BBB20: Colorismo, racismo estrutural e representatividade

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BBB20: Colorismo, racismo estrutural e representatividade
Babu, Flay e Thelminha do BBB20 - Crédito: Reprodução Rede Globo

Por: Maria Clara Silva

O Big Brother Brasil 20 rende muitas histórias. Dentre elas, o crescimento do Babu e a possibilidade do primeiro homem negro ganhar o programa mais vigiado do país. 

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No entanto, o 13º paredão dessa edição traz três figuras diversas e icônicas da casa: Babu, Flayslane e Thelma e, coincidentemente, os três únicos participantes negros. Sim, três. Nesse paredão queremos trazer a reflexão da negritude de Flayslane.

No episódio vexatório da conversa de Flay com Ivy sobre Babu utilizar de racismo como forma de vitimismo, Flay tem dificuldade em definir qual seria sua cor e dispara para a colega:

– “Eu não sou branca. Eu sou negra! Eu me considero… não sei se sou. Mulata. Sei lá!” 

https://www.youtube.com/watch?v=oYundQrcBGs&feature=youtu.be

Independente do contexto racista de todo o restante do diálogo, a fala de Flayslane reflete bem a angustia de muitos negros de tom de pele mais claro: sou ou não negro?

Já entendemos que pardo só mesmo o papel. O colorismo mostra bem que negros tem diversos tons e subtons de pele. Uns mais retintos do que outros. A dúvida de Flayslane e os questionamentos acerca de seu tom de pele mostram os frutos do racismo estrutural que, por séculos, nos fez acreditar que ser preto ou chamar alguém assim era algo negativo, ruim. 

Morena, mulata, neguinha, escurinha, da cor do pecado – todos são termos que a maioria de nós já ouviu e até aceitou. Ao naturalizarmos tais termos, enfatizamos a distância dos negros menos retintos da “negritude”. Como se não fôssemos dignos de sermos pretos ou, até, como se ser preto fosse, realmente, algo muito ruim.

Quando ignoramos o fato de pessoas como Flayslane serem, também, negras, damos dez passos para trás. Afastamos os menos retintos de se sentirem parte. De assumirem a raça. De terem orgulho da cor. De entendem os privilégios que tem pelo tom de pele mais claro, todavia permitir que enxerguem todo o racismo estrutural que sofrem diariamente.

Precisamos falar de colorismo. Quanto mais pessoas entenderem o colorismo, mais representatividade teremos – nas universidades, nas escolas, na mídia. Quanto mais orgulho melhor. Quanto mais black power melhor. 

Entenda que esse artigo não é sobre a Flay. Nós somos #FicaBabu e #FicaThelma pelas atitudes, ideais e pelos mesmos compreenderem o peso da representatividade que possuem. Mas precisávamos falar sobre esse BBB possuir três integrantes negros e a Flayslane é um deles. 

*Maria Clara Silva, 20, do país São Gonçalo, RJ. Estudante de Jornalismo, apaixonada por palavras ditas e escritas. Escritora, poetisa e metamorfose.

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