Julho das Pretas: pelo fortalecimento das mulheres negras nos negócios

Por Juliane Sousa e Lygia Anthero

É urgente assegurarmos a presença permanente e fortalecermos a participação ativa das mulheres negras em posições de tomada de decisão nas organizações. Trata-se de uma medida decisiva para o sucesso de qualquer empresa. Ignorar essa realidade implica a perda de uma oportunidade ímpar de o negócio se beneficiar de uma força de trabalho diversificada e inovadora. 

Infelizmente, contudo, ainda é minoria a quantidade de empresas que conseguem aproveitar os talentos únicos, as perspectivas valiosas e as habilidades excepcionais dessas mulheres. Um estudo sobre diversidade nas empresas, realizado pela consultoria Gestão Kairós em 2022, revelou que, das 900 lideranças entrevistadas (de nível gerencial para cima), somente 3% são mulheres negras. Segundo o Fórum Econômico Mundial, levaremos uns 135 anos para alcançar a igualdade de gênero. 

A diversidade no mundo corporativo e as estratégias de inclusão são razões que se somam a uma questão de estratégia nos negócios. Esse número alarmante sobre a subutilização de talentos no fundo mede o quanto as empresas poderiam ampliar seu potencial de inovação e competitividade no mercado. Afinal, times diversos tendem a ser mais criativos e a resolver problemas de maneira mais eficaz. Além disso, a presença de mulheres negras atrai uma base de clientes mais ampla e leal.

Para as empresas que desejam prosperar no cenário atual, é crucial implementar práticas de inclusão que vão além das metas de diversidade. Isso inclui criar ambientes seguros e saudáveis, oferecer oportunidades de desenvolvimento profissional e garantir que mulheres negras tenham acesso a posições de liderança. Tais esforços devem ser proativos e contínuos. 

Programas de mentoria, parcerias com organizações dedicadas à promoção da equidade racial, e a adoção de políticas de recrutamento inclusivas são apenas algumas das ações que podem ser implementadas para atrair e reter mulheres negras, baseado em um entendimento profundo das interseccionalidades de raça e gênero. Ignorar essas ações como uma vantagem competitiva é um erro que as empresas não podem mais se dar ao luxo de cometer.

O Sistema B Brasil estará no 3º Fórum Pacto das Pretas 2024 – Um Pacto Para Todos – “Mulher Negra: saúde, políticas afirmativas e filantropia antirracista”, promovido pelo Pacto de Promoção da Equidade Racial, em 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela. 

O Coletivo Pretas B terá assento na mesa do painel “Coletivos Negros: identidade e estratégias de desenvolvimento de executivas no mercado corporativo”. 

Apesar da urgência da pauta exigir uma agenda permanente de debates, este mês nos serve de reforço para refletirmos acerca das desigualdades estruturais de gênero, classe e raça no país e traçar caminhos para mudar esta realidade. 

Com isso, levamos o problema às empresas que, ao reconhecerem, se tornam  alianças estratégicas na luta contra o racismo e o sexismo. 

Neste Julho das Pretas, que nosso coletivo celebra mais um ano de diálogos e ideias sobre soluções políticas afirmativas e soluções efetivas entre as mulheres negras do Movimento B no país, intensificamos a busca por sensibilizar as empresas para assumirem o compromisso com a Justiça Social e transformarem suas estruturas corporativas. 

Além de honrar toda a história de lutas e conquistas das mulheres negras, trazemos provocações sobre a presença, a participação, a representatividade e as oportunidades delas no mercado profissional. 

Mais do que refletirmos sobre a importância do Julho das Pretas, reforçamos o compromisso do Sistema B Brasil de uma postura antirracista e de promotora da equidade de gênero. 

Assim, também convidamos as empresas a refletirem sobre seus lugares nessa jornada e se tornarem signatárias do Pacto Pela Promoção da Equidade Racial, assumindo conosco um compromisso com a agenda da justiça social.  

Juliane Sousa é jornalista quilombola e gerente de Comunicação e Marketing do Sistema B Brasil e Lygia Anthero é coordenadora de Comunidades e Causas do Sistema B Brasil e co-liderança do Coletivo Pretas B

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