O aguardado remake de ‘A Cor Púrpura’, estrelado por Taraji P. Henson e Fantasia Barrino, estreou nos cinemas brasileiros na última quinta-feira, 8 de fevereiro. No ano passado, o Mundo Negro esteve à convite do diretor ganês Blitz Bazawule (‘Black is King’), na primeira sessão do filme, realizada com exclusividade para convidados brasileiros, em São Paulo.
“Há mais afrodescendentes no Brasil do que em qualquer outro lugar da diáspora. O meu trabalho é um trabalho com diáspora, que eu comecei há mais de 20 anos atrás e tudo o que eu fiz me trouxe até aqui. É muito importante para mim que o Brasil faça parte dessa conversa. É incrível para mim o que acontece quando africanos se dispersam ao redor do mundo”, explica o diretor sobre escolher a primeira sessão de ‘A Cor Púrpura’ para ser realizada no Brasil, em um bate-papo com o público no final.
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“Você pensa no que as pessoas mantêm e aquilo que elas não conseguem manter mais. Quer seja a cultura que existe em Cuba, quer seja o Candomblé na Bahia, é uma maneira de você se conectar com a sua cultura ancestral”, completa.
Sobre dirigir uma adaptação musical do clássico de 1985, dirigido por Steven Spielberg, Bazawule conta que o seu trabalho é encontrar beleza nas coisas. “Eu acho que ver a beleza na escuridão é uma coisa muito subvalorizada. Enquanto eu continuar trabalhando, esse vai ser o meu foco. Em um mundo que muitas vezes não apoia essa beleza da negritude, quando eu tive a oportunidade de fazer ‘A Cor Púrpura’, faz parte da mesma jornada”, diz.
O longa retrata a vida de Celie (Phylicia Pearl Mpasi e Fantasia Barrino), uma mulher negra que sofre com os abusos do pai e luta para reencontrar seus dois filhos. Mas as dificuldades se intensificam quando é obrigada a se casar com Albert Mister (Colman Domingo), outro homem abusivo, e fica longe da irmã Nettie (Halle Bailey e Ciara). Apesar das dificuldades, ela passa a contar com a amizade de Shug Avery (Taraji P. Henson) e Sofia (Danielle Brooks), que irão lhe dar muito apoio.
“Encontrar a beleza numa mulher para quem o mundo disse que ela não é bonita”, diz se referindo a Celie. “Mesmo com as circunstâncias sendo feias, ela é bonita. Foi assim que eu aproximei cada frame deste filme”, completa.
Por ser um filme musical, outro ponto abordado pelo diretor, foi a possibilidade de expandir os gêneros da cultura negra. “A música africana é uma das belezas que foi mais exportada e expandida para outros lugares. Seja jazz, blues, funk, samba, afrobeat… Ter a oportunidade de usar isso como base do filme foi uma bênção. Porque eu pude ir dos espirituais para o gospel, para o blues, para o jazz, apesar das circunstâncias feias em que ela [Celie] vem”, explica.
“A minha esperança e objetivo é que este filme contribua para outro lado dessa beleza. Nos ajudar a ver beleza uns nos outros. E ajudar o mundo a ver a beleza em nós”, conclui Blitz Bazawule.
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