Por Kelly Baptista
Não à toa, a insegurança alimentar voltou a ser pauta nos noticiários do país. Apenas quatro em cada dez famílias brasileiras têm acesso pleno à alimentação e 33,1 milhão de brasileiros passam fome, de acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, publicado em junho de 2022.
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“Insegurança alimentar” é um termo utilizado quando uma pessoa não tem acesso regular e permanente de alimentos em quantidade e qualidade suficientes para sua sobrevivência.
Os dados do último Inquérito, elaborado pela rede Penssan, com apoio da Oxfam Brasil e outras organizações, mostram que a situação piorou muito em comparação à publicação anterior, de 2021. Causas como aprofundamento da crise econômica, segundo ano da pandemia de covid-19 e a continuidade do desmonte de políticas públicas, que promoviam a redução das desigualdades sociais da população, são apontadas como razões cruciais para o aumento da fome.
Ainda que a insegurança alimentar tenha avançado em todo o país, as desigualdades regionais seguem acentuadas, com as regiões Norte e Nordeste como as mais afetadas pela fome. No Brasil, temos 15,5% dos domicílios com pessoas passando fome, no Norte esse índice sobe para 25,7%, e, no Nordeste, 21%.
Dentro deste recorte regional, observamos também o de gênero, raça e grau de escolaridade: seis em cada dez domicílios cujos responsáveis se identificam como pretos ou pardos vivem algum grau de insegurança alimentar. Já nos domicílios em que os responsáveis se autodeclararam brancos, mais de 50% têm segurança alimentar garantida.
Em 1960, no livro autobiográfico “Quarto de Despejo: Diário de uma favelada”, Carolina Maria de Jesus já denunciava que a fome estava presente no Brasil e como o acesso à alimentação, um direito básico de todo cidadão, era negado à ela e seus três filhos. Neste cenário, a escritora ressaltou que “o maior espetáculo do pobre da atualidade é comer”. Pois bem, estamos em 2022 e a história se repete.
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