Com o tema sobre “Mulheres pretas e o mundo digital: como usar as mídias e tecnologias a nosso favor?”, o Festival Afrofuturismo , que começou nessa sexta-feira, 19, em Salvador, ofereceu ao público um momento emocionante. A mesa mediada por Sara Barbosa, teve convidadas de fazer a gente parar tudo para só ficar admirando (e aprendendo): Carla Akotirene – assistente social, Doutora em Estudos de Gênero, Mulheres Feminismos – UFBA e autora do renomado livro “O que é interseccionalidade?, da coleção Femininos Plurais, de Djamila Ribeiro; Ashley Mlia – jornalista e influenciadora digital, produz conteúdo sobre autoestima, beleza, autocuidado e literatura; e Samira Soares – mestre e doutoranda em literatura pela UFBA, ativista do MNU e produtora de conteúdo pelo Narrativas Negras.

A resenha foi além das mídias sociais, foi uma troca entre essas mulheres que são comunicadoras negras, de diferentes gerações, mas que se encontram no mesmo lugar, mesmo ponto de partida: o propósito com a luta antirracista. E dentre uma conversa e outra, entendendo como o papel da internet é importante e marca determinados momentos da nossa vida, como a transição capilar, aquela hora em que você se redescobre, primeiro no processo de “tornar-se negro” e se sente perdido sem saber como cuidar do cabelo. “Essa é uma pauta que não é apenas sobre beleza, é sobre um encontro com a nossa ancestralidade, é sobre “encontrar referências que nos conectam com nossa identidade”, disse Sara. Carla Akotirene nos lembra o que nunca deveríamos esquecer, a importância de cuidar do orí, do mental para que a gente esteja belo por inteiro.”

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Foto do do debate: “Mulheres pretas e o mundo digital: como usar as mídias e tecnologias a nosso favor?”, no Festival Afrofuturismo – Foto: Camila Prado

Quando uma força potente de mulheres se encontra, uma combustão acontece. Já nos ensinou Sobonfu Somé que viver em comunidade é necessário, é importante pra gente não esquecer quem somos e de onde viemos, pra não nos esquecermos de nossos ancestrais. Veja só, uma mesa sobre o mundo digital e a tecnologia nos remetendo ao sagrado, à potência que os os encontros têm, a humanização do outro. É entender que não é sempre ter uma autocobrança sobre planejamento de conteúdo, trends e ganhar seguidores, é sobre estar contribuindo na transformação do coletivo, de permitir não se manifestar quando algo nos atinge profundamente ou compartilhar ensinamentos.

Samira compartilhou com a gente que estar nessa mesa com Carla e Ashley foi “como se sentir entre irmãs. Entender os nossos corpos negros e como a tecnologia vem funcionando, é algo que foi muito fácil de poensar, porque nossa ancestralidade sempre foi tecnológica, vejamos os nossos Orixás, como eram estratégicos, como aspecto de sobrevivência, mas branquitude ganhou recurso em cima disso.”.

Não tem como finalizar esse texto sem mencionar o quanto me emocionei em ver ali, naquela mesa, uma gratidão profunda das meninas – Samira e Ashley – à Carla, por ter arado este caminho antes delas. Essa é a nossa tecnologia ancestral: não esquecermos que nossos ancestrais, que aqueles que vieram antes da gente, preparou o caminho pra que hoje estejamos aqui.

Para Samira, “o afrofututurismo como uma perspectiva de um futuro melhor pro nosso povo, onde nós tenhamos representações positivas sobre os nossos corpos, nossas vivências. Que a gente não viva só no elemento da dor, mas que a gente também tenha como futuro uma esperança de um amor, de uma efetividade possível. E entendo como tecnologia, a gente se ver num futuro positivo, é algo que a gente está prosperando”.

Mais informações sobre o festival: https://afrofuturismo.com.br/festival/vem-ai-a-quarta-edicao-do-festival-afrofuturismo/

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