
Após o Leo Lins ser condenado a 8 anos e 3 meses de prisão em regime fechado por discurso de ódio e discriminação durante um show, em 2022, o humorista Helio de La Peña, saiu em defesa do colega de profissão, durante sua entrevista ao Estudio i, na GloboNews, nesta quarta-feira (4).
“Uma discussão que vem acontecendo bastante é o limite do humor, e eu até brinco no meu show falando que o limite do humor é quanto o humorista tem de grana para pagar um bom advogado”, diz Peña, um dos criadores do programa “Casseta & Planeta, Urgente!” (1992 – 2010), e integrante do coletivo de comediantes “Risadas Pretas Importam”.
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“Eu acho que talvez o stand-up seja uma arte muito nova no Brasil e as pessoas acabam não compreendendo que aquele sujeito que tá ali, por mais que ele esteja de cara limpa, ele tá fazendo um personagem, um personagem onde ele vai falar, muitas vezes faz piadas ácidas, às vezes piadas de humor negro, enfim, piadas que alguns grupos se sintam ofendidos, mas a intenção do cara é fazer rir. E no caso ali, você vê que tem uma plateia enorme que ele atinge esse objetivo, ele consegue fazer rir”, argumenta.
“As pessoas que se sentem ofendidas, elas têm todo o direito de se manifestar contra, e no caso, até de processar. O que eu acho que não faz sentido é o Estado servir de babá para adultos para dizer, ‘olha, isso você pode ouvir, isso você não pode’. É aí que eu acho que a coisa não acontece”, explica o humorista.
La Penã também afirma a Justiça é muita rápida para condenar um humorista, mas recordou o caso de uma mulher branca, nutricionista e ex-jogadora de vôlei, que chicoteou um motoboy negro na rua, indiciada pela Polícia Civil pelos crimes de lesão corporal, injúria e perseguição, mas segue em liberdade.
“Como é fácil, rápido e imediato você condenar um humorista que está fazendo um trabalho num palco e como é mais complicado você condenar uma pessoa que de fato praticou uma atitude de fato racista e, como no caso, que eu costumo mostrar da Sandra Mathias [Correia de Sá], que foi aquela mulher que chicoteou um motoboy negro na porta do seu prédio de São Conrado (RJ), e que não teve toda essa gritaria como está tendo em relação a uma piada, a um espetáculo de humor”, diz.
“Eu não tô querendo dizer aqui se eu gosto ou se eu não gosto da piada. O que eu acho é que não devem existir apenas as piadas que eu gosto, as piadas que me agradem. Eu acho que tem público para tudo, tem gente de todo jeito, e se você absorve uma determinada mensagem e você pratica um certo ato a partir daquilo, você tem que ser julgado e condenado por aquilo. Agora você tem que praticar alguma coisa. Quando você está fazendo apenas um espetáculo, você tá lá em cima de um palco, você não está fazendo absolutamente nada”, completa.
“Como dizia Millôr Fernandes, ‘um humorista nunca atira para matar’. Esse é o meu ponto de vista”, finalizou ao citar um desenhista que ficou famoso por suas colunas de humor gráfico em publicações como Veja, O Pasquim e Jornal do Brasil.
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