Estudo revela que mulheres são mais generosas que homens em situações de doação

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Estudo revela que mulheres são mais generosas que homens em situações de doação
Foto: Freepik

Um estudo publicado este mês na revista científica Plos One trouxe novos insights sobre as diferenças de generosidade entre homens e mulheres. A pesquisa, conduzida por Marina Pavan, da Universidade James I, na Espanha, utilizou o chamado “jogo do ditador” para medir a disposição de indivíduos em doar dinheiro a desconhecidos. Os resultados indicaram que as mulheres tendem a ser mais generosas do que os homens, doando cerca de 10% a mais do valor disponível, fator que pode ser explicado ao analisar as construções sociais que são impostas a cada gênero.

O estudo contou com a participação de 1.100 voluntários, que foram colocados em pares para simular a dinâmica do jogo. Um dos participantes, denominado “remetente”, recebia 10 euros (aproximadamente R$ 60) e tinha a opção de doar parte desse valor ao outro participante, o “destinatário”. Enquanto a teoria econômica tradicional sugere que o “ditador” não doaria nada, a prática mostrou o contrário: tanto homens quanto mulheres compartilharam parte do dinheiro, mas as mulheres se destacaram por sua maior generosidade.

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Em média, os homens doaram 25% do valor recebido, enquanto as mulheres abriram mão de 35%. Além disso, a decisão mais comum entre os homens foi não compartilhar nada, enquanto as mulheres optaram, em sua maioria, por uma divisão igualitária. “Sabíamos que os estudos anteriores analisando diferenças de gênero em doações encontraram alguma ou nenhuma diferença em generosidade entre homens e mulheres, mas eles foram baseados em um número menor de observações, ou não tinham o grau de controle que tínhamos. Então, preenchemos a lacuna na literatura”, explicou Pavan em matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo.

A pesquisa também considerou outros fatores que podem influenciar a decisão de doar, como traços de personalidade e emoções positivas. Segundo os autores, características como amabilidade e abertura a mudanças aumentam a disposição para doar, especialmente entre as mulheres. No entanto, aspectos como valores sociais, educação e normas culturais, que também podem impactar a generosidade, não foram totalmente explorados no estudo. “Essas dimensões são complexas e merecem investigação futura”, complementou Pavan.

À Folha de S. Paulo, Simone Jorge, professora da PUC-SP e especialista em ciências sociais, destacou que a diferença de gênero observada no estudo pode estar relacionada a construções sociais. “Os homens são frequentemente incentivados a serem competitivos e focados em si mesmos, enquanto as mulheres são associadas ao cuidado e ao afeto. Isso pode explicar, em parte, por que elas tendem a ser mais generosas”, afirmou Jorge. Ela ressaltou, no entanto, que essa visão pode reforçar estereótipos e desigualdades de gênero.

Para o futuro, Pavan planeja expandir a pesquisa, analisando dados de doações reais em ONGs e instituições de caridade. O objetivo é verificar se a tendência observada em laboratório se repete em contextos do mundo real. “Queremos entender melhor as motivações por trás da generosidade e como fatores externos influenciam essas decisões”, concluiu a pesquisadora.

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