Educação pós-pandemia no Brasil: A realidade dos estudantes negros e o panorama da aprendizagem

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Educação pós-pandemia no Brasil: A realidade dos estudantes negros e o panorama da aprendizagem
Foto: Getty Images

A desigualdade racial na educação brasileira é um problema persistente e alarmante, conforme destacado no estudo “Aprendizagem na Educação Básica no Brasil Pós-Pandemia”, feito pela ONG Todos pela Educação. Apesar de esforços para universalizar o ensino, os estudantes negros enfrentam desafios estruturais que comprometem seu aprendizado e desenvolvimento, refletindo um cenário de exclusão social e educacional.

Os dados mostraram que os alunos negros apresentam níveis de aprendizagem significativamente mais baixos em comparação aos brancos e amarelos, revelando desigualdades sistêmicas. Essas diferenças de desempenho se aprofundaram na última década, afetando especialmente disciplinas como Matemática e Língua Portuguesa. As disparidades são particularmente evidentes em etapas críticas da educação, como o 9º ano do Ensino Fundamental e o Ensino Médio.

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Além da condição socioeconômica, preconceitos estruturais e exclusão racial agravam a situação dos estudantes negros. O ambiente educacional muitas vezes não considera as necessidades específicas desses alunos, perpetuando aspectos históricos de opressão e desigualdade. Essas barreiras vão além do desempenho acadêmico, afetando também o bem-estar psicológico e emocional, devido à discriminação e falta de representatividade.

Outro aspecto preocupante é o fato de que, mesmo entre estudantes de níveis socioeconômicos equivalentes, os alunos negros têm desempenho inferior em comparação a outros grupos raciais. Essas interseccionalidades indicam que a pobreza e o racismo atuam de forma cumulativa, ampliando os desafios enfrentados por esses jovens no sistema educacional brasileiro.

A pandemia de Covid-19 agravou ainda mais esse quadro. Enquanto os estudantes de todas as raças enfrentaram retrocessos educacionais, os negros encontraram uma barreira adicional para recuperar sua aprendizagem. A recuperação desigual reforça as lacunas existentes e demonstra que as consequências da pandemia não foram sentidas da mesma forma por todos.

No Ensino Médio, etapa essencial para o desenvolvimento acadêmico e entrada no mercado de trabalho, as barreiras para os estudantes negros são ainda mais pesadas. Em disciplinas como Matemática, onde os avanços gerais já eram insuficientes, a situação para os estudantes negros foi praticamente de estagnação. Esses dados reforçam a necessidade de intervenções específicas e direcionadas.

A baixa eficácia das políticas públicas é outro ponto merecedor de atenção. Embora programas tenham sido implementados para reduzir a desigualdade educacional, os resultados revelam que as ações não têm sido suficientes para resolver as disparidades raciais. Isso aponta para a urgência de uma reflexão sobre a formulação e execução dessas iniciativas.

Para superar essas desigualdades, o estudo aponta que são necessárias ações interseccionais que combinem raça e classe social. Isso implicaria em políticas públicas articuladas, investimentos em formação docente para lidar com preconceitos e iniciativas que promovam a inclusão e a representatividade no ambiente escolar.

Acrescento, que ao refletir sobre estes dados, é importante aceitar que o combate à desigualdade racial no sistema educacional é uma responsabilidade coletiva. Apenas com um compromisso firme e contínuo será possível construir uma sociedade onde todos os estudantes, independentemente de raça ou cor, recebam uma educação de qualidade e oportunidades iguais para alcançar seu máximo potencial.

Fonte: Aprendizagem na Educação Básica: situação brasileira no pós-pandemia

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