Difícil não desligar a TV ontem a noite (2 de março), após a exibição da 86ª edição do Oscar, principal evento da indústria cinematográfica, sem ter a mente invadida com aquele pensamento inquietante de como a relação dos afro-americanos com a mídia e o show business é bem sucedida e aqui não temos representatividade nem nas novelas. E não estou me referindo apenas aos prêmios conquistados pelo filme “12 anos de escravidão”, que levou a estatueta de melhor roteiro adaptado, melhor atriz coadjuvante (Lupita Nyong’o) e melhor filme.
Por Silvia Nascimento
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Já no começo no começo do evento, a apresentadora do evento Ellen DeGeneres, fez um comentário que deixou a entender que somente o racismo impediria “12 anos de escravidão de levar o Oscar de melhor filme. E logo em seguida, ela fez uma fala racialmente provocadora: “E agora por favor deem boas-vindas a nossa primeira apresentadora branca Anne Hathaway !”
Também pela primeira vez a “academia” tem um presidente negro. Apesar de não ter controle sobre os filmes que iriam concorrer ao prêmio. Cheryl Boone Isaacs, a mulher negra no comando do evento visto ontem a noite, certamente teve alguma influência. Inclusive quem anunciou o prêmio de melhor filme, foi o ator afro-americano Will Smith.
A revista americana Ebony selecionou alguma dos melhores “momentos negros do Oscar” e entre eles estão:
A belíssima e grávida Kerry Washington chamando ao palco Pharrell Williams que fez uma das mais empolgantes apresentações na noite.
A humildade de John Ridley em seu discurso. Ele foi o segundo negro a levar o Oscar de melhor roteiro adaptado. “Eu posso ter sido apenas o segundo, mas eu sei que á muitas pessoas lá fora dos mais diferentes tipos, crenças e orientações que também têm histórias para contar”.
A vitória e o belo discurso de Lupita Nyong’o ao receber a estatueta de melhor atriz coadjuvante pelo filme “12 anos de escravidão”.
Parte da comunidade negra afro-americana é contra a badalação da presença negra em eventos como este, que seriam superestimados e sem relevância. Eu discordo, para mim, a ausência de negros ou o não reconhecimento do seu trabalho seriam algo preocupante. Celebremos o reconhecimento da nossa beleza e talento.
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