Combinando ancestralidade e inovação, o podcast “ZUMBIR”, produção original do Spotify em parceria com a produtora GANDAIA, estreou nesta semana e já convida o público a refletir sobre a experiência negra no Brasil e no mundo. Idealizado por Samara Costa e Julio Angelo, o projeto mistura histórias ficcionais e episódios conversacionais, que serão lançados duas vezes por semana, às segundas e quintas-feiras.
Com 10 episódios programados, “ZUMBIR” alterna entre narrativas ficcionais e debates que expandem os temas abordados, com foco na memória, resistência e nos desafios da comunidade negra. “Kenia Freitas diz que pessoas negras vivem em uma ficção absurda do cotidiano. Cruzar ficção e realidade surgiu como uma possibilidade de instigar o ouvinte a questionar a realidade que vive, porque uma espelha a outra”, explica Samara, que também assina a direção criativa do projeto.
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Cada narrativa ficcional apresenta uma trama única, ambientada em diferentes tempos e espaços. O episódio de estreia, “Delivery 388”, aborda a uberização, paternidade negra e apropriação cultural, tudo sob a ótica do terror. Interpretado por Rei Black, o protagonista Dennis é um entregador de aplicativo que enfrenta situações sombrias em um bairro de elite. Para Samara, a história reflete sobre “o apagamento da memória e identidade do povo negro de uma forma não literal, combinando crítica social, espiritualidade e resistência”.
Os episódios conversacionais, chamados “LADO_B”, complementam as histórias ficcionais ao aprofundar discussões sobre temas como trabalho, identidade e ancestralidade. “A ficção funciona como um espelho e uma lente de aumento da realidade, mas também como um espaço seguro para explorar questões complexas”, comenta a diretora.
“ZUMBIR” aposta na musicalidade como fio condutor, com trilhas originais que exploram ritmos como funk, hip-hop, samba, house e sons afro-latino-caribenhos. Para Samara, a ausência de imagens é um desafio e um diferencial: “Tudo foi pensado nos mínimos detalhes, desde o som do salto de uma personagem até o canto de pássaros que compõem a paisagem sonora. O objetivo era criar uma relação íntima com o ouvinte, como se ele estivesse atrás da porta escutando tudo.”
Com a filosofia afrofuturista guiando a produção, “ZUMBIR” busca inspirar novas narrativas e possibilidades. “Desejo que os ouvintes repensem as histórias que nos contaram sobre nossos corpos negros e se sintam estimulados a criar novas narrativas sobre suas vidas. Afrofuturismo não é só um conceito artístico, é uma filosofia”, conclui Samara.
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