Texto: Priscilla Arantes
A recente polêmica em torno do lançamento da nova linha de maquiagem da Mascavo revela um retrato alarmante de negligência em relação à diversidade e inclusão no setor empresarial brasileiro. O episódio é mais do que um erro de marketing; é um sintoma de uma visão de mundo obsoleta que ainda permeia muitas corporações, demonstrando uma falha crítica em entender e valorizar a diversidade de seus consumidores.
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A falta de opções para peles negras não é apenas um lapso operacional; é uma ofensa, um claro indicativo de que a Mascavo, como tantas outras empresas, não está ouvindo ou respeitando todos os segmentos do mercado. Este erro não só aliena uma parcela significativa do público consumidor, mas também subestima a inteligência e o poder de voz desse mesmo público, que hoje exige mais do que simples retratações ou correções apressadas.
Gestão de Impacto e Responsabilidade Social
A gestão de riscos e impactos da Mascavo falhou terrivelmente ao ignorar as demandas por inclusão tão vocalmente defendidas pelos consumidores contemporâneos. Este não é um mero deslize; é uma falha estratégica que questiona a competência e a visão ética dos líderes da empresa. Será que tem alguma liderança negra na empresa? A promessa de adicionar novos tons após o lançamento é uma resposta tardia que cheira a oportunismo e falta de planejamento autêntico.
O caso Mascavo destaca uma verdade desconfortável sobre o mercado de cosméticos e além: muitas empresas ainda tratam a diversidade como uma questão secundária, uma “caixa” a ser marcada, em vez de um princípio fundamental desde o início do desenvolvimento do produto. Esse tipo de pensamento não só é moralmente questionável, mas também um suicídio de marca na era digital, onde os consumidores estão mais conectados e empoderados do que nunca.
A inclusão de práticas ESG (Ambiental, Social e Governança) nas operações empresariais não é mais uma opção, mas uma necessidade urgente. As empresas devem adotar essas práticas não como uma formalidade, mas como um imperativo estratégico. No caso da Mascavo, a falta de um enfoque socialmente responsável não apenas prejudicou sua imagem, mas também demonstrou um descompasso grave com as expectativas modernas de governança corporativa.
As práticas ESG, quando genuinamente implementadas, são uma forma de as empresas demonstrarem seu compromisso não só com o lucro, mas com o progresso social. A falha da Mascavo em antecipar a necessidade de uma gama de produtos inclusivos mostra um descaso preocupante com esses princípios, que deve servir de alerta para outras empresas no mercado.
O episódio deve ser um chamado à ação para todas as empresas. Não é suficiente corrigir erros à medida que são apontados pelos consumidores; é essencial integrar a diversidade e a inclusão em todas as etapas do processo de negócio. Empresas que falham em fazer isso não só enfrentarão a ira de um mercado cada vez mais consciente, mas também se encontrarão em desvantagem competitiva à medida que novos players mais adaptados e responsivos surgem.
Portanto, o desafio lançado pela Mascavo vai além de uma simples gafe de marketing. Este caso é um indicativo de uma falha sistêmica que requer uma reformulação profunda de como as empresas entendem e implementam a diversidade e a inclusão. A agenda ESG não é apenas um conjunto de diretrizes éticas; é um componente crítico de sobrevivência empresarial no século XXI. As empresas que ignorarem esse fato farão isso por sua própria conta e risco, e a um custo que vai muito além do financeiro. A Mascavo nos deu uma lição valiosa; cabe agora ao mercado aprender com ela e agir de forma decisiva e proativa.
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