
Por Dr. Lucas Diniz, Otorrinolaringologista
Você vive espirrando, com o nariz entupido e os olhos coçando? Isso pode ser rinite alérgica — uma condição comum, mas muitas vezes negligenciada, especialmente entre pessoas negras.
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O que é rinite alérgica?
Trata-se de uma reação exacerbada do sistema imunológico a substâncias como ácaros, poeira, mofo, pelos de animais e pólen, os chamados alérgenos.
O sintoma mais comum é o nariz entupido ou escorrendo. Outros sinais frequentes incluem espirros, coceira no nariz e nos olhos, sono ruim e cansaço. Há também uma forte correlação com a asma. Se você conhece alguém com asma, essa pessoa pode ter rinite alérgica e ainda não ter sido diagnosticada.
Frio e rinite: qual a relação?
No inverno, o ar frio e seco irrita a mucosa nasal e facilita a entrada de alérgenos. Além disso, passamos mais tempo em ambientes fechados, com maior acúmulo de poeira, mofo e ácaros. O ressecamento das vias respiratórias reduz a proteção natural do nariz, agravando os sintomas. Por isso, quem tem rinite costuma sofrer mais nessa época do ano.
Por que isso importa para a população negra?
Muitas pessoas negras vivem em contextos de maior exposição a alérgenos e com menos acesso a cuidados médicos especializados. Como consequência, a rinite é subestimada — mesmo quando compromete o bem-estar e a produtividade. Cuidar da saúde respiratória é também um ato de resistência e autocuidado.
O que dizem os estudos mais recentes?
O último Consenso Internacional sobre Alergia e Rinologia: Rinite Alérgica reuniu especialistas de todo o mundo para atualizar as diretrizes baseadas em evidências. O documento reforça que a rinite alérgica é uma doença crônica, com impacto direto na qualidade de vida, no sono, no desempenho diário e até na saúde mental. Também apresenta um caminho claro para diagnóstico e tratamento, com base na ciência mais atual.
Sim, rinite tem tratamento!
As recomendações incluem o uso de antialérgicos modernos, sprays nasais com corticoide e imunoterapia (vacinas de alergia). Mas o mais importante continua sendo o básico: evitar os gatilhos da rinite — ou seja, a exposição aos alérgenos.
Sabendo que nem sempre é possível eliminar todos os fatores de risco, compartilho 7 dicas práticas para reduzir crises durante o frio:
- Mantenha os ambientes ventilados, mesmo no inverno. Abra as janelas por alguns minutos todos os dias.
- Evite carpetes, cortinas pesadas e bichos de pelúcia, que acumulam poeira.
- Use umidificadores ou coloque bacias com água nos quartos para combater o ar seco.
- Lave o nariz com soro fisiológico para manter a mucosa hidratada.
- Evite mudanças bruscas de temperatura. Proteja nariz e boca com um cachecol ao sair no frio.
- Lave cobertores e roupas de inverno antes de usar, pois podem acumular ácaros.
- Evite cheiros fortes, como perfumes e produtos de limpeza agressivos.
Respirar bem é um direito nosso. Rinite não é frescura — é uma condição médica séria, com tratamento eficaz. Procurar um especialista é um passo fundamental para viver com mais saúde, conforto e dignidade.
Dr. Lucas Diniz Costa – Coordenador do Centro de Referência da Saúde da População Negra (CR-SPN). Fellowship Cirurgia Plástica Facial na Universidade de São Paulo (USP); Humanitarian Committee of American Academy of Otolaryngology and Head-Neck Surgery (AAO-HNS); Titular da Academia Brasileira de Otorrinolaringologia (ABORL); Tenente Oficial Médico da Reserva pelo Exército Brasileiro (R/2); e Médico formado pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
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