Ontem, ao entardecer, a revolta tomou conta das redes sociais. O jogador brasileiro Vini Jr., que atua no Real Madrid, estava cotadíssimo para conquistar o cobiçado prêmio Bola de Ouro, mas acabou em segundo lugar, para a indignação de uma massa de apaixonados por futebol. E não apenas isso, até mesmo quem não acompanha de perto o esporte admira Vini Jr. pela sua coragem em enfrentar os racistas nos gramados europeus. Nem a habilidade do jogador era abalada pelos xingamentos surgidos nas arquibancadas; muito pelo contrário, o atleta superava todos os limites.
A injustiça nessa premiação tem a ver com aquilo que ele vem combatendo. Isso é um ponto inquestionável. Os racistas não suportam o confronto e a rebeldia de um jovem negro. Eles querem vociferar o ódio sem serem incomodados. Existem até brancos que têm horror ao racismo, porém, não fazem nada contra e preferem que as vítimas ignorem. Essa omissão não os exime da responsabilidade na manutenção desse sistema que violenta nossa dignidade.
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Em 1968, os velocistas Tommie Smith e John Carlos protagonizaram um memorável protesto contra a discriminação racial, nos Jogos da Cidade do México. No pódio, ergueram os punhos cerrados com luvas pretas; o símbolo Black Power nunca mais seria esquecido no mundo. Peter Norman, o único branco, se juntou a eles utilizando um distintivo em prol da luta pela igualdade.
Colin Kaepernick, jogador de futebol americano, em 2016, se ajoelhou durante a execução do hino nacional: “Não vou me levantar para mostrar orgulho a uma bandeira de um país que oprime negros e negras. Para mim, isso é maior do que o futebol e seria egoísta eu ignorar isso. Há corpos na rua e pessoas recebendo licenças pagas e se safando de assassinatos”, declarou à NFL (National Football League).
Tommie Smith, John Carlos e Colin Kaepernick pagaram um preço alto por tudo isso: banimento do esporte, difamação, quebra de contratos etc.
Na realidade, seria muita ingenuidade acreditar que os brancos não armariam alguma coisa para Vini Jr.. O racista sempre dá o bote na hora certa. Só espero viver o suficiente para ver nosso atleta virar mais esse jogo sujo, porque coragem, habilidade e inteligência ele tem de sobra.
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