Uma pesquisa realizada pelo Datafolha entre os dias 5 e 7 de novembro de 2024, com 2.004 pessoas em 113 municípios brasileiros, revelou que a maioria dos brasileiros que se autodeclaram pardos não se identifica como negros. O estudo apontou que, enquanto 40% dos pardos se consideram negros, 60% afirmam que não se veem dessa forma. O levantamento teve margem de erro de 2 pontos percentuais para o total da amostra e de até 5 pontos para o público negro.
De acordo com a pesquisa, entre os brasileiros que se identificam como pretos, 96% se consideram negros, enquanto apenas 4% não se enxergam dessa maneira. No entanto, essa diferenciação de identidade é mais complexa entre os pardos, cuja percepção de pertencimento racial é moldada por fatores sociais e culturais variados. De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no Brasil, o grupo negro é constituído por pessoas autodeclaras pretas ou pardas.
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“Mas tem muito autodeclarado pardo que não é negro mesmo não. Vamos lembrar que o Caetano veloso se declara pardo. Isso não significa que exista uma parcela de pessoas desracializadas. Muitos destes são lidos socialmente como brancos, mesmo que não se vejam assim”, escreveu o mestre em antropologia social, Mauro Baracho, em seus stories ao comentar a notícia publicada originalmente pelo jornal Folha de S. Paulo.
De acordo com informações publicadas pelo jornal Folha de S. Paulo, a pesquisa também reitera que 65% da população brasileira acredita que a categoria “negro” deve incluir tanto pretos quanto pardos, com esse percentual crescendo para 77% entre os próprios negros. No entanto, 67% dos pardos consideram que a soma de pretos e pardos representa a totalidade da população negra.
Socialmente, pessoas autodeclaradas negras pertencem ao grupo racial que descende de pessoas africanas e que foram sequestradas em África e trazidas para o Brasil no processo de escravização. Desde então, pessoas negras vem sofrendo com o racismo mesmo após a abolição, em que não receberam qualquer tipo de reparação pelo trabalho forçado e sem remuneração. As ações afirmativas hoje buscam reparar as consequências sofridas pelos descendentes de africanos que até hoje continuam a lidar com as consequências do racismo e da violência que a escravização gerou. Tudo isso torna fundamental que pessoas que não pertençam ao grupo negro, pretos e pardos, conforme orienta o IBGE, evitem usar esse reconhecimento que parece equívoco para se beneficiar de direitos que não são direcionados a eles.
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