Pai aciona a polícia após filha desenhar orixá em atividade escolar

0
Pai aciona a polícia após filha desenhar orixá em atividade escolar
Foto: reprodução

Moradores dos bairros Caxingui e Instituto de Previdência, na zona oeste de São Paulo, se mobilizam após a entrada de quatro policiais militares armados na EMEI Antônio Bento. A ação ocorreu depois que um pai acionou a PM ao ver que sua filha havia desenhado uma orixá durante uma atividade pedagógica sobre culturas afro-brasileiras. O caso provocou reação imediata da comunidade e abriu debate sobre abuso policial, intolerância religiosa e o cumprimento do currículo antirracista nas escolas municipais.

Segundo testemunhas, os policiais chegaram à unidade na quarta-feira (12/11) e abordaram a equipe escolar de maneira hostil. Um dos agentes portava uma metralhadora enquanto questionava professores e funcionários, afirmando que a atividade configuraria “aula de religião africana”. O pai que chamou a polícia teria rasgado o mural onde o desenho estava exposto, mas não foi tratado como autor de uma agressão, e sim como denunciante. Os policiais permaneceram cerca de uma hora dentro da escola.

Notícias Relacionadas


A atividade que originou o conflito fazia parte da leitura do livro infantil “Ciranda em Aruanda”, de Liu Olivina, integrante do acervo oficial da rede municipal. O material apresenta ilustrações e textos sobre orixás e recebeu selo de recomendação da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Após a leitura, as crianças produziram desenhos sobre a história, entre eles o da menina, que representou Iansã, orixá ligada aos ventos e às tempestades. A proposta é plenamente alinhada ao currículo que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas.

Diante da ação policial, moradores organizaram um abaixo-assinado pedindo que a Corregedoria da PM investigue a atuação dos agentes por possível abuso de autoridade e violação dos direitos das crianças. O documento reúne reivindicações por responsabilização do pai, formação sobre diversidade cultural e combate ao racismo religioso, além da defesa pública do trabalho da escola, considerada referência na região. O abaixo-assinado ultrapassou 800 assinaturas em poucas horas.

A Secretaria de Segurança Pública afirmou que os policiais orientaram pai e direção a registrar boletim de ocorrência caso entendessem necessário e que o uso da metralhadora faz parte do equipamento padrão. Já a Secretaria Municipal de Educação esclareceu que a atividade integra o currículo previsto em lei e que o pai recebeu todas as explicações sobre o caráter pedagógico do trabalho. A Corregedoria da PM ainda não informou se abriu investigação sobre a conduta dos agentes.

Notícias Recentes

Participe de nosso grupo no Telegram

Receba notícias quentinhas do site pelo nosso Telegram, clique no
botão abaixo para acessar as novidades.

Comments

No posts to display