O longa-metragem “A vida invisível”, de Karim Aïnouz, marca a estréia de Bárbara Santos no cinema como Filomena, a Filó, A atuação rendeu a indicação para a categoria de Melhor Atriz Coadjuvante do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, um dos mais relevantes do país.
“Estar indicada para esse prêmio junto com nomes como Fernanda Montenegro e Sônia Braga é uma honra e motivo de muito orgulho. Além das atrizes Alli Willow e Karine Teles, que tiveram atuações impecáveis em ‘Bacurau’. Me sinto feliz de fazer parte de uma lista que transborda em talento”, comemora.
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“A indicação para prêmio representa o reconhecimento do meu empenho pessoal e do da equipe do filme na construção da Filó, uma personagem que emocionou e conquistou a todos nós. Confesso que me surpreendi com a notícia, por ser estreante no cinema e também por ser uma atriz negra. As listas de indicadas costumam ser compostas exclusivamente por nomes de atrizes brancas, que têm acesso a uma imensa diversidade de personagens. As atrizes negras estão longe de usufruir da mesma oportunidade. Como bem disse Viola Davis, ‘não se pode ganhar prêmios para papéis que não existem’”, reitera.
Com mais de 30 anos de carreira, a atriz, escritora, performer, diretora teatral, socióloga, ativista feminista e dramaturga lança, em setembro, em Buenos Aires, a versão em espanhol do seu último livro, “Teatro das Oprimidas – estéticas feministas para poéticas políticas”. A publicação sistematiza a metodologia teatral de perspectiva feminista-antirracista que deu origem à Rede Ma(g)dalena Internacional, de artistas-ativistas da América Latina, Europa, África e Ásia, da qual a autora é fundadora.
Bárbara Santos tem compartilhado sua experiência profissional com distintos grupos culturais e organizações sociais em mais de 40 países. No Brasil, atuou ao longo de 20 anos com Augusto Boal, na coordenação do Centro de Teatro do Oprimido e no desenvolvimento do Teatro Legislativo e da Estética do Oprimido. Autora de vários livros, alguns traduzidos para espanhol, italiano e inglês, Bárbara tem desenvolvido processos estéticos inovadores para investigar gênero como construção social e raça como organização da sociedade em interseção com classe social por meio de perspectivas feministas.
“Dentro do movimento feminista, o feminismo negro é o que há de mais inclusivo, comunitário, inspirador, solidário e revolucionário. As contribuições das feministas negras alteraram perspectivas de atuação e ampliaram visões. Graças a elas, ficou evidente que não pode haver feminismo que não seja antirracista”, analisa.
Ativista social atuante em Berlim, onde mora há 10 anos, Bárbara idealizou e coordena o Programa de Qualificação em Teatro do Oprimido do espaço teatral KURINGA, do qual é diretora artística.
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