Assolado pela pobreza e falta de segurança há anos, o Haiti vive uma grave crise política, com uma nova onda de violência que começou no início deste mês. Segundo a OIM (Organização Internacional de Migrações), agência da ONU (Organização das Nações Unidas), a fuga de cerca de 4 mil presos resultou em mais de 17 mil pessoas que deixaram suas casas da capital Porto Príncipe para ir à outra região do país, entre os dias 8 e 14 de março. Só nesta terça-feira (19), foram encontrados 15 corpos em um subúrbio rico da capital haitiana.
Cerca de 200 gangues têm controlado áreas inteiras do Haiti, inclusive 80% de Porto Príncipe. Durante a ausência do primeiro-ministro Ariel Henry, que estava em viagem ao Quênia, foi instaurado o caos com ataques às infraestruturas, unidades da polícia e escritórios governamentais.
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Um dos objetivos das gangues armadas era derrubar o primeiro-ministro, que acabou renunciando no dia 11 de março. Ele havia assumido o cargo de forma interina pouco antes do assassinato do presidente haitiano Jovenel Moïse (1968-2021). Sob estado de emergência e à beira de uma guerra civil, o país agora aguarda a formação de um governo de transição.
No mesmo dia da renúncia do primeiro-ministro, foi realizada uma reunião de emergência com representantes do Haiti, dos Estados Unidos, da ONU, entre outros. A Comunidade do Caribe (Caricom) e os seus parceiros encarregaram os partidos políticos haitianos e o setor privado do país de criarem as autoridades de transição.
Em meio a crise, nesta quarta-feira (20), os Estados Unidos já declararam a intenção de implantar tropas no Haiti, o que tem sido motivo de divergências entre as autoridades. A Assembleia dos Povos do Caribe (APC) já se manifestou contra tropas estrangeiras ou qualquer ajuda multinacional da ONU no Haiti: “Os ricos e setores mais privilegiados da classe média não são alvos das gangues armadas”, disseram em defesa dos mais pobres.
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