajantes era negro!”, explicou.
“Após dedicar alguns momentos de reflexão, passei a considerar que a falta de oportunidade causada pelo racismo estrutural, poderia estar entre as principais razões para vermos essa realidade em que pessoas negras têm menos condições.”.
Há duas semanas, Robson visitou a Ucrânia. Em entrevista para o Uol ele contou que ficou hospedado na casa de uma família ucraniana na cidade de Liviv, considerada uma das mais seguranças do país até o momento: “Eu saí de Cracóvia, na Polônia, e ao nos aproximarmos da fronteira ucraniana passamos por uma longa fila de carros e caminhões. No posto de controle, fiquei duas horas esperando para ser atendido e eu só via muitas mulheres, já que os homens não podiam sair do país. Quando chegou minha vez, eu disse aos policiais que era turista brasileiro e em questão de minutos o carimbo foi adicionado ao meu passaporte”.
Apesar da tranquilidade da chegada ao país, que está em guerra há pouco mais de um ano após a invasão russa, a saída da Ucrânia foi mais tensa. “Eu peguei um ônibus na rodoviária em direção a Cracóvia, na Polônia, e quando passamos pela fronteira todos tiveram que descer, e fiquei em uma fila junto com outros passageiros, que mais uma vez só mulheres, e apenas eu e mais um outro rapaz de homens. Ficamos quatro horas na imigração, era muita gente, e dessa vez não queriam me liberar”, contou ele na entrevista.
A viagem de Robson deve durar cerca de três anos. Robson Jesus estima que sua visita a todos os países do mundo chegue ao ponto final, no Brasil, em junho de 2025. E também pode render a ele um espaço no Guiness Book of World Records.
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