Estamos vivendo o período de convenções partidárias para definição de candidatos a prefeito e a vereadores nas cidades do país. É um período de muito sofrimento, dureza, frustração, pobreza de recursos para a maioria esmagadora dos pretendentes negros e negras que integram a legenda partidária.
Ao acompanhar a candidatura de Kamala Harris à presidência da maior economia do mundo, os EUA, ficamos emocionados e orgulhosos de ver a participação política das mulheres negras americanas. Como é bom sonhar e imaginar mudanças.
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A dura realidade de ser candidato ou candidata a vereança em São Paulo faz com que muitas mulheres desistam e aquelas que ousam merecem o nosso mais profundo respeito. São vencedoras, pois estão escrevendo uma nova história de participação política no Brasil. Superam o machismo, a descrença e a falta de recursos.
Kamala Harris arrecadou, em uma semana, US$ 200 milhões (R$ 1,1 bilhão) em doações para financiar sua candidatura nas eleições americanas. As organizações de mulheres negras foram fundamentais neste processo.
No Brasil, R$ 5 bilhões de dinheiro público serão destinados aos partidos políticos para financiar as eleições municipais de outubro, distribuídos aos candidatos com base em critérios variados e, em alguns casos, quase sem critério nenhum. O Fundo Eleitoral foi criado por lei aprovada pelo Congresso em 2017, após o STF (Supremo Tribunal Federal) proibir, dois anos antes, o financiamento empresarial de candidatos e partidos.
Além dos R$ 5 bilhões, os partidos têm ainda direito à verba anual do Fundo Partidário, neste ano projetada em R$ 1,2 bilhão. A lei e decisões da Justiça Eleitoral determinam que partidos precisam repassar recursos de forma proporcional ao número de mulheres e negros que lançar. Essas regras, porém, são largamente descumpridas pelos partidos e tornam-se objeto de projetos de anistia no Congresso.
Kamala Harris foi criticada por seu oponente por se apresentar sempre sorrindo. Ela deu uma nova face para a campanha, com mais leveza e alegria. Ela está mobilizando a comunidade negra e as mulheres no partido democrata. Tem servido de inspiração para todas as mulheres no mundo.
Os candidatos e candidatas negras em São Paulo, depois de conseguirem a legenda, terão que disputar, de forma angustiante, os recursos públicos do fundo partidário, que são definidos aleatoriamente por uma cúpula de brancos.
O que move esses candidatos negros e negras a seguir sendo candidatos diante de tantas dificuldades? O sonho de repetir a façanha de serem vereadores na cidade de São Paulo como: Eduardo de Oliveira, Benedito Cintra, Vital Nolasco, Milton Santos, Paulo Rui de Oliveira, Esmeraldo Tarquínio, Adalberto Camargo e Teodosina Ribeiro. Um sonho que foi possível graças à tenacidade, coragem, integridade de ser negro em São Paulo.
Nós temos histórias de pessoas que venceram o racismo e acreditaram que era possível, assim como Kamala Harris.
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