Nesta quinta-feira (27), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o “Brasil Quilombola: Quantos Somos, Onde Estamos?”, um levantamento inédito dos quilombolas no Brasil em 2022. Segundo o Censo, 1,3 milhão de pessoas se declaram quilombolas.
Quilombos são historicamente lugares de resistência desde a época da colonização. Foram nos quilombos que escravos se reuniram para resistir e lutar contra o sistema escravista e criar suas próprias políticas.
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Essa é a primeira vez que o IBGE inclui um questionário para as pessoas que se declararam quilombolas, podendo mapear onde vivem. Ao todo, os quilombos representam 0,65% da população brasileira.
“São essas populações que mais precisam das estatísticas, desses números. A gente precisa saber quantas escolas, quantos postos de saúde, coisas relacionadas à educação e tudo o que essa população quilombola precisa, como a titulação [de terras]. Os dados que estão sendo apresentados hoje, pelo IBGE, se tornam, praticamente, uma reparação histórica”, disse Cimar Azeredo, presidente em exercício do IBGE, na divulgação oficial da pesquisa.
A maior parte da população quilombola está concentrada na região Nordeste, com 68,19%, sendo a Bahia e Maranhão os estados com a maior concentração (juntos representam 50% da população quilombola do país).
As principais cidades com o maior número de quilombolas estão na Bahia. São elas: Senhor do Bonfim, com 15.999, e Salvador, com 15.897. Em seguida vem Alcântara, Maranhão, com 15.616, Januária, Minas Gerais, com 15.000, e Abaetetuba, Pará, com 14.526.
Em cinco cidades do Brasil, mais da metade da população é quilombola. São elas: Alcântara, Maranhão (84,57%); Berilo, Minas Gerais (58,37%); Cavalcante, Goiânia (57,08%); Serrano do Maranhão, Maranhão (55,74%); Bonito, Bahia (50,28%).
No geral, há quilombolas em todos os estados do país, exceto no Acre e Roraima, e estão presentes em 1.696 (30%) das 5.570 cidades do país. São quase 474 mil moradias com pelo menos uma pessoa que se declara quilombola.
O Censo também mostrou que grande parte não vive nas regiões demarcadas pelo Governo. 87,41% não mora nas regiões delimitadas para os quilombos, apenas 167 mil vivem nas áreas delimitadas.
Mesmo o Acre e Roraima não tendo população quilombola, a Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) representa um terço (32,1%) dos quilombos.
“Essa é a primeira pesquisa oficial para coletar dados específicos sobre a população quilombola. Após 135 anos da abolição da escravidão no Brasil, finalmente, saberemos quantos quilombolas são exatamente, onde estão, e como vivem”, comentou Florbela Fernandes, representante da Organização das Nações Unidas no Brasil.
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