Sessenta e quatro anos após serem presos em um protesto histórico na Carolina do Sul, Simon Bouie e outros seis jovens negros do Benedict College tiveram seus registros de prisão oficialmente apagados em uma cerimônia realizada na última sexta-feira, 27, em Columbia. De acordo com a Associated Press, presidido pelo juiz Robert Hood, contou com a presença de Bouie e Charles Barr, únicos sobreviventes do grupo, além de familiares e apoiadores dos direitos civis.
O episódio remonta a 1960, quando Bouie, então estudante universitário, desafiou as leis de segregação racial ao sentar-se em um balcão de lanchonete exclusivo para brancos, contrariando as ameaças do governador contra os “agitadores cabeça quente” que insistiam na igualdade racial. Ao recordar o evento, Bouie afirmou que ele e seus amigos estavam determinados: “Tínhamos um desejo de lutar pelo que era certo e ninguém conseguia nos fazer mudar de ideia.”
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O ato simbólico de “sit-in”, que teve origem em Greensboro, Carolina do Norte, inspirou jovens ativistas negros a desafiarem as leis segregacionistas pelo sul dos EUA, promovendo uma série de protestos pacíficos que tornaram a segregação uma questão central nos direitos civis. Columbia não foi exceção. Na época, as detenções eram seguidas de recusa em pagar fiança, levando ao abarrotamento das prisões e pressão crescente para mudanças nas leis.
Com cerca de 150 pessoas no tribunal, o advogado Byron Gipson entregou a documentação ao juiz Hood, que assinou a ordem de anulação sob aplausos. “Esses homens se posicionaram bravamente — sentaram-se bravamente, francamente — diante da adversidade, diante das ameaças, diante da morte”, declarou Gipson. Já o juiz Hood ressaltou a importância do gesto dos manifestantes, classificando-os como “heróis contra a opressão”.
A trajetória dos sete homens passou pela Suprema Corte dos EUA, que anulou suas condenações dias antes da promulgação do Civil Rights Act de 1964. No entanto, as prisões permaneceram em seus registros até o evento de sexta-feira. O professor Bobby Donaldson, da Universidade da Carolina do Sul, falou em nome dos cinco manifestantes já falecidos, enfatizando o compromisso dos jovens com a igualdade constitucional, acima da liberdade pessoal. “Em 1960, foram vitimizados. Hoje, são inocentados”, afirmou.
A cerimônia de sexta-feira marca um novo capítulo para aqueles que, desafiando leis racistas, pavimentaram o caminho para a geração seguinte, simbolizando uma vitória tardia, mas celebrada, na luta por igualdade e justiça nos Estados Unidos.
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