Neste dia 19 de abril é celebrado no Brasil o Dia dos Povos Indígenas. Essa data tem como objetivo contribuir para a preservação da cultura e da história dos povos indígenas. Além disso, serve como um momento importante de reflexão sobre a luta contra o preconceito e discriminação, bem como a necessidade de garantir a manutenção de seus direitos.
“O dia dos povos indígenas vem para combater os preconceitos e estereótipos que por anos foram perpetuados com o antigo ‘dia do índio’. Vem para mostrar que somos diversos, falantes de mais de 274 idiomas, presentes em todo o território nacional e para além dele. Que com a mudança do nome, acompanhe também o que o dia representa”, conta Kaê Guajajara, cantora, escritora e atriz, em entrevista ao MUNDO NEGRO. “Que seja um dia de conscientização sobre os povos indígenas e suas histórias, em que indígenas sejam convidados a repensar a educação do país no que diz respeito a história nacional. Que parem de fantasiar as crianças com estereótipos racistas e passem a educá-las verdadeiramente“.
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Os povos originários têm uma história rica e diversificada no Brasil. São mais de 300 etnias diferentes, com suas línguas, tradições, conhecimentos e modos de vida únicos, sendo uma parte essencial da identidade cultural e da história do país. Apesar da enorme importância, os indígenas ainda lutam por visibilidade. “A invisibilização dos povos indígenas é uma estratégia colonial de séculos para roubo de nossas terras. Diluem e transformam os povos indígenas em classificações distintas para desenquadrá-los da condição de indígena e assim poder se apropriar do que seriam seus direitos”, destaca Kaê. “A educação brasileira fornece um pensamento de que os povos indígenas estão no passado, reforçando estereótipos que favorecem essa visão colonial, mostrando que indígenas hoje (isso quando falam indígenas e não “índios”) estão apenas distantes, no mato, não entendem e falam diferente, estão a parte da sociedade. Quando na verdade, estamos em todos os lugares, e fortalecer esse imaginário que nos distancia no tempo e no espaço, serve apenas para convencer a população de que não temos direito a ser quem somos, a ter o que é nosso, e a viver como vivemos“.
Ao assumir o cargo de Ministra dos Povos Indígenas, em janeiro deste ano, Sônia Guajajara, destacou a manutenção de país com um olhar atento às necessidades dos povos originários. “Sabemos que não será fácil superar 522 anos em quatro. Mas estamos dispostos a fazer desse momento a grande retomada da força ancestral da alma e espírito brasileiros. Nunca mais um Brasil sem nós”, afirmou Guajajara. Esse 19 de abril pode ser usado como uma oportunidade de conscientização e reflexão sobre as questões que afetam os povos indígenas atualmente, como a luta pela demarcação de terras, a preservação do meio ambiente, a defesa de seus direitos territoriais, culturais e humanos, e a superação dos desafios enfrentados, como a discriminação, a violência e a marginalização.
Kaê celebra a chegada de Sônia como Ministra, mas também destaca que muito ainda precisa ser feito. “Pessoas comprometidas com o combate ao racismo, o antirracismo, devem sempre incluir indígenas pois combatemos essa invasão e preconceitos há 5 séculos nessas terras“, pontua a artista. “Desde 1500, os invasores brancos mudam seus líderes com o tempo, que ora intensificam o genocídio, ora diminuem. Acabamos de sair de um governo que intensificou, proporcionando grandes invasões e destruindo qualquer proteção aos povos indígenas, agora entramos em um que toma posse junto de uma liderança indígena, nomeia a primeira mulher indígena para presidência da FUNAI e abre o Ministério dos povos indígenas, sinalizando avanços e comprometimento com nossos direitos. No entanto, o tempo de governo é curto, e nada garante que o próximo tenha a mesma tendência, e ainda temos tempo a correr nesse que acabou de se iniciar para avaliar como serão implementadas as mudanças necessárias. Tenho fé na força dos indígenas que estão envolvidos nesse momento com o intuito de avançar com os direitos para todos os indígenas no país e espero que tenhamos sucesso“.
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