Eu sempre digo: os racistas não merecem respeito. Eles extrapolam todos os limites da paciência. A todo custo, procuram formas de desumanizar as pessoas negras. Você deve ter acompanhado um caso de racismo que rendeu bastante indignação.
No mês passado, durante as compras, uma mãe foi surpreendida com a injusta acusação contra o seu filho. O funcionário da loja disse que o menino roubou doces. Ele tem apenas sete anos. A mãe se revoltou com o funcionário. E o menino, bastante sentido, dizia “não roubei nada”. Essa notícia me deixou enfurecido. Para quem não sabe, ambientes comerciais são lugares inseguros somente para nós. Por essa razão, naturalizamos comportamentos que nos protegem da violência racista. Às vezes dá certo.
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No interior das lojas, evitamos abrir bolsas e mochilas, não colocamos as mãos nos bolsos e não demoramos nos corredores; caso não encontremos o que interessa, até compramos qualquer coisa só para não sair de mãos abanando. Porém, essas artimanhas são possíveis porque somos pessoas adultas, mas as crianças estão desprotegidas completamente. É fundamental enfrentarmos os ambientes de violência contínua, e assim, proteger todos nós. Isso é possível se deixarmos as distrações de lado e focarmos no que é importante.
Lembro-me da história do famoso boicote na cidade de Montgomery, Estados Unidos. Nos anos 50, a população negra deu uma resposta radical contra a lei que determinava que os negros somente poderiam sentar nos assentos que ficassem nos fundos dos ônibus. O estopim ocorreu depois que a ativista dos movimentos civis, Rosa Parks, se recusou a ceder o assento para um homem branco. Ela foi presa. Os negros, então, decidiram boicotar os ônibus até derrubarem a lei racista. Eles iam andando, de bicicleta, de carona para escola, trabalho e comércio. A mobilização causou um déficit no sistema de transporte, e a lei foi considerada inconstitucional. Os negros conquistaram o direito de sentar onde quisessem nos ônibus.
No contexto brasileiro, acredito que, se mirarmos o bolso dos racistas, muitas coisas mudarão. Por exemplo, promover um amplo boicote e, de quebra, aproveitar para fortalecer os negócios pretos. Não esqueçamos das palavras da escritora Alice Walker: “A maneira mais comum de as pessoas desistirem do seu poder é pensar que não têm nenhum”.
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