Nomeada a nova Ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania nesta segunda-feira, 9, Macaé Evaristo (PT) estava atuando como deputada estadual de Minas Gerais. Na semana passada, ela defendeu o acarajé como símbolo cultural e religioso de matriz africana, destacando sua relevância durante audiência pública na Comissão de Cultura da ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais). Solicitada por Evaristo, a reunião deu ênfase à importância socioeconômica e cultural desse alimento ancestral, especialmente no contexto religioso, como forma de preservar as tradições afro-brasileiras no Estado.
Macaé Evaristo não apenas organizou o evento, mas também homenageou lideranças negras, em sua maioria ligadas a terreiros de candomblé de Belo Horizonte e Região Metropolitana, com diplomas de congratulação pelo trabalho em prol da valorização e preservação dessas tradições. Sua iniciativa foi elogiada como uma ação concreta de reconhecimento e apoio às práticas culturais de matriz africana. Na ocasião, os votos foram concedidos à Yalorixá Fabiana, Ekedy Kely, Mameto Kytaloya, Kelma Zenaide, Yalorixá Andreia e Mãe Ieda (in Memorian).
Notícias Relacionadas
“Aquilombar é preciso”: Festival Gastronomia Preta celebra a culinária preta e fortalece empreendedores no Rio
Chef João Diamante explora conexões entre culinárias brasileira e boliviana em feira gastronômica na Bolívia
Durante a audiência, ela chegou a anunciar que seu mandato buscaria implementar uma legislação para proteger o acarajé. “Ele está incorporado à cultura do brasileiro, é uma comida de rua do Brasil e é uma comida de orixás nos terreiros de candomblé”, afirmou Evaristo. “Na luta pela abolição da escravatura, ele foi a forma de sobrevivência de muitas mulheres, que conseguiram sua alforria vendendo o alimento; é fruto de uma tradição, construída junto com a luta e a resistência, e que sobreviveu dentro das nossas casas”, relembrou.
A nova ministra também alertou para a necessidade de preservar o modo tradicional de preparar o acarajé, utilizando azeite de dendê, como forma de evitar a descaracterização desse patrimônio imaterial, tombado em 2005. O projeto de proteção ao acarajé reforça a luta contra a modernização que ameaça apagar as técnicas ancestrais empregadas pelas mulheres negras na sua preparação.
O acarajé é feito com um bolinho de feijão-fradinho, temperado com cebola e sal, e frito no azeite de dendê. Após a fritura, é recheado com vatapá, vinagrete e camarão seco, sendo tradicionalmente servido com pimenta como acompanhamento.
Notícias Recentes
Zumbi, infanticídio e memória da rebeldia negra
Humanity Summit 2024 discute justiça racial e reparações no Rio de Janeiro